quinta-feira, 30 de junho de 2011

Proibição da Maconha é terrorismo do Estado!

Fonte: Hempadão

por Fernando Beserra
Um verdadeiro atentado à inteligência! Maconha proibida, mas entornar whisky pela goela pode. Pode fumar seu cigarrinho, seu moço, por que diabos não sei, afinal, maconha não pode. E se me perguntarem por que, bem, deve ser porque... porque...
Vou fazer uma laranjada, porque já cansei de escutar as asneiras do doutor Laranjeiras! Diz que defende a saúde pública, mas quer que fumemos a merda do cavalo, tá da sacanagem? Tem gente que ganha muito dinheiro com essas clínicas de reabilitação, mas, será que eu não deveria dizer “campos de concentração”?
O mundo mudou rapaziada! Não somos mais como éramos antigamente, maio de 68 já passou, e deixou sua marca. Não queremos só comida, mas, na hora da larica, ninguém vai dizer não a um bom chocolate. Meu prazer pode ser reduzido, moderado, posso até controlá-lo, mas ele, figurões da política, digo e repito, é inegociável!
Não vendo ou troco meu direito basal de alterar meu sistema nervoso. É criminoso tentar alterar a orientação sexual de alguém, pois então, deveria ser criminoso também tentarem, contra minha vontade, mudar um comportamento que não agride a ninguém. Embora eu já não seja o jovem de antigamente, jamais serei velho o bastante para deixar de lado a magna frase de Joseph Pierre Proudhon, pai do anarquismo:
“Aquele que colocar as mãos sobre mim para me governar é um tirano, um usurpador, e eu o declaro meu inimigo”.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Parabens Enteogenico!

Fica um auto-parabens ao blog, pois esse mês batemos nosso recorde de visualizações, assim como de postagens!

Sempre avante, avante sempre!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Cogumelos alucinógenos no México: uma visão geral - Gaston Guzmán

Fonte e Tradução: Psicodélico

Introdução:

Cogumelos alucinógenos, conhecidos também como enteogênicos, mágicos, medicinais, neutrópicos, psicodélicos, psicoativos, sagrados, santos ou visionários foram usados por diferentes grupos indígenas no México antes da conquista espanhola (fig. 1), mas eram desconhecidos da ciência até o século 20. Desde a década de 1950, quando seu uso cerimonial por povos indígenas foi redescoberto (Wasson 1957; Heim and Wasson 1958) , os cogumelos alucinógenos têm recebido grande atenção científica, médica e também popular. A explosão do uso recreativo desses cogumelos durante a década de 1960, e a consequente aplicação de medidas duras pelas agências legais de repressão, produziu consequências negativas e dificuldades legais tanto para os pesquisadores como para os os seguidores do uso tradicional de cogumelos (Guzmán 2003), contudo o uso cerimonial persiste entre certos povos do México. O presente artigo traça algumas das confusões históricas que circundam a identidade desses cogumelos e os comentários sobre a sua taxonomia, distribuição e uso tradicional no México.

A redescoberta dos cogumelos alucinógenos no México

As referências ao uso de cogumelos sagrados no México são encontradas nos mais antigos documentos ou códices produzidos no novo mundo espanhol. O frade franciscano Bernardino de Sahagún (1569–1582) menciona os cogumelos usados em cerimônias especiais pelos índios Nahuatl; ele chamou tais cogumelos de teonanácatl, o que significa "carne dos deuses". No códice Magliabechiano Sahagún apresenta uma ilustração colorida de um índio comendo um cogumelo de coloração azul, provavelmente Psilocybe caerulescens (será discutido posteriormente). Os espanhóis, contudo, suprimiram o uso cerimonial de cogumelos, e toda menção dos cogumelos sagrados desapareceu da literatura, levando um botânico americano (Saffor 1915) a colocar que teonanácatl não era um cogumelo mas sim Lophophora williamsii (Lemaire) Coulter, o cacto aluginógeno peyote do México e sudoeste dos Estados Unidos.

domingo, 26 de junho de 2011

Maconha medicinal: canabidiol remédio contra traumas emocionais

Fonte: Hempadão

A reportagem do Terra mostrou como o Professor Takahashi descobriu a importante função do Cannabidiol, elemento químico presente na cannabis, em tratamentos de ordem traumática-emocional. A matéria segue abaixo, para apreciação da massa, que descobre semana a semana diversas novas funcionalidades da erva. Imaginem quando legalizarem de vez a pesquisa…


Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) descobriram como um componente químico da maconha pode ajudar no tratamento das sequelas emocionais deixadas por traumas. Experimentos indicam que o canabidiol, um dos mais de 80 constituintes da Cannabis sativa, ajudou animais a superar a ansiedade provocada por uma experiência traumática.


Nos testes em laboratório, os animais receberam um choque moderado nas patas, simulando uma situação traumática. Quando eram novamente expostos ao ambiente de condicionamento, os animais "congelavam" de medo, sem poder reagir. Contando o tempo de imobilidade, os pesquisadores avaliam a intensidade do medo.


O professor Reinaldo Takahashi, coordenador dos estudos, explica que a simulação em laboratório é semelhante ao que acontece com uma pessoa que foi assaltada numa determinada rua e fica com medo sempre que tem que passar pelo local. Segundo ele, a maneira mais eficaz de se reduzir o medo consiste em realizar sucessivas exposições ao ambiente de condicionamento. Assim os animais se adaptam à situação e reaprendam que aquele local deixou de ser ameaçador.


Em humanos, este tratamento é chamado de terapia de exposição e funciona mais ou menos da mesma forma. "Os principais resultados de nossos estudos demonstraram que o canabidiol facilita esse processo de reaprendizado emocional, tornando a exposição terapêutica muito mais eficiente e com efeitos prolongados", explica o professor Takahashi.


A pesquisa indica que a substância funciona como um ansiolítico, o medicamento que combate a ansiedade. A vantagem é que o canabidiol não causa os efeitos colaterais comuns aos medicamentos tradicionais como dependência, sonolência excessiva, piora da memória, tonturas e zumbidos. Os estudos indicam que o canabidiol também não provoca os efeitos típicos da maconha, como falhas na memória recente, taquicardia, boca seca, falta de coordenação motora e tosse.

