segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fernando Henrique defende legalização da maconha no Fantástico; 57% dos telespectaores são afavor da regulamentação

Ex-presidente conduz o documentário 'Quebrando o tabu'. No filme, ex-presidentes reconhecem que falharam em suas políticas de combate às drogas.
Um ex-presidente da república roda o mundo, grava um documentário e levanta uma bandeira bem polêmica. Segundo ele, o consumo de maconha deveria ser regulamentado.

Sábado, 21 de maio, Centro de São Paulo. A Marcha da Maconha, proibida pela Justiça, vai às ruas e é reprimida pela polícia.

“Não adianta querer tratar um debate de ideias com porrada. A gente não vai aceitar, a gente vai continuar”, argumenta o jornalista Júlio Delmanto.

As vozes pela descriminalização, ou até pela liberação da maconha, estão ganhando apoio de peso. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira, já defendeu publicamente até a formação de cooperativas para o plantio de maconha.


domingo, 29 de maio de 2011

Marcha da Maconha em Natal é sucesso


Diferentemente do que ocorreu em outras capitais brasileiras, como São Paulo, por exemplo, a Marcha da Maconha de Natal saiu. E saiu escoltada pela Polícia Militar. Para viabilizá-la, os organizadores tiveram de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que entre várias ações, proibia o consumo e a venda de qualquer tipo de substância ilícita.

O advogado da marcha, Pedro Siqueira, comemorou a decisão e explicou que o objeto da TAC também era controlar possíveis abusos dos dois lados: manifestantes e Polícia. “Ao liberar a marcha, eles reconheceram
 um direito que é legítimo, que é o de contestar a legislação atual”, afirmou Pedro.

Um dos membros do Coletivo Marcha da Maconha Brasil, grupo que mantém o site www.marchadamaconha.org.br e apóia as manifestações realizadas em todo o País, porém, não aprovou as medidas, e chegou a postar um texto no fórum do site no último dia 21, classificando as normas impostas como ‘cerceadoras do movimento’.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Efeitos da Psilocibina na Cognição

Efeitos da Psilocibina na Cognição

Traduzido pelo Mundocogumelo, do arquivo da Associação Multidisciplinar para o Estudo de Psicodélicos (MAPS)

MAPS – Volume 7 N# 1, Inverno 1996-97 – pp. 10-11
Fonte: AVISOS PSICODÉLICOS

Efeitos da Psilocibina na Cognição:
Pesquisas recentes e suas implicações para o aumento da criatividade

Matthew J. Baggott
Pesquisador Associado, Centro de Pesquisa de Dependência de Drogas
Universidade da California, San Francisco
  • mbagg@itsa.ucsf.edu
  • http://itsa.ucsf.edu/~ddrc
Para uma lista atualizada de estudos sobre psilocibina, clique aqui (em inglês)
Para os estudos de Rick Doblin de acompanhamento a longo prazo da pesquisa com psilocibina originalmente conduzida ou supervisionada por Timothy Leary em Harvard de 1960 a 1963, veja o Good Friday experiment follow-up (em inglês), que investiga o uso da psilocibina como catalizador de experiências místicas, e o Concord Prison experiment follow-up (em inglês), que investiga o uso da psilocibina em promover mudança de comportamento e reduzir reincidências.

Discussão do artigo: Spitzer M, Thimm M, Hermle L, Holzmann P, Kovar KA, Heimann H, Gouzoulis-Mayfrank E, Kischka U, Schneider F (1996); Aumento da ativação de associações semânticas indiretas com o uso de psilocibina. Biol Psychiatry 39:1055-1057. Spitzer e seus colegas chegaram mais perto de compreender os efeitos dos psicodélicos. Como eles apontaram na conclusão do seu trabalho, obtiveram sucesso na utilização dos resultados de uma tarefa simples para teorizar ligações entre os relatos subjetivos dos usuários de psicodélicos, medições objetivas dos efeitos da psilocibina, e a fisiologia cerebral subjacente. No processo, eles levantaram uma série de ligações produtivas a futuras pesquisas.