Introdução a quarta edição do livro: "LSD psychotherapy" - por Albert Hofmann

fonte: Psicodélico


Editado pelo MAPS – Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies – http://www.maps.org

Por Albert Hofmann



No meu aniversário de 102 anos, sinto um profundo sentimento de satisfação e paz por estar apto a testemunhar enquanto ainda vivo de um renascimento promissor em pesquisa psicodélica legal. A culminação desta tranqüila renovação, que esteve em construção, aproximadamente, desde 1990, é o recomeço da pesquisa de psicoterapia de LSD, que agora foi aprovada, pela primeira vez, em aproximadamente 35 anos. O LSD é a mais estigmatizada de todas as drogas psicodélicas e é o último a ser re-introduzido no laboratório. Como reflito sobre toda pesquisa de LSD e de psilocibina que foi conduzida até agora, eu sou o maior apreciador do trabalho do Dr. Stanislav Grof, o autor da Psicoterapia de LSD. Se eu for o pai do LSD, Stan Grof é o padrinho. Ninguém contribuiu tanto como Stan para o desenvolvimento da minha criança problema. Stan não só tem mais experiência direta do que qualquer pessoa assistindo pacientes sob a influência de LSD, mas ele também cultivou uma claridade de intelecto e uma força de emoção que lhe permitiu desenvolver uma teoria e um método de psicoterapia assistida por LSD. Neste manual soberbo, Stan descreve, detalhadamente, um método de terapia que não foi praticada durante décadas e, esmeradamente, explica como as suas teorias da mente cresceram fora da observação empírica que ele fez, durante os seus estudos de pesquisa de LSD. A Psicoterapia de LSD é um argumento poderoso, que dá sustentação e é persuasivo para a renovação da pesquisa psicodélica.

O LSD e a psilocibina não são drogas no sentido usual, mas são parte das substâncias sagradas que foram usadas durante milênios em contextos ritualísticos. As drogas psicodélicas clássicas como LSD, psilocibina e mescalina são caracterizadas pelo fato de que elas não são nem tóxicas e nem induzem o vício. Este é o meu grande argumento para separar drogas psicodélicas dos debates contínuos sobre drogas e destacar o tremendo potencial inerente a essas substâncias para a auto-consciência, como um adjunto à terapia e à pesquisa sobre os fundamentos da mente humana. Em todas essas áreas, Stan foi um pioneiro notável.

A alienação da natureza e a perda da experiência de ser parte da criação viva é o maior drama da nossa era materialista. É a razão causativa de devastação ecológica e alterações climáticas. Por isso, atribuo a mais absoluta importância à modificação de consciência. Considero as drogas psicodélicas como catalisadores para isto. Elas são instrumentos que estão guiando a nossa percepção em direção a outras áreas mais profundas da nossa existência humana, para que novamente conheçamos a nossa essência espiritual. As experiências psicodélicas em um contexto seguro podem ajudar a abrir a nossa consciência até esta sensação de conexão e de ser um com a natureza. A elegância da abordagem de Stan à psicoterapia de LSD consiste na alquimia de discernimentos psicoterapêuticos e existenciais, como nos velhos tempos quando a terapia e a religião foram misturadas em seu conjunto.

É o meu desejo que emergirão uma Eleusis e uma psiquiatria modernas, nas quais os buscadores humanos possam aprender a ter experiências transcendentes com substâncias sagradas, em um contexto seguro e no qual o LSD e outras drogas psicodélicas se tornem, mais uma vez, instrumentos de cura psicoterapêutica e da descoberta da amplitude e da profundidade da mente. Quando este dia vier, Stan terá depositado a base estrutural e o seu trabalho clássico, Psicoterapia de LSD, será o salto deste ponto para os novos desenvolvimentos e refinamentos.


Albert Hofmann
Basel, Suiça
11 de Janeiro de 2008

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Re-imaginando a Psiconautica

por Fernando Beserra

 
Caminhamos numa época perigosa, pelo menos desde a construção de um belicismo tão potencialmente destrutivo. As estratégias da maioria dos empresários e, algumas vezes, dos governantes são fantasiosamente pragmáticas e racionais, ligadas aos modelos de gestão capitalistas. Neste contexto obscuro o meio ambiente sofre: das pessoas, passando pelas cidades, até chegarmos à natureza, estão todos expostos a benefícios e malefícios produzidos pela civilização ocidental. Lembrando a música da banda de hardcore dos anos 80, Dead Kennedys, podemos brincar resumindo este espírito: Lucro ubber alles – lucro acima de tudo!

 
Organizações revolucionárias, reformistas, alternativas, surgem e desaparecem, muitas vezes alterando significativamente o mundo, outras, sequer deixando vestígios. Neste meio encontramos um movimento psiconauta[1] que novamente emerge, pois que havia se associado, na década de 60, fortemente às influências hippies e desde a década de 80 todo este movimento entrou numa rápida descendência. Salvo uns poucos pesquisadores de um lado e hippies ou neo-hippies de outro, não havia muita coisa.

 

Debate entre aspas - Globonews - sobre descriminalização do usuário

Muito feliz a idéia do Globonews de debater a descriminalização do usuário de cannabis, convidando o diretor do filme "Quebrando Tabu", que tem como protagonista ou ancora ou ex-presidente Fernando Henrique Carodoso, e o arqui-proibicionista Ronaldo Laranjeira. Entretanto, é preciso chamar atenção para que, embora o jovem diretor de quebrando tabu tenha um grande conhecimento intelectual, colocá-lo ao lado da raposa Laranjeira, não parece muito interessante. Para dialogar do ponto de vista da saúde e política de saúde com Laranjeira, seria mais interessante ter uma pessoa como Elisaldo Carlini, Dartiu Xavier da Silveira ou, do ponto de vista político, o próprio FHC.

As idéias de Laranjeira são muitas vezes distorcidas, a exemplo do seu reiterado exemplo das Cracolandias como "formas de descriminalização", já que o consumo de crack continua criminalizado e o usuário confundido com o traficante pela falta de quantidade estabelecida por lei (assunto que deveria ter sido jogado no colo de Laranjeira). Considerar que o Brasil já descriminalizado (ao contrário de despenalizar) é erro grave e, na verdade, jogo desleal de Laranjeira, uma dos maiores negociantes do sequestro no Brasil (dono de clínicas de "reabilitação" para "viciados").



É preciso continuarmos a discussão. Sobre o exemplo que Laranjeira pede de um local onde a descriminalização diminui o uso, temos que sempre levar em consideração a multiplicidade de usos (portanto, o uso não é único critério de saúde ou falta dela), e levar em conta o aumento global em paises proibicionistas do uso, e, assim pode ser feita a COMPARAÇÃO, como no caso do sucesso da política de Portugal.

Abraços amigos

Bolivia abandona la convención de la ONU contra las drogas

Por Agencia EFE


La Paz, 22 jun (EFE).- El Congreso boliviano aprobó hoy, a petición del presidente Evo Morales, la denuncia de la convención de la ONU contra los estupefacientes de 1961, como protesta porque el organismo no ha despenalizado el masticado de la hoja de coca.

La Cámara de Diputados, controlada por el oficialismo, ratificó en primera y segunda instancia la ley de abandono de la convención, tras leer una carta de Morales, líder de sindicatos de cultivadores de coca, base para la producción de cocaína, y escuchar explicaciones del canciller, David Choquehuanca.

"La convención del 1961 prohíbe el acullicu (masticado de coca). Si nosotros no hacemos esta denuncia, nuestros hermanos no van a poder ejercer esta práctica ancestral", dijo Choquehuanca.

El abandono se produce la víspera de que la ONU presente su informe anual sobre cultivos de coca en los países andinos, y de que el exjefe antinarcóticos de Morales, general René Sanabria, comparezca en un juicio en Miami (EEUU) en el que, según sus abogados, se declarará culpable de narcotráfico.

Hace pocos días Bolivia, tercer productor mundial de cocaína tras Colombia y Perú, admitió que se han ampliado los cultivos de coca, pero la nueva cifra no se conocerá hasta julio cuando la ONU termine la medición de las plantaciones.

El estudio se retrasó por un reciente accidente de un avión en el que murieron cuatro de sus funcionarios mientras hacían ese trabajo.

La decisión de Morales, presentada al parlamento sin aviso previo, fue criticada por diputados de la oposición, que la consideran contradictoria con la lucha contra el narcotráfico, aunque el oficialismo prometió que respetará los compromisos de Bolivia en esa materia.

La ley señala que Bolivia puede volver a pedir en enero de 2012 su adhesión a la Convención, pero sin los artículos que vetan el masticado de coca, porque se contradicen con la Constitución, que defiende esa hoja y que fue promulgada por Morales en 2009.

La coca tiene en este país usos permitidos, como el "acullicu", que practica una minoría de los bolivianos, y otros aún más minoritarios en medicina e industria, pero sobre todo es usada por narcotraficantes para fabricar cocaína, según organismos internacionales.

El legislador Juan Luis Gantier, de la oposición, dijo que "es un contrasentido denunciar" la convención cuando Bolivia está en "plena lucha para erradicar el narcotráfico", más aún si ya hay protocolos del documento que aceptan el masticado de coca como práctica de los indígenas.

"Es un hecho terriblemente negativo, porque está marcando una contradicción plena" con la "finalidad de luchar contra las drogas, agregó el también diputado de la oposición Jaime Navarro.

A su juicio, Bolivia está dando "la peor señal ante el mundo" porque con la nueva norma dice: "no es importante luchar contra el tráfico de estupefacientes".

Al contrario, el jefe de los diputados oficialistas, Edwin Tupa, defendió la medida y señaló que defiende "la dignidad de los bolivianos" y de "la hoja sagrada".

Agregó que los críticos de la medida están a favor del "Imperio (EEUU), que lamentablemente quiere seguir manteniendo como estupefaciente a la hoja de coca".

domingo, 19 de junho de 2011

Enquete sobre descriminalização da Maconha

Realizada pelo TERRA. No canto direito, lá pra baixo na página.

Vota lá

Estávamos lá

Marcha Nacional da Liberdade no Rio de Janeiro

Por João Saboia

Valeu Marcha! Foi lindo!

sábado, 18 de junho de 2011

Marcha da Liberdade - RJ - Relato

O enteogenico acompanhou a Marcha da Liberdade no Rio de Janeiro, com uma cartolina tosca escrito: “A liberdade de alterar seu sistema nervoso é um direito inalienável”. Abaixo haviam desenhos de substâncias psicoativas.



Participar da Marcha da Liberdade foi uma extraordinária. Mil e quinhentas pessoas marchando, dançando e cantando o amor a diversidade. Defenderam-se bandeiras da diversidade sexual, contra Bolsonazi, pela legalização da cannabis, contra a violência contra a mulher, pelo direito ou afirmação da propriedade do próprio corpo, a favor dos bombeiros, professores e grevistas, etc.



Foi bonito ver todas essas diferenças em conjunto, se aceitando, se relacionando e fazendo a cidade ganhar um colorido, uma esperança de que melhores tempos virão, para maconheiros, lésbicas, gays, trabalhadores, ou tantos outros vitimados pelas violências econômicas, do moralismo, do Estado, etc. Mas, eis que estes 1500 heróis, armados de amor e inteligência, invadiram a orla de Copacabana e gritaram: “Basta!”, basta de violência contra os movimentos sociais, basta de violência contra as minorias. Estamos aqui e seremos ouvidos!



E, ao sermos ouvidos, não calaremos nossa felicidade de viver em nome de qualquer credo ou razão. Estaremos na Marcha da Liberdade, com felicidade e determinação, alegria e resistência!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Tipologia da Viagem: cartografias da psiconautica

Fonte: Hempadão - Portas da Percepção

O psiquiatra checo Stanislav Grof foi um dos pioneiros no estudo da psicoterapia com LSD e é considerado por grandes autoridades na área como “mestre teórico” do “movimento”. Grof procurou usar psicodélicos como catalisadores de estados não ordinários de consciência, visando a superação de conflitos psicodinâmicos e o contato com realidades invulgares, entre elas, muitas das quais eram procuradas e experienciadas por antigos iogues, xamãs e místicos. Sendo assim, Grof desafiou o padrão de pensamento típico do ocidente, falando cientificamente e fenomenologicamente de meditação, identificação com o cosmo, transcendência, vidas passadas, experiências fora do corpo, premonição, fenômenos paranormais, etc., associando sua nova visão com os avanços da física de partículas e com o paradigma holográfico (e suas variantes).

Se não podemos falar de uma realidade última ou da totalidade do cosmos a partir de um único modelo de ciência, conforme os estudos de Grof, Jung, etc., nos mostram, então qual são nossas possibilidades para falarmos dos estados alternativos de consciência? Para Grof, é necessário falar dos mapas, da cartografia da alma, buscando ao máximo a proximidade com a totalidade (holos), isto é, levando em conta as infinitas interconexões entre ser e mundo. A tipologia da trip com psiquedélicos se configura, de acordo com Grof, em 4 distintos tipos de experiências (diferenciação didática), sendo descritas como:
 
 
- Estéticas ou Abstratas
- Psicodinâmicas, biográficas, rememorativas
- Perinatais
- Transpessoais
 
 
As experiências estéticas são muito comuns, e levam o psiconauta a alterações da sensação e/ou percepção. De acordo com Grof, em “Além do cérebro”, “Nada percebi neste nível de estados psicodélicos que resistisse a uma interpretação numa linguagem estritamente newtoniana-cartesiana”. Em outros momentos, considera a experiência estética de pouca valia, o que nos leva a pensar em certo preconceito do psiquiatra em relação ao que Carl Gustav Jung (1875-1961) chamou de “função sensação”, que seria uma das funções através da quais percebemos e organizamos o mundo interno e externo. A função sensação se caracterizaria, como diz o suíço, em suas palestras de Tavistock, de 1935, por responder a pergunta: “O que é”, sendo uma função a-racional, tendo finalidade identificatória. Ao desconsiderar a lógica das sensações, Grof permanece preso também a determinada limitação conceitual. Consideramos que o vislumbre de outros modos de sentir, ver ou perceber, podem levar o psiconauta a outros territórios ou fluxos que dificilmente poderiam ser experimentados sem os psiquedélicos.
 