A primeira onda de pesquisas sobre psicodélicos nos anos 60 viu muitas tentativas de entender os mecanismos e os efeitos dos psicodélicos. Olhando de volta para esses estudos do passado, chega-se a idéia que as substâncias psicodélicas talvez fossem complexas demais para as ferramentas científicas da época. No entanto, a onda atual de pesquisas sobre psicodélicos se mostra muito mais promissora. Desde os 60, ganhamos muitas ferramentas sofisticadas de pesquisa. Essas ferramentas incluem testes neuropsicológicos simples, tarefas repetitivas, jogos, que podem dar valiosos insights de como os psicodélicos afetam a mente. Manfred Spitzer, M.D., Ph.D., e seus colegas (1996) publicaram recentemente um fascinante relatório sobre os efeitos da psilocibina em um desses testes neuropsicológicos.
O grupo de Spitzer, de oito homens voluntários, foi oralmente administrado com 0.2 mg de psilocibina, por kg de peso corporal, junto a um grupo de controle que recebeu um placebo. Em seguida estudaram os efeitos da psilocibina em uma tarefa de reconhecimento de palavras. Nesse teste, o indivíduo identifica se uma sequência de caracteres é uma palavra, ou não. Estudos anteriores descobriram que indivíduos podem identificar uma palavra mais rápido se a sequência de caracteres que a precede for uma palavra proximamente relacionada. Por exemplo, uma pessoa pode reconhecer a palavra “preto” mais rapidamente se ela foi imediatamente precedida pela palavra “branco”. Este efeito é conhecido como “disparo semântico” (semantic priming). Em indivíduos normais, o disparo semântico ocorre somente com palavras de relação próxima. No entanto, palavras indiretamente relacionadas (“doce” e “limão,” por exemplo) produz esse disparo semântico em indivíduos esquizofrênicos de pensamento desordenado (Spitzer et al 1993a, 1993b).

Disparo semântico

Os pesquisadores descobriram que a psilocibina desacelerou o tempo de reação dos indivíduos, ao mesmo tempo que produzia um efeito de disparo semântico das palavras indiretamente relacionadas (“doce” e “limão”), semelhante ao observado na pesquisa de esquizofrenia. A descoberta de que a psilocibina desacelera o tempo de reação não era inesperada; uma pesquisa anterior com psicodélicos encontrou o mesmo efeito. No entanto, a descoberta que a psilocibina produzia disparo semântico indireto é mais interessante. Em suas discussões, os pesquisadores ressaltam que seus resultados são relevantes para a afirmação que psicodélicos ”aumentam a criatividade” ou ”expandem a consciência”:
Embora a maioria das medições objetivas tenham falhado em apoiar estas afirmações, nossos dados sugerem que o agente [alucinógeno] de fato leva a um aumento da disponibilidade de associações remotas e, portanto, pode trazer efeitos cognitivos à mente que, em circunstâncias normais, permaneceriam desativados; no entanto, a diminuição geral do desempenho psicológico sob efeito de agentes alucinógenos sugere que o aumento indireto do efeito de disparo se deve à diminuição da capacidade de usar informação contextual para a focalização do processamento semântico. Por isso, a experiência subjetiva de aumento da criatividade, assim como a ampliação da consciência, foram encontradas paralelamente com a diminuição nas medições objetivas de desempenho. (p. 1056-1057).
Assim, os pesquisadores sugerem que os psicodélicos podem de fato “ampliar a consciência” tornando mais disponíveis as associações mentais remotas. No entanto, isso envolve um trade-off. Embora as associações remotas se tornem mais acessíveis, os sujeitos ficam menos capazes de focalizerem a atenção, o que diminui seus tempos de reação.

Redes neurais semânticas

Os pesquisadores interpretam seus resultados utilizando um modelo que afirma que o cérebro contém redes neurais semânticas que podem ser ativadas pela informação semântica. A propagação dessa ativação pelas redes neurais determina a quantidade de disparo semântico que ocorre no teste de reconhecimento de palavras. Essa ativação se propaga de forma mais profunda e rápida em esquizofrênicos de pensamento desordenado e usuários de psilocibina do que em voluntários normais. Uma explicação para essa quantidade incomum de ativações é a dimuição da eficiência no córtex onde a informação semântica é processada (Servan-Schreiber et al 1990, Cohen and Servan-Schreiber 1992, 1993). Existem evidências de que essa ineficiência de processamento está relacionada com a diminuição da modulação dopaminérgica. Como suporte a essa teoria, os pesquisadores descobriram que a L-dopa, um precursor da dopamina, reduz a propagação da ativação e, dessa forma, reduz indiretamente o disparo semântico (Kischka et al 1995). No contexto dessa teoria, a psilocibina (que atua no sistema serotoninérgico) pode ser vista como um potencializador de ativação das redes semânticas. Essencialmente, a dopamina parece ter um efeito de focalização na ativação das redes semânticas, enquanto a psilocibina tem um efeito de desfocalização.