 
As experiências que ele denomina como psicodinâmicas, são relativas à resolução ou ao ato de reviver conflitos psicológicos relevantes, deste modo, mostrando o fabuloso potencial dos psiquedélicos para a prática psicoterapêutica. Quem já passou por essa experiência, sabe com que facilidade os enteógenos nos colocam cara-a-cara com os conflitos mais importantes de nossa vida num determinado momento, conflitos os quais muitas vezes não queremos ver, ouvir, resolver ou pensar sobre. Este nível da experiência foi muito valorizado, p.ex, por Albert Hoffman ao considerar as potencialidades do LSD nos estudos e terapias psicológicas.
 
 
No que se refere às experiências perinatais, às quais, confesso, não estou habituado, por não ter uma ampla vivência deste nível, pode-se dizer que foram observadas por Grof a partir da prática clínica, assim como teoricamente influenciadas pela visão pós-psicanalítica de Otto Rank. Ele concedeu grande importância na estruturação da personalidade aos traumas do nascimento. Grof acreditava que o nível perinatal, desconsiderado pela maioria das psicologias, era um nível de relação entre as experiências pessoais e as transpessoais, onde haveria grande mistura entre padrões arquetípicos e fenômenos bio-físicos. Ela está ligada intimamente a nascimento e de que forma este se deu, mas também está relacionada a como lidamos com padrões de “morte-nascimento”, padrões intimamente ligados a ritos de passagem.
 
 
Finalmente, o nível transpessoal seria caracterizado por fenômenos que normalmente patologizamos, isto é, consideramos como “doentios” ou simplesmente loucos. Neste nível podemos incluir contato com espíritos, entidades, paranormalidade, sensação de fusão com o cosmos, com outras pessoas, telepatia, vidas passadas, dentre outros. Embora a ciência ocidental tenha descartado estes fenômenos como doenças, inverdades ou simplesmente os ignorado, sendo incapaz de explicá-los, a filosofia oriental teve uma visão ampla e satisfatória de muitos deles, saber que influenciou sobremaneira pensadores como Stanislav Grof, Timothy Leary, Alan Watts, Aldous Huxley, Richard Wilhelm, etc.
 
 
Pergunto aos leitores: em quais níveis de experiências vocês já surfaram? Em algum deles conseguiram observar um desenvolvimento duradouro em suas próprias personalidades?

Vitória no STF: Marcha da maconha não é apologia e está permitida!

Saiu no O Globo (impresso e virtual), Hempadão, Coletivo DAR, UOL notícias, e por ai vaí, tá em toda parte!

A vitória dos guerreiros da liberdade foi transformada em votos no Supremo, transformada na reiteração de direitos democráticos, que pareciam, tantas vezes, perdidos por uma falácia autoritária, dita por juizes e religiosos de direita.

O Hempadão fez toda uma matéria sobre a histórica decisão do STF, em alguns capítulos, e merece ser lida, vista ou ouvida.

Alguns links para o leitor voraz:

Aspilão Especial: Supremos Tribunal Federal e Marcha da Maconha em Tiras

Hemportagem: Vitória da Marcha da Maconha é vitória da liberdade


Celso de Mello com jingle da marcha da maconha - grande vitória



Campus da Universidade Federal de Pernambuco é palco de aula sobre cultivo da maconha

Fonte: OGlobo

RECIFE - O campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi utilizado nesta segunda-feira à tarde para um aula, no mínimo, inusitada: como se cultivar um pé de maconha. A chamada "Oficina de Cultivo de Cannabis" teve 60 "alunos" e foi ministrada pelo antropólogo Sérgio Vidal, autor do livro "Canabbis Medicinal - Introdução ao Cultivo Indoor", lançado à noite em Recife. Durante o evento na UFPE, quinze volumes foram comercializados. 

O oficina começou no hall do Centro de Arte e Comunicação (CAC) da UFPE, mas a pedido da diretoria do curso foi transferido para um local ao ar livre, a apenas cinco metros da área onde a aula prática havia começado. De acordo com o Secretário do CAC, Inácio Silva, essa foi a melhor solução para evitar o conflito entre a universidade e os adeptos da maconha: 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

MARCHA NACIONAL DA LIBERDADE - RIO

"Pois paz sem voz não é paz. É medo."

18 de Junho de 2011 - 14h - Praia de Copacabana

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e

de comunicação, independentemente de censura ou licença;"

"Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;"

Constituição Brasileira de 1988.

Como podemos assistir calados, em pleno Século XXI, quase 30 anos após o fim da Ditadura, os direitos fundamentais de Liberdade de Expressão e de Liberdade de Reunião ainda sendo violados no Brasil?

Quando Barack Obama veio ao Rio, 13 pessoas que protestavam contra sua visita (incluindo uma senhora de 67 anos) foram aleatoriamente presas pela polícia e levadas sem julgamento para uma prisão de segurança máxima. Só foram libertadas depois que ele voltou aos EUA.

Em grande parte do país duas pessoas do mesmo sexo não tem liberdade para expressar afeto sequer dando as mãos sem correr o risco de serem agredidas ou mesmo assassinadas.

Seguidores de religiões de matriz africana muitas vezes não têm liberdade para expressar sua fé sem serem hostilizados.

Na cidade, no campo e na floresta as pessoas têm medo de denunciar crimes. As que enfrentam esse medo lutando pela comunidade e pela humanidade muitas vezes o fazem sacrificando a própria vida.

Músicos de rap, funk e hip hop frequentemente são marginalizados quando se expressam. Como disse um MC preso por apologia ao crime: "Eu lá vou falar sobre a moça bonita de Ipanema que vem e que passa?? Eu vou falar é do Caveirão, que entra aqui na favela atirando pra tudo quanto é lado!!".

Nossos bombeiros tiveram seu direito de reunião chamado de formação de quadrilha e 439 deles foram presos. Se não fosse o apoio massivo da população certamente ainda estariam encarcerados.

No Rio de Janeiro, mês passado, ativistas da Marcha da Maconha chegaram a ser detidos distribuindo um panfleto informativo.

Em SP um juiz no último minuto decidiu que discutir mudanças na legislação é fazer apologia ao crime e proibiu a Marcha da Maconha SP.

A Liberdade de Expressão e a Liberdade de Reunião foram revogadas lá à base de cassetete, tiros e bombas, levando o caos à região da Avenida Paulista. Manifestantes pacíficos, jornalistas e transeuntes foram covardemente espancados pela polícia.

Decidiu-se então convocar um novo ato. Os mais diversos segmentos da sociedade civil se reuniriam para realizar uma semana depois a MARCHA DA LIBERDADE.

O mesmo juiz então, novamente no último minuto do expediente judiciário, proibiu a Marcha da Liberdade alegando ser uma "Marcha da Maconha disfarçada".

O governador de SP não teve alternativa e teve que descumprir a ordem judicial. Mandou centenas de policiais não para reprimir a manifestação mas para garantir a segurança, como determina a lei.

Vimos então um espetáculo de humanidade. MIlhares de pessoas, juntas e misturadas, com cartazes, flores e roupas coloridas, sem carros de som e nem palavras de ordem, caminhando e cantando pela Liberdade.

Porém a Marcha da Liberdade não foi inteiramente livre. A polícia paulista avisou que qualquer um que sequer mostrasse ou pronunciasse palavras como "Maconha" ou "Aborto" seria imediatamente preso. Diante disso foi convocada para o dia 18 de Junho a MARCHA NACIONAL DA LIBERDADE, que vai acontecer simultaneamente em quase 40 cidades do país.

Vamos esperar mais palavras serem proibidas? "Moradia"? "Transporte"? "Saúde"? "Educação"? “Emprego”? Sem liberdade de expressão e de reunião não pode haver democracia.


A Marcha da Liberdade Rio apóia toda e qualquer causa que lute pela liberdade de todos de se expressarem e se reunirem em nome daquilo que acreditam ser justo. Lembrando apenas que liberdade de expressão não pode ser confundida com direito de incitar a discriminação e o ódio.

Estamos de volta às ruas, juntos, pedindo: paz, amor e LIBERDADE.

Coletivo Marcha da Liberdade Rio.

Em casa somos um. Juntos somos todos.

Participe. Traga flores, instrumentos, seu desejo pela liberdade e junte-se.

Posto 6 em Copacabana às 14h dia 18 de junho, sábado.

Mais informações -

nubio@nubio.com.br

isismaria@foradoeixo.org.br

http://www.facebook.com/event.php?eid=176587495729357

terça-feira, 14 de junho de 2011

Marcha da Maconha entra na pauta do Supremo


Por Rodrigo Haidar


O Supremo Tribunal Federal deve decidir, na quarta-feira (15/6), se os cidadãos podem organizar marchas com o objetivo de chamar a atenção para o debate em torno da descriminalização do uso de drogas. Foi colocada na pauta de julgamentos da Corte a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 187) ajuizada pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat.

A ação foi ajuizada em julho de 2009, quando Deborah ocupava interinamente o cargo de procuradora-geral da República. Na prática, o Supremo irá decidir se organizar as chamadas marchas da maconha, que vêm ganhando cada vez mais espaço no país, é o mesmo que fazer apologia ao uso de drogas. O relator da ação é o decano do tribunal, ministro Celso de Mello.

O debate deve girar em torno de três princípios constitucionais caros à sociedade: o direito de liberdade de reunião, proteção das minorias e a garantia de exercer a livre manifestação do pensamento. O ministro Celso de Mello admitiu dois amici curiae no processo. A Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos (Abesup) e o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), que se manifestarão no julgamento.

A revolução como estado de consciência alterada

Por Henrique Carneiro
Fonte: Coletivo Desentorpecendo a Razão

Um dos aspectos mais notáveis da onda revolucionária que se espalha desde o início de 2011 é seu caráter epidêmico. Essa palavra, de origem grega, quer dizer “sobre o povo”, como algo que atinge a todos de maneira praticamente involuntária, algo superior até mesmo a uma “vontade” particular ou egoística que se eleva como um arrebatamento, uma força superior que muda completamente a vida cotidiana, rompe a rotina dos dia-a-dia e cria um amálgama moral entre as pessoas. É uma forma de contágio, portanto, lembrando que antes da idéia de contaminação por uma doença, a noção de epidemia tinha um sentido dionisíaco, pois era assim que se denominava na Grécia antiga a conversão coletiva aos ritos convulsivos e ruidosos do deus da ebriedade.

É como uma embriaguez, portanto, que se manifesta esse contágio epidêmico da disposição revolucionária, cuja propagação é mimetizada e emulada por meios de comunicação em redes que se propagam não só por TV, rádio ou boca a boca, mas por uma difusão midiática nova das chamadas “redes sociais” da Internet, particularmente o twitter, onde ocorrem fenômenos virais com as mensagens que podem ser replicadas a milhares de outros emissores.

A disposição de luta que nasce com uma velocidade espantosa em povos acostumados por décadas de passividade e inação impressiona por sua intensidade psicológica que advém de um impacto moral, uma reverberação social de ondas de indignação, de sensações de que chegou o momento do basta. O auto-imolado suicídio de Mohamed Bouazizi na Tunísia, em 17 de dezembro de 2010, fez parte de uma onda de atos semelhantes que além dos desesperos individuais simbolizou o esgotamento psicológico de muitos povos num mesmo momento. Essa sincronia, esse cosmopolitismo, essa natureza culturalmente febril e viral de uma sequência de rebeliões criou ondas de choque que já atingiram, de imediato, o Mediterrâneo, levando para a Espanha, Grécia, Portugal e outros países levantes sociais de caráter semelhante: ações de rua, ocupações de praças, uso de mídias e redes de comunicação – tudo será filmado e colocado on line – e articulações que recusam o espaço institucional tradicional. Países como a China sentiram o risco e proibiram menções à Praça Tahrir. Lá, onde a Internet mais cresce e mais é controlada, a maior fortuna do país é a Baidu, equivalente chinês do Google, criada por Robin Li, que teve sua empresa como a primeira chinesa a entrar na Nasdaq.

domingo, 12 de junho de 2011

Entrevista com Antonio Escohotado - PARTE I

Entrevista com Antonio Escohotado, parte I de II.


Tradução: Fernando Beserra
Fonte em espanhol: La paradoja de la percepción




Conselho do Avô Psicodélico



                                   
Antonio Escohotado, autor de Historia General de las Drogas e um dos homens que mais tem estudado o tema de sua ilegalidade fala com LOFT sobre tudo o que não está bem com o sistema, prediz o futuro das drogas e comparte suas aventuras no mundo da inspiração narcótica.




Antonio Escohotado é um professor de filosofia e metodologia das ciências sociais na Universidade Nacional de Educação a Distância em Madri, que escreveu os três tomos sobre a história geral das drogas. Neste ano acabam de compilar suas três obras em um só tomo de 1542 páginas. Seu trabalho se converteu em um dos recursos de informação mais usados pelos interessados na temática das drogas. Escohotado é um avô psicodélico da Espanha, o que mais sabe sobre o tema, o que provou tudo e conservou a sanidade para nos contar. Um sábio para muitos, um charlatão para outros. Até de perigoso foi catalogado. E se o é, é porque suas idéias são convincentes e porque vão contra muitas das posturas dos policemakers dos últimos tempos em relação à regulação das drogas. A seus 62 anos, Escohotado segue usando a heroína para inspirar-se e o tabaco para viver. Em vez de palavras etéreas e argumentos descabelados (como poderia esperar-se de um veterano heroinômano) Escohotado utiliza sua dicção sofisticada e uma razão contundente para expressar sua crítica a forma em que é percebido atualmente o problema das drogas. Sua mente é audaz, perspicaz e, sobre tudo, prolífica. Tem escrito vários ensaios com matizes antropológicas e filosóficas. Entre eles “Realidade e substância”,”Da physis a polis”, “Majestades, ccrimenes y victimas”, “El espiritu de la comedia” – que foi celebrado com o “Premio Anagrama de Ensaio-“, “Rameras y esposas” e “La cuestión del cáñamo”. Com LOFT compartilhou sua doce maneira de ver o mundo.