O teste de reconhecimento de palavras

O teste de reconhecimento de palavras usado pelo grupo de Spitzer é particularmente interessante por várias razões. Primeiro, ele permitiu aos pesquisadores testar o acesso automático, ao invés de voluntário, à memória. Mesmo quando os sujeitos não conseguiam recordar conscientemente as palavras previamente vistas (seja por causa de uma droga ou por desordens neurológicas), o teste de reconhecimento de palavras pode demonstrar se os sujeitos ainda podem acessar automaticamente essa memória. Além disso, o teste permite que os pesquisadores vejam como o foco das associações mentais do sujeito é modificado por diferentes estados farmacológicos ou psicológicos. Esse aspecto parece potencialmente promissor para a diferenciação entre diferentes tipos de memórias. Por exemplo, em algumas situações, palavras emocionais (“feliz” e “triste”) podem ser ativadas em maior medida do que palavras com pouco conteúdo emocional (“preto” e “branco”).
Spitzer e seus colegas chegaram mais perto de compreender os efeitos dos psicodélicos. Como eles apontaram na conclusão do seu trabalho, obtiveram sucesso na utilização dos resultados de uma tarefa simples para teorizar ligações entre os relatos subjetivos dos usuários de psicodélicos, medições objetivas dos efeitos da psilocibina, e a fisiologia cerebral subjacente. No processo, eles levantaram uma série de ligações produtivas para futuras pesquisas.
Referências
  1. Cohen JD, Servan-Schreiber D (1992); Context, cortex and dopamine: A connectionist approach to behavior and biology in schizophrenia. Psychol Rev 12:45-77.
  2. Cohen JD, Servan-Schreiber D (1993); A theory of dopamine function and its role in cognitive deficits in schizophrenia. Schizoph Bull 19:85-104.
  3. Kischka U, Kammer T, Weisbrod M, Maier S, Thimm M, Spitzer M (1995); Dopaminergic modulation of semantic network activation (in submission). Servan-Schreiber D, Printz H, Cohen JD (1990); A network model of catcholamine effects: Gain, signal-to-noise ratio, and behavior. Science 249:892-895.
  4. Spitzer M, Braun U, Maier S, Hermle L, Maher BA (1993a); Indirect semantic priming in schizophrenic patients. Schizoph Res 11:71-80.
  5. Spitzer M, Braun U, Hermle L, Maier S (1993b); Associative semantic network dysfunction in thought-disordered schizophrenic patients: Direct evidence from indirect semantic priming. Biol Psychiatry 34:864-877.
  6. Spitzer M, Thimm M, Hermle L, Holzmann P, Kovar KA, Heimann H, Gouzoulis-Mayfrank E, Kischka U, Schneider F (1996); Increased activation of indirect semantic associations under psilocybin. Biol Psychiatry 39:1055-10

É proibido proibir: Marcha pela Liberdade!

Por Kenarik Boujikian Felippe
Em maio, São Paulo viveu cenas dignas do período da ditadura civil-militar. Vários manifestantes e jornalistas foram espancados e consumiram gás lacrimogêneo ou de pimenta, porque estavam no ato pela liberdade de expressão, que inicialmente seria a “Marcha da Maconha”, permitida há três anos por juízes de São Paulo, mas vetada pelo Tribunal de Justiça.
Mas que fique claro que desnecessário pedir ao Judiciário para se manifestar, pois nenhum dos poderes de Estado têm a função de censurar o conteúdo das manifestações sociais, como estabelecido em nossa Constituição, que fixou diversas garantias e direitos, dentre eles a liberdade de reunião, instrumento para concretizar a liberdade de expressão, manifestação, incluindo o direito de protesto. A normativa internacional, regional e nacional segue a mesma direção e constou inclusive das observações do Relator Especial sobre a Liberdade de Ex pressão da CIDH, referindo-se às proibições a atinentes à “Marcha da Maconha” que “marchas de cidadãos pacíficas em áreas públicas são demonstrações protegidas pelo direito à liberdade de expressão”.
O Estado Democrático de Direito pressupõe o debate aberto e público. Não é possível criar uma sociedade livre, justa e solidária sem o patamar da liberdade de expressão e de reunião, sustentáculos da democracia. Impedir o exercício destes direitos significa retirar dos cidadãos o controle sobre os assuntos públicos.
O direito de reuinião, de protestar, é de primeira grandeza, a ser resguardado pelo Poder Judiciário, na medida que este direito é o único que pode fazer valer os demais direitos fundamentais, especialmente destinados aos mais vulneráveis e à diversidade.
Como defende o constitucionalista argentino, Roberto Gargarella, o direito de protesto é o primeiro direito, porque é a base para a preservação dos demais. No núcleo essencial dos direitos, em uma democracia, está o direito de protestar, de criticar o poder público e privado. Não há democracia sem possibilidade de dissentir e de expressar o dissenso.
Entretanto, o que se tem observado, é que o direito de reunião e liberdade de expressão passam a ter como paradigma o direito criminal. Não é o código penal que deve estar à mão, quando se decide sobre estes direitos, pois este tem como ápice a repressão, a criminalização. O paradigma deve ser o constitucional, sempre, pois o norte é o nível de proteção que os direitos fundamentais exigem e que devem ser priorizados.
O exercício da liberdade de expressão e reunião é imprescindível para tornar visível a cidadania. Ir às ruas e praças, que ressoam um modo de refletir, de ver, de mostrar e compartilhar idéias com os demais cidadãos e com o próprio Estado é gesto que se re pete desde a origem da democracia, que não se limita ao sufrágio eleitoral, cujo resultado indica que está circunscrito às maiorias, pois há um déficit visível de representação de interesses dos direitos econômicos e sociais agasalhados pela Constituição.
A democracia exige o comprometimento dos cidadãos e exercer os direitos mencionados é uma forma de participar dos desígnios do Estado e de suas políticas públicas. Nesta hora não deixa de vir à mente a imagem da faixa estendida em 1979, em pleno jogo, pelos Gaviões da Fiel: “Anistia, ampla , geral e irrestrita”, os comícios dos trabalhadores, o gigantesco ato pelas diretas no Anhangabaú, as marchas das mulheres e tantas mais, maiores e menores.
Não precisa pedir para Justiça para se manifestar.
Desdenhar a liberdade de expressão e reunião é asfixiar e por fim matar a democracia, que não terá como subsistir com golpe de cassetes e outros g olpes.
Então, Marcha pela liberdade: presente
* Kenarik Boujikian Felippe é juíza de direito em São Paulo, secretaria da Associação Juízes para a Democracia

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Enteógenos e crises transformacionais


Fonte: Hempadão
por Chaos Baby

Que o uso de enteógenos está ligado a processos espirituais e de desenvolvimento pessoal não é nenhuma novidade, todo mundo já sabe. Mas e quando você não está procurando por isso e uma crise transformacional é desencadeada pela ingestão de algum enteógeno?

De fato, nós sempre esperamos algum efeito, mesmo quando estamos apenas interagindo com o enteógeno de uma maneira “recreativa”, esperamos ser arrastados desde as alturas até os mais atormentadores infernos, sabemos que não podemos nunca prever como uma experiência num nível tão alto de consciência pode ocorrer, tentamos ser o mais cuidadosos possível com o ambiente, as pessoas e até mesmo buscamos observar nosso estado de espírito a fim de tentar minimizar efeitos ruins ou as conhecidas bad trips. O que raramente se espera é que o enteógeno desencadeie uma crise transformacional, por Stanislav Grof chamado de Emergência Espiritual.


"As Emergências espirituais podem ser definidas como estágios críticos e experimentalmente difíceis de uma transformação psicológica profunda que envolve todo o ser da pessoa. Tomam a forma de estados incomuns de consciência e envolvem emoções intensas, visões e outras alterações sensoriais, pensamentos incomuns, assim como várias manifestações físicas. Esses episódios que normalmente giram em torno de assuntos espirituais, incluem seqüências de morte e renascimento psicológico, experiências que parecem memórias de vidas passadas, sensações de união com o universo, encontro com diversos seres mitológicos e outros temas semelhantes".

Esse tema acabou sendo levantado e novamente estudado por mim depois da ultima experiência com enteógeno onde a bad trip pareceu não passar, ainda que dias já tivessem passado depois da ingestão. Durante a experiência, que tive com meu namorado, lembranças dolorosas da infância foram levantadas e assimiladas com a situação presente, onde fui arrastada para um campo emocional e mental que em estado comum de consciência eu costumo evitar ou negar a existência. Tais lembranças, assimilação e uma profunda observação de um padrão comportamental repetitivo e altamente perturbador não me levaram prontamente para um despertar espiritual, mas para uma crise transformacional, crise tal que durou dias e que ainda me encontro.

Embora tais crises possam nos arrastar para o limbo e estados depressivos, entre outros distúrbios mentais, emocionais e até mesmo físicos, elas também são vistas da perspectiva psicológica e espiritual como oportunidades para a transformação do ser. Temos uma tendência à acomodação. Costumamos deixar-nos viver do que de fato viver a vida, seguimos com nosso script cotidiano interpretando nossos papéis de pais, filhos, irmãos, profissionais, amigos, etc, sem sequer questionarmos porque o fazemos, não questionamos o significado da vida, o seu propósito e o seu valor. Buscamos satisfazer nossos desejos materiais, emocionais, físicos, etc; e caminhamos em busca do prazer, altamente focados no mundo material como se essa fosse a última e final realidade. Muitas vezes nessa vida “consensual” alguns até podem se intitular religiosos e acreditarem em Deus, ir às missas aos domingos e sentir que fez tudo o que poderia fazer em termos religiosos e sentir-se confortável com isso. Mas, quando eu trato de espiritualidade, eu não estou falando a respeito da questão de se ter uma religião ou uma crença, eu reconheço a espiritualidade como toda a nossa experiência interna e externa, nossa verdadeira expressão e manifestação no mundo.