Existe hoje algum problema com as drogas que não existia antes à humanidade?


Talvez o da sobre-abundância, porque por cada substância psicoativas antiga, hoje podem haver milhares. Isto cria, desde um ponto de vista positivo, muito mais meios para controlar e dirigir seus sentimentos e suas percepções, e, por outro lado, muito mais alarme social. É como o medo que podia gerar a aparição do livre pensamento no século XVII.


Marcha da Maconha na pauta do Supremo Tribunal

Fonte: Hempadao

por Renato Cinco
Galera,
Uma grande vitória da liberdade de expressão está próxima!
Pela primeira vez nossa coluna tem uma notícia nova. Pois como vocês sabem nosso papel aqui não é noticiar, mas fazer obsERVAções sobre as notícias.
Porém, agora a pouco recebi um telefonema do Mauro Chaiben, advogado da Marcha de Brasília, me avisando que uma das nossas ações (ADPF 187) no Supremo Tribunal Federal está pautada para ser votada na próxima quarta-feira, 15 de junho.

Esta ação tem como objetivo fazer com que o Supremo determine que é inconstitucional perseguir a Marcha da Maconha ou qualquer outro movimento que defenda a legalização das drogas.
A votação pode ser adiada, mas se rolar mesmo provavelmente será uma grande vitória, pois nenhum juiz poderá proibir a Marcha e nenhum dos nossos militantes poderá ser ameaçado de processo, como está rolando em Jundiaí.
E vamos twittar: “#LiberdadeSativaLover Grower não é traficante! Regulamentação já do cultivo para consumo próprio! #legalize”

sábado, 11 de junho de 2011

Ibogaina e tratamento da dependência


Antônio More/Gazeta do Povo

Antônio More/Gazeta do Povo / Diogo Busse, 28 anos, recorreu à ibogaína depois de anos usando substâncias químicasDiogo Busse, 28 anos, recorreu à ibogaína depois de anos usando substâncias químicasReabilitação

Ibogaína: droga usada para curar a dependência

Tratamento é feito com uma dose de substância extraída da raiz de uma planta africana. Medicamento não é regulamentado pela Anvisa
Publicado em 05/06/2011 | Gabriel Azevedo
 
Diogo Nascimento Busse, 28 anos, era usuário de drogas. Du­­rante 13 anos, a vida dele foi semelhante à de outros usuários: mesmo estudando e trabalhando normalmente, passava dias fora de casa e chegou a sofrer alguns acidentes. Tentou inúmeros tratamentos psiquiátricos, psicológicos, medicamentos e internações. Nada deu resultado. Sem saída, mas com esperança de largar a dependência, há dois anos e meio, a curiosidade empurrou Busse para uma substância pouco conhecida no Brasil: a ibogaína.

Substância extraída da raiz da iboga, arbusto encontrado em países africanos, a ibogaína é usada para fins terapêuticos no país há dez anos, por uma única clínica, com sede em Curitiba. Nesse período, 130 usuários de drogas usaram o medicamento, Diogo foi um deles. Há dois anos e meio livre do crack, o advogado e professor universitário conta como foi a experiência. “Foi um renascimento. Foi uma viagem espiritual, de autoconhecimento, expandiu meus horizontes. É inexplicável. Hoje eu analiso o passado e não tenho lembranças positivas daquele tempo”, diz.
De acordo com o médico gastroenterologista da clínica Bruno Daniel Rasmussen Chaves, a ibogaína produz uma grande quantidade do hormônio GDNF, que estimula a criação de conexões neuronais, o que ajuda o paciente a perder a vontade de usar drogas. A ibogaína, segundo ele, também produz serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer. A droga é processada na Inglaterra e vendida em forma de cápsulas. O preço de uma unidade, quantidade suficiente para o tratamento, gira em torno de R$ 5 mil.
“Não existe comprovação científica”
Atualmente, a ibogaína é usada em países como Nova Zelândia e Holanda. Nos Estados Unidos ela serve apenas para fins acadêmicos.
Leia a matéria completa
As imagens que as pessoas enxergam enquanto estão sob o efeito da droga, segundo o médico, são sonhos. “Não se trata de alucinações, a ibogaína não é alucinógena. É como sonhar de olhos abertos, só que durante muito tempo. Durante o sono temos apenas cinco minutos de sonhos a cada duas horas. Com a ibogaína são 12 horas”, explica Chaves.

Não é um milagre

Mesmo que os resultados sejam animadores – a taxa de recaída entre os usuários da ibogaína gira em torno de 15%, enquanto nos tratamentos convencionais varia entre 60% e 70% – a substância não é um milagre e nem faz tudo sozinha. De acordo com a psicóloga Cleuza Canan, que há mais de 30 anos trabalha com dependência química, os pacientes passam por três fases. “Avaliamos clinicamente e psiquicamente o paciente. Existe uma fase de desintoxicação. São necessários 60 dias de abstinência para o paciente ir para a ibogaína. Depois que ele toma, começa uma fase que consiste na reorganização e readaptação, com terapia individual e de grupo”, afirma.

A reportagem Gazeta do Povo conversou com ex-usuários de drogas que recorreram à ibogaína. Eles foram unânimes em afirmar que, depois de tomar a substância, nunca mais tiveram vontade de se drogar. “Eu nunca mais tive vontade. Aquela fissura desapareceu. A droga é apenas uma lembrança, nada mais que isso”, diz um paciente que não quis se identificar. Segundo Cleuza, a recaída só é possível se o paciente mantiver os mesmos hábitos. “Se ele frenquentar os mesmos lugares, conviver com os mesmos amigos, achar que está imune”, explica.

1962 : Timothy Leary reassesses DMT

Fonte: Psicodélico
1962: Timothy Leary reassesses DMT
Considerando a reputação Burroughs entre as drogas da comunidade na época, não é nenhuma surpresa que a sua descrição do DMT como "o terror das drogas 'iria ficar com a comunidade nascente até psicodélico Timothy Leary-se finalmente foi curioso o suficiente para experimentá-lo.
 