Essas crises acontecem justamente porque nosso espírito está sempre ávido a libertar-se, não se trata de sair de nosso corpo, ou de uma questão metafísica, mas todos ansiamos por uma libertação da rotina ou de estados comportamentais condicionados por nós mesmos ou por outros, ou de estruturas mentais convencionais. Sem percebermos, nós encarceramos nosso espírito em velhas formas, evitamos nos aperceber de nossos potenciais criativos, não deixamos essa energia fluir por medo, comodismo ou negação, ou por qualquer outro fator que nos mantém presos e preguiçosos. Quando esse trabalho de libertação se torna necessário ao extremo, mas que não o fazemos voluntariamente, por mais que saibamos que uma mudança está sendo profundamente requerida, então nossa psique trata de dar um jeito nessa situação, subjugando nossa personalidade e gerando crises para forçar o desenvolvimento.

Não somente os enteógenos podem desencadear tais crises, a morte de um ente querido, doenças, divórcios, nascimentos, abortos, acidentes, quase morte, práticas de meditação, yoga, entre variadas práticas espirituais intensas e etc, todos podem acabar te levando a uma crise transformacional. O desenvolvimento do ser e/ou despertar espiritual pode acontecer de maneira muito sutil e gradual e com os anos você acaba percebendo o quanto se modificou no decorrer da sua vida. Mas quando essa necessidade é negligenciada ou não é conscientemente aceita por quaisquer motivos, então você pode ter que encarar uma crise. Suas crenças serão abaladas, surgem os questionamentos sobre o seu jeito de ser e de se comportar, de encarar a vida, uma onda de insatisfação vai se tornando crescente, o seu relacionamento com o mundo externo vai se modificando, sua realidade pessoal é abalada, uma mudança súbita ou gradual de sua vida interior pode ser experimentada. A pessoa se sente carente, sente que “alguma coisa está faltando”, sem definição, algo vago que ela não sabe descrever, não sabe o que é. Nesse momento ela está diante de uma Emergência Espiritual.

A vida simplesmente é movimento e mudança, ela está constantemente fluindo, mudando, se transformando. Quando estagnamos e não queremos mudar estamos tendo um movimento anti-vida e nosso espírito, psique, alma, ou seja lá que nome você gostaria de dar para isso, que está intimamente ligado a vida, dará um jeito de lembrar-te que você está vivo. Por mais assustadoras ou difíceis que as crises possam parecer, elas estão te invocando para se abrir e deixar que a mudança ocorra. Elas estão dizendo que uma nova pessoa precisa se manifestar, elas estão dizendo “ei, cara, pegue esse atalho”. Ou como o Leary diria: Ligue-se, Sintonize-se e Caia Fora. Ou: Turn on (desperte sua mente), Tune in (sintonize-se com seu interior) and drop out (abandone conceitos pré-estabelecidos, expanda sua mente).

Grof enfatiza que a Emergência Espiritual deve ser observada com cuidado, recomendando que se busque apoio nesses momentos. Por ele mesmo:

“Devido ao perigo e ao potencial positivo presentes nessas crises, as pessoas que por elas passam precisam de orientação especializada de pessoas que têm experiência pessoal ou profissional com estados de consciência incomuns e que saibam trabalhar com elas e dar-lhes apoio. Para pessoas que passam por uma crise evolutiva dessa espécie, os rótulos patológicos e o uso insensível de várias medidas repressivas, inclusive o controle de sintomas por meio de medicação, podem interferir no potencial positivo do processo. A conseqüente dependência duradoura de tranqüilizantes, com seus conhecidos efeitos colaterais, com a perda de vitalidade e com um modo de vida comprometido são um triste contraste com as raras situações em que a crise de transformação da pessoa recebe apoio e validação e tem permitida a sua complementação. Portanto, não podemos acentuar em demasia a importância da compreensão da emergência espiritual e o desenvolvimento de abordagens amplas e eficazes para o seu tratamento, bem como de sistemas de apoio adequados.”

Isso faz com que olhamos para os enteógenos com um pouco mais de respeito e cuidado, ele sempre será uma iniciação, ele sempre trará algum aprendizado para você, ele sempre te arremessará para uma profunda compreensão de si, um reconhecimento, uma descoberta. Se para isso for necessário uma crise, então esteja certo, sua psique dará um jeito disso acontecer e negar-se a viver esse processo de transformação só fará com que seus sintomas intensifiquem, que poderão ser experimentados como um sentimento de solidão profundo e de que ninguém será capaz de nos entender. Sensações de desespero, angustia, medo de enlouquecer, visões, intuições, etc. Esse é o momento de uma busca espiritual, pois ninguém pode passar por uma grande crise e se sair bem com ela sem que tenha uma experiência espiritual e Jung apoiaria essa ultima frase.

Buscamos então estarmos abertos para as mudanças, deixar que a crise abra-nos de modo a deixar que nosso espírito se expresse e se liberte, deixarmos que uma nova pessoa venha ao mundo, que nossos potenciais se manifestem. Para isso que as plantas de poder foram e são altamente usadas no Xamanismo e em várias outras religiões e sistemas espirituais. Nós não podemos modificar o mundo, mas temos todas as ferramentas necessárias para mudar a percepção que temos dele.

"Viver é surfar o caos. Você não pode modificá-lo, mas pode aprender a lidar com ele surfando seus limites. Tem mais, meu caro: ninguém é realmente místico por mais de cinco minutos. Não está contente ainda? Te digo uma coisa que aprendi na minha vida, aprendi muito profundamente: toda a realidade que nos cerca não passa de uma opinião". – Timothy Leary.

Avaaz pede: FIM DA GUERRA AS DROGAS! ASSINE JÁ!


  • ASSINE AQUI! 

  •      Em dias nós podemos ver o começo do fim da 'guerra às drogas'. O tráfico ilegal de drogas é a     maior ameaça à segurança da nossa região, mas essa guerra brutal falhou completamente em conter a praga da drogadição, ao custo de inúmeras vidas, da devastação de nossas comunidades e do afunilamento de trilhões de dólares em violentas redes de crime organizado.

  • Especialistas concordam que a política mais sensata é acabar com a guerra às drogas e legalizá-las, mas a maioria dos políticos tem medo de tocar no assunto. Em dias, uma comissão global incluindo antigoschefes de estado e altos membros da política externa do Reino Unido, União Europeia, Estados Unidos e México irão quebrar o tabu e pedir publicamente novas abordagens, inclusive a descriminalização e legalização de drogas.


  • Este pode ser um momento único -- se um número suficiente de nós pedir um fim a essa loucura. Políticos dizem que entendem que a guerra às drogas falhou, mas alegam que a sociedade não está pronta para uma alternativa. Vamos mostrar a eles que não apenas aceitamos uma política sã e humana -- nós a exigimos. Se nós alcançarmos 1 milhão de vozes, ela será entregue pessoalmente aos líderes mundiais pela comissão global.


  • Nos últimos 50 anos as políticas atuais de combate às drogas falharam em toda a América Latina, mas o debate público está estagnado no lodo do medo, da corrupção e da falta de informação. Todos, até o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, que é responsável por reforçar essa abordagem, concordam -- organizar militares e polícia para queimar plantações de drogas em fazendas, caçar traficantes, e aprisionar pequenos traficantes e usuários – tem sido completamente improdutivo. E ao custo de muitas vidas humanas - do Brasil ao México, e aos Estados Unidos, o negócio ilegal de drogas está destruindo nossos países, enquanto a drogadição, as mortes por overdose e as contaminações por HIV/AIDS continuam a subir.


  • Enquanto isso, países com uma política menos severa -- como Suíça, Portugal, Holanda e Austrália -- não assistiram à explosão no uso de drogas que os proponentes da guerra às drogas predisseram. Ao invés disso, eles assistiram à redução significativa em crimes relacionados a drogas, drogadições e mortes, e são capazes de focar de modo direto na destruição de impérios criminosos. 


  • Lobbies poderosos impedem o caminho da mudança, inclusive militares, polícias e departamentos prisionais cujos orçamentos estão em jogo. E políticos de toda nossa região temem ser abandonados por seus eleitores se apoiarem abordagens alternativas. Mas pesquisas de opinião mostram que cidadãos de todo o mundo sabem que a abordagem atual é uma catástrofe. E liderados pelo presidente Cardozo, muitos Ministros e Chefes de Estado manifestaram-se pela reforma depois de deixar seus cargos. O momento está finalmente chegando de discutir novas políticas na América Latina, Estados Unidos e outras partes do mundo que estão devastadas por essa política desastrosa. 


  • Se pudermos criar uma manifestação global nos próximos dias para apoiar os pedidos corajosos da Comissão Global de Política sobre Drogas, nós poderemos superar as desculpas estagnadas para o status quo. Em nossas vozes está a chave da mudança -- assine a petição e divulgue.