Timothy Leary
No outono de 1962, dando uma série de três dias de palestras para o sul da Califórnia Sociedade de Psicólogos Clínicos, eu caí em discussão com um psiquiatra que estava coletando dados sobre o DMT. Ele tinha dado a droga para mais de uma centena de indivíduos e somente quatro relataram experiências agradáveis. Este foi um desafio para a hipótese de configuração definida. De acordo com a nossa prova, e em consonância com nossa teoria, encontramos poucas diferenças entre drogas psicodélicas. Estávamos ceticamente convencidos que as diferenças elaborar clínica alegadamente encontradas em reações a diferentes drogas eram contos folclóricos psicodélica. Nós estávamos furando a nossa hipótese nula de que as drogas não tiveram efeito específico sobre a consciência, mas essa expectativa, preparação, clima emocional, e que o contrato com a droga dá-responsável por todas as diferenças de reação.
Estávamos ansiosos para ver se a lendária "droga do terror", DMT, caberia a definição da teoria dos conjuntos.
Uma sessão foi arranjada. Cheguei à casa do investigador, acompanhada por um psicólogo, um monge Vedanta e duas amigas. Após uma discussão longa e amigável com o médico, o psicólogo deitou em um sofá. Sua cabeça amigo repousava sobre seu peito. Sentei-me na borda do sofá, sorrindo, na expectativa tranqüilizador. Sessenta mg de DMT foram administrados por via intramuscular.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Eua libera e reprime ao mesmo tempo:política "chapadona" de drogas

Fonte: Hempadão

Os EUA não sabem o que fazer em relação a maconha. Aparentemente os americanos foram traídos pelo governo federal de Obama, que prometeu não perseguir pacientes da cannabis medicinal nos lugares onde a lei Estadual permite a prática. Enquanto alguns estados inauguram lojas enormes para o plantio, chamados de Wall Mart da Maconha – imaginem o tamanho! – outros sofrem forte repressão por parte da polícia.




Em Spokane, relata o Seattle Time, cerca de 40 farmácias que vendiam maconha foram fechadas. Sete delas, que existiam há um bom tempo, foram invadidas e seus donos foram presos. A liberdade só é garantida através de fianças. Frank Cikutovich, um advogado que representa os vendedores de Spokane, refletiu sobre a mudança: "Tivemos um período de dois anos livre para todos, quando foi como Amsterdam por aqui", disse ele.


A legalização estadual fez com que diversas pessoas obtivessem a licença necessária para abrir seus estabelecimentos, com uma série de regras a serem cumpridas. Acontece que agora, depois de um período de 06 meses e até 2 anos de início dos trabalhos, os dispensários recebem cartas do governo federal dizendo que suas licenças serão revogadas. A partir do dia 25 de julho o que antes era ilegal e passou a ser legal volta a ser ilegal. Entendeu? Não. Nem os donos e pacientes, que se veem em risco quanto ao seus remédios e receitas.


Vale lembrar que grande parte dos usuários de cannabis medicinal por lá são pessoas que realmente a usam de forma médica, com caráter de substituir remédios pesados pelo alívio da erva. Muitos acreditam que essas medidas tenham tudo a ver com a possível pretensão por re-eleição de Barack Obama.

Referência em Enteogenia

Site "La paradoja de la percepcion" é um excelente sítio virtual, com artigos muito interessantes, tratando desde enteógenos até teatro.

Fica a dica de sites de hoje do Enteogenico

Abraços antiproibicionistas!

Estudo da PF diz que óxi não é "nova droga", mas derivação da cocaína

O rótulo de "nova droga" concedido ao óxi Brasil afora não procede: a substância nada mais é que uma derivação da cocaína, apresentada nas formas de pasta base e base refinada. A constatação está em um estudo divulgado esta semana pela Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, cujo Serviço de Laboratório do Instituto Nacional de Criminalística informou que o entorpecente será tratado, de forma padronizada em todo o Brasil, como "diferente forma de apresentação da cocaína".
O estudo sobre o perfil químico da droga comparou amostras de óxi vindas do Acre, com apoio do programa de Perfil Químico das Drogas (Projeto PeQui) da PF. Foram analisados 20 microtubos da droga, apreendidas pela Polícia Civil entre os meses de janeiro e maio deste ano, e 45 envelopes com amostras de cocaína, resultado de apreensão da PF no Acre entre abril e maio passados. São desse Estado, frisa a PF, os primeiros relatos da existência de óxi, no ano de 2005.
Segundo o laudo assinado pelo perito criminal federal Ronaldo Carneiro da Silva Junior, até mesmo eventuais adulterantes como cal virgem, querosene e gasolina, identificados como próprios do óxi, são os mesmos da cocaína na forma de pasta base. Assim, continua o laudo, o trabalho "não confirmou (como se tem propagado) que tais substâncias seriam adicionadas na formulação do suposto 'óxi' em quantidades significativas".
Sobre os riscos de consumo da droga, o perito os atrelou predominantemente "ao alto teor de cocaína encontrado nas amostras, o qual pode alcançar taxas superiores a 80%, gerando, além de efeitos estimulantes e psicotrópicos mais pronunciados, um maior potencial de dependência e risco de overdose".
Fonte: UOL

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Stan Grof fala sobre estados holotrópicos

Excelente vídeo. Copiado diretamente do Plantando Consciência

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Diário pergunta: Você é a favor da legalização da maconha?

Vota lá - DIÁRIO

sábado, 4 de junho de 2011

Os especialistas do abstrato: ou quando Mircea Eliade soltou um pum!

Fonte: Hempadão
Reiteradamente afirmo neste espaço que os enteógenos já foram tratados, ao longo dos séculos, das mais diversas formas. Chego mesmo a ser chato. Mas, hão de convir que muito mais desagradável foi a abordagem de poetas e antropólogos renegando a mater scientia – a calorosa mãe ciência, que tanto guarda de moral em seus seios fartos – e colocando preconceitos pessoais na frente dos bois.
Para começar, podemos citar ainda no século XIX, o tradicional livro “Os paraísos artificiais” de Charles Baudelaire, onde o poeta julga maravilhosamente o vinho – fonte e meio para o alcance de grandes alturas – e de forma horrenda o haxixe. O dr. da poesia chega a afirmar em seus “Exórdio para as conferências dadas em 1864 em Bruxelas”:
“Em tudo isto há muita coisa que tem que ver com os médicos. Ora, eu quero fazer um livro não de pura fisiologia, mas sobretudo de moral. Quero provar que os buscadores de paraísos fazem o seu inferno, preparam-no, cavam-no com um resultado cuja previsão talvez os horrorizasse”.
Ao lado do catolicismo farmacológico de Baudelaire, encontramos as visões de um autor mais contemporâneo, que escreveu no século XX, e que foi um dos maiores antropólogos e historiador das religiões do seu século. Estamos falando de Mircea Eliade. Apesar de sua área de estudo, jamais havia mencionado os enteógenos, sendo que escreveu um dos mais famosos livros sobre xamanismo: “Xamanismo e as técnicas arcaicas de êxtase”. Foi no período onde Eliade, também envolvido com a extrema direita, estava na ativa como professor, pesquisador e escritor que Robert Gordon Wasson, um banqueiro, criador da etnobotânica, realizava seus estudos do consumo de fungos enteogênicos na Rússia, do Soma (Amanita muscaria) e, finalmente, do consumo de enteógenos nas Américas. Infelizmente, como é difícil encontrar livros traduzidos sobre a temática, os de Wasson não fogem a regra.
Em sua obra sobre o Soma, Wasson cita passagens de Eliade sobre o “embriagantes xamânicos”. O antropólogo romeno chega a dizer que a “embriaguez mediante drogas (cânhamo, fungos, tabaco, etc) era um fenômeno recente que representava “a decadência dos xamãs de hoje”, embora Eliade fale deste modo, em nenhum livro cita referências ou um estudo da temática. Chega a dizer: “Os narcótico são só um vulgar substituto do transe ‘puro’”. Entretanto, a partir da obra de vários outros autores observamos que o uso de enteógenos remonta a milênios e era parte fundamental da cultura dos povos tradicionais (cf. La planta de los dioses; Pharmacotheon; Alimento dos deuses). Os próprios usos de substâncias não tradicionais por xamãs, a exemplo do álcool em alguns locais, ou mesmo do tabaco, não constitui necessariamente uma deterioração. Várias bebidas ou mesmo o tabaco foram incorporados em várias culturas de forma ritualizada, e só degeneraram quando da completa invasão do “homem branco” e sua destruição das culturas tradicionais.
Finalmente, o que para Eliade era degenerado, vulgar substituto, para Wasson foi “a religião pura e simples, livre de toda teologia, livre de dogmatismos, que se expressa com temor e reverencia, em voz baixa, quase sempre de noite, quando a gente se congregava para consumir o Elemento Sagrado”.
De forma tardia Eliade reconheceu o papel das “drogas” nas religiões, embora tenha dito, numa palestra ele não desejou ser questionado sobre este papel, e, ao ser perguntado, disse “não sei nada acerca delas”, e concluiu no auge da moralidade: “Não gosto dessas plantas”.
Para evitar a fadiga, como diria o mestre Jaiminho, encerramos hoje por aqui lembrando que os enteógenos são tão naturais e tão humanos, provavelmente sendo consumidos antes mesmo do neolítico, quanto um simples e singelo pum. O radical idealismo, daqueles que não vê que a base biofisiológica que estamos ligados e que pode ser aprimorada, não se atenta ao fato de que grandes figuras da humanidade comiam e cagavam. O fazer alma (soul-making) está nas relações com o mundo, da roda xamânica à Marcha da Maconha.