  • Nós temos uma chance de entrar no capítulo final dessa 'guerra' violenta que está destruindo milhões de vidas. A opinião pública irá determinar se essa política catastrófica será finalizada ou se políticos continuarão a nos usar como desculpa para evitar a reforma. Vamos nos unir com urgência para empurrar nossos líderes para fora da dúvida e do medo, para cruzar a fronteira e entrar no domínio da razão 

Manifesto pela Marcha da Liberdade - 28 de maio

Abaixo segue o belíssimo manifesto para a realização da Marcha da Liberdade em São Paulo:



1ª MARCHA DA LIBERDADE
Sábado, tarde do dia 21 de maio, Avenida Paulista:
Quando a tropa de choque bateu nos escudos e, em coro, gritou CHOQUE! a Marcha pela Liberdade de Expressão do último sábado se tornou muito maior. Não em número de pessoas, mas em importância, em significado.
Foram liminares, tiros, estilhaços, cacetadas, gases e prisões sem sentido. Um ataque direto, cru, registrado por centenas de câmeras, corpos e corações. Muita gente acha que maconheiros foram reprimidos.
Engano...
Naquele 21 de maio, houve uma única vítima: a liberdade de todos.
E é por ela que convocamos você a aparecer no Vão Livre do MASP,
sábado que vem, dia 28, às 14hs.
Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais.
Somos uma rede. Somos REAIS. Conectados, abertos, interdependentes, transversais, digitais e de carne e osso.
Não temos cartilhas. Não temos armas, nem ódio.
Não respondemos à autoridade. Respondemos aos nossos sonhos, nossas consciências e corações.
Temos poucas certezas. E uma crença: de que a liberdade é uma obra em eterna construção.
E que a liberdade de expressão é o chão onde todas as outras liberdades serão erguidas:
De credo, de assembléia, de amor, de posições políticas, de orientações sexuais, de cognição, de ir e vir... e de resistir.
E é por isso que convocamos qualquer um que tenha uma razão para marchar, que se junte a nós no sábado para a primeira #MarchadaLiberdade.
Ciclistas, peçam a legalização da maconha... Maconheiros, tragam uma bandeira de arco-íris... Gays, gritem pelas florestas... Ambientalistas, tragam instrumentos... Artistas de rua, falem em nome dos animais... Vegetarianos, façam um churrasco diferenciado... Moradores de Higienópolis, venham de bicicleta... Somos todos cadeirantes, pedestres, motoristas, estudantes, trabalhadores... Somos todos idosos, pretos, travestis... Somos todos nordestinos, bolivianos, paulistanos, vira-latas.
E somos livres!
Em casa, somos poucos.
Juntos, somos todos. E essa cidade é nossa!>
Sábado, dia 28 de maio, 14hs, no vão do MASP, começa a 1ª
Marcha da Liberdade.
ESPALHE ESTA IDÉIA

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Reportagem tendenciosa em relação a Ayahuasca no Brejo.com

O que seria uma interessante matéria sobre a ayahuasca no site Brejo.com, realizada pelo médico psiquiatra Arthur Guerra, acabou possuindo um título intrigante: "Chá do Santo Daime causa efeitos que podem prejudicar a saúde, diz médico" e, logo abaixo, lê-se no sub-título: "Chá de Ayahuasca pode influenciar o consumo de álcool e de drogas".

No titulo original no site "Corpo e Saúde" na matéria do psiquiatra lê-se "Chá de Ayahuasca pode DIMINUIR o consumo de álcool e de drogas". Interessante, não?

A notícia poderia, a partir de seu título, parecer surpreendente diante dos estudos que relatam a ayahuasca como importante em tratamentos de farmacodependência, além de, no mínimo, ser um assunto ainda sem uma certeza ou consenso na comunidade científica. O próprio médico, ao longo de seu texto, é claro ao dizer, acerca de um estudo citado:

"Os autores concluem que os resultados deste estudo apresentam semelhanças com pesquisas anteriores, as quais não constataram, entre usuários a longo prazo de ayahuasca, evidências de distúrbio e alterações neuropsicológicas, transtornos psiquiátricos e incidência de psicopatologias, problemas tipicamente causados por drogas de abuso. Ademais, sugerem que o chá de ayahuasca possui um baixo potencial para abuso".

Portanto, em primeiro lugar, o título da matéria soa, para quem leu a matéria e não criminaliza de antemão a ayahuasca, ridículo. A base pode ser constatada em dois pontos do textos, a saber:

1 - "O estudo também constatou a remissão do uso de algumas substâncias entre os usuários de ayahuasca, tais como sedativos, cocaína, anfetaminas, opiáceos e solventes, ao longo do tempo".

Entretanto, aqui, o autor cita que "Os resultados revelaram que os grupos de usuários de ayahuasca apresentaram pontuações significativamente menores que seus respectivos grupos-controle em relação ao uso de álcool na vida e no último mês, e também em Escalas Psiquiátricas (as quais indicam possível incidência de problemas psicológicos ou psiquiátricos)".

2 -a minha opinião, é importante ressaltar que isso não significa que a ayahuasca não tem consequências sobre a saúde do usuário – afinal, é uma substância psicoativa que produz efeitos alucionógenos, além de diversos efeitos “colaterais” agudos, como vômito e diarréia, comumente relatados por aqueles que experimentaram esta bebida.

Neste caso, é preciso ressaltar que o autor emite sua "opinião", portanto, não conclusiva e, neste caso, claramente pré-concebida. O fato de o autor citar "consequências sobre a saúde do usuário" relacionado a "alucinações" demarca o ponto de visto ideológico do autor, isto é, o autor ignora as discussões que levam ao entendimento dos fenômenos em questão como "mirações" ou "visões" ao invés de alucinações (termo que tem uma conotação psicopatológica, etnocentrica e negativista). A discussão terminológica é longa e nos já a introduzimos aqui no Enteogenico.

Portanto, é mister considerar que o estudo que serviu de base ao autor do texto está longe de ser "negativo" e a negatividade da visão que dá base ao título reflete a ideologia anti-enteogenica do site - senão do autor - mais do que o estudo citado.



"A Liga" fala sobre liberdade individuais


Fonte: Hempadão

Achamos importante dar no HempTube de hoje o programa completo sobre Liberdades Pessoais, não só a melhor parte – sobre a erva e sua possibilidade de autocultivo.  Isso porque infelizmente vemos por aqui muito preconceito e desinformação sobre a liberdade pessoal de cada um e o programa tem uma abordagem interessante. No mais, já na primeira entrevista o Lobão dá a pala e o cheiro característico do estúdio dele nós, e o Rafinha Bastos, conhece bem. Dá play na parte 1:


Depois de décadas de luta, o movimento Gay foi capaz de conseguir mudanças legítimas e assim avançam inclusive com representantes políticos eleitos com essa bandeira. O programa é perfeito ao mostrar como se dá o preconceito repercutindo com a ignorância popular nas ruas. “Eu nem sei porque que eu sou contra, sou meio abobado com isso”, quantas pess

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Junho 2011 - Respiração Holotrópica, a terapia pós-psicodélica de Stan Grof

Diretamente do excelente site: Plantando Consciência

DiRespiração Holotrópica




Entre o final de maio e o final de junho acontecerá uma celebração muito especial ao redor do mundo. Trata-se da comemoração dos 80 anos deStanislav Grof, o maior nome da ciência psicodélica. Se não soa familiar pra você, é com grande prazer que introduzimos este que é provavelmente o mais avançado nome na psicologia mundial e um dos maiores pensadores vivos. Nascido em 1931 na cidade de Praga, Grof é um dos criadores da psicologia transpessoal, e trabalhou por 17 anos compsicoterapia com LSD, na antiga Tchecoslováquia, onde nasceu, e nos EUA, antes da proibição no fim dos anos 60, que vigora até hoje.
Grof conduziu mais de 2000 sessões em contextos clínicos responsáveis e controlados, e obteve acesso a dados detalhados de mais tantas outras sessões conduzidas por seus colegas. Escreveu e publicou cerca de vinte livros e centenas de artigos científicos. A cartografia da mente humana que emergiu desse extenso, árduo e inovador trabalho conduzido junto com sua mulher, Christina Grof, expande imensamente o modelo psicológico proposto por Freud, e integra as diversas escolas do pensamento psicológico ocidental que vieram depois, como ReichRankJung, entre outros.
O trabalho de Grof integra também os insights das tradições místicas e espirituais do oriente, e abrange não apenas o já bem conhecido domínio autobiográfico, mas também os domínios psicológicos perinatais e transpessoais. Finalmente, essa pesquisa culminou no desenvolvimento e estabelecimento de uma técnica de terapia e autoexploração largamente testada e validade nos últimos 30 anos, hoje conhecida como Respiração Holotrópica. Segundo Grof, o termo holotrópico vem do grego holos(“todo”) e trepein (“mover-se em direção a”) - resultando em “mover-se em direção à totalidade”. Esse modo não usual de consciência, que pode ser experimentado por rituais xamânicos (com ou sem substâncias alteradoras de consciência), práticas espirituais milenares ou até mesmo de forma espontânea, abre possibilidades surpreendentes de cura e transformação.