Vereador baiano assume fumar maconha e defende legalização

Opinião Enteogênico:

É fundamental que autoridades políticas, acadêmicas, e outras, possam falar de seu uso de cannabis, entretanto, sabemos que é um risco, caso não existe um bom "escudo" no qual se amparar. Mais fundamental até do que falar do seu uso, ato privado e que só lhe diz respeito, é a defesa de outro modelo de organização para lidar com as substâncias psicoativas, seus usos, seu comércio e sua produção. É louvável que o vereador possa tocar no tema. Infelizmente, na sociedade em que vivemos, falar do uso pessoal, por vezes, ainda implica uma "desvalorização", esta completamente relacionada ao preconceito e ao estigma.

O que deve ser avalido, neste caso, não é o uso ou não de uma substância, mas o discurso e o trabalho da pessoa que fala. Na fala do dito vereador, é positiva, por mobilizar o debate para a regulamentação da cannabis, que vem tomando frente em todo Brasil.



Thiago Guimarães, iG Bahia

Um vereador do município baiano de Medeiros Neto (869 km de Salvador) assumiu ser usuário de maconha e defendeu a legalização da droga. Cristiano Alves da Silva (PMN) está no terceiro mandato como vereador de Medeiros Neto, cidade de 21 mil habitantes no extremo sul da Bahia.
O vereador revelou o hábito durante uma sessão da Câmara de Vereadores da cidade. “Tenho 37 anos e fumo há mais de 20”, disse, segundo relato de um jornal local. “Estou aqui para defender que o usuário não é criminoso e que o Estado poderia estar ganhando ao legalizar a maconha, que é muito menos prejudicial que outras drogas, inclusive o cigarro”, afirmou durante a sessão.
O delegado da cidade, Kléber Guimarães, afirmou à imprensa local que vai investigar a sessão da Câmara para verificar se houve apologia ao uso de drogas por parte do vereador.
Em entrevista a uma rádio de Salvador nesta sexta-feira (3), Silva reafirmou o hábito, mas negou que faça apologia à droga. O vereador, conhecido na cidade como “Pintão”, já presidiu o Legislativo municipal e é primeiro secretário da União de Vereadores da Bahia.

Foto: Reprodução Google Maps Ampliar
Medeiros Neto fica no sul da Bahia, a 869 quilômetros de Salvador
“Nunca ofereci um baseado a nenhum eleitor, nunca levantei a bandeira do uso da maconha pra fazer política, para fazer campanha. Fumo meu baseado porque gosto de me sentir bem e, na realidade, eu fumo um de manhã, meio-dia e à tardezinha, nos horários que quem fuma maconha gosta de usar, a verdade é essa”, disse o vereador.
O político confirmou que compra a droga de traficantes. ”A gente, na verdade, não tem dificuldade para ter posse dela, a realidade é essa. Devia poder comprar em cafés, de forma regulamentada, e que o governo tivesse controle disso. Com certeza meu dinheiro está indo parar em mãos que gostaria que não fosse parar.”
O tema da descriminalização do uso de drogas tem sido objeto de discussão recente em decorrência do episódio da repressão policial à “Marcha da Maconha”, em São Paulo, e por ocasião da estréia do documentário “Quebrando o Tabu”, de Fernando Grostein Andrade, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) defende a descriminalização.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Debate sobre legalização das drogas chega com força ao Congresso

Fonte: Sul21

Felipe Prestes

Depois de ganhar as ruas com marchas organizadas nas principais capitais do país, o debate sobre a legalização das drogas está chegando com força ao Congresso nacional. Primeiro, a discussão que costumava ser entre juízes vaidosos, policiais com seus cassetetes e a voz dos manifestantes, chegou às salas de cinema, com a produção do filme “Quebrando o Tabu”, de Fernando Grostein Andrade, que defende a descriminalização das drogas com depoimentos de ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso, Jimmy Carter e Bill Clinton. A repercussão do filme alcançou a grande imprensa, culminando com uma reportagem no Fantástico, no último domingo (29). E, dali, reverberou imediatamente no Congresso.

– Creio ser chegado o momento de o Parlamento discutir o assunto numa série de audiências públicas, com especialistas contrários e favoráveis à descriminalização, além de estudarmos os exemplos de outros países para, juntamente com toda a população brasileira, decidirmos o caminho que o Brasil deve adotar com relação à descriminalização – disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), na tribuna do Senado nesta segunda-feira (30).

Ontem (1), a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou requerimento da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) para convidar o ex-presidente Fernando Henrique a debater o assunto na comissão. A senadora frisou que o requerimento fora feito antes da repercussão do filme, ainda no dia 10 de maio. Por sugestão do senador Cícero Lucena (PSDB-PB), também será convidado a falar na CAS o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que até então vinha sendo uma voz quase solitária na defesa de uma nova legislação para as drogas.

Portugal pode ser modelo


Senador Eduardo Suplicy