Noticiamos que uma psicóloga foi presa acusada de tráfico de DMT (Dimetiltriptamina), além de terem encontrado em sua posse maconha e LSD. A psicóloga em questão é Lizandra, segundo o jornal da band.
Escrevemos um apoio a psicóloga no nosso último post e vamos esclarecer o motivo deste apoio, considerando os comentários de “Paulo” no último post. Para quem não está acostumado as discussões sobre política de drogas, sabe-se que cada vez mais as ações de “guerras as drogas”, em última análise, “guerra as pessoas usuárias de drogas”, são, em termos pragmáticos, econômicos, sociais, um enorme fracasso. Este fracasso é reconhecido por um número cada vez maior de autoridades e especialistas e tem motivado a transformação das políticas de drogas em todo o globo. Para os números deste fracasso, basta dar uma espiada nos dados do LEAP (Law Enforcement Against Prohibition), disponíveis no site do grupo ou mesmo no site dos SSDP (Students for a Sensible Drug Policy), além dos tradicionais sites brasileiros: Coletivo Desentorpecendo a Razão, a ONG Psicotrópicus, o Hempadão, sem esquecer o extinto blog do O Globo “Sobre Drogas”.
A procura por uma política mais sensata nos leva a re-ver o último século de política de drogas, original em sua proibição internacional via ONU (ou UNODC) e baseada na política estadunidense, por sua vez, fonte de argumentos torpes, racistas e puritanos (para conhecer um pouco desta história remeto o leitor aos livros de Antonio Escohotado, a exemplo do Historia de las drogas 1, 2 e 3, ou seus resumos Historia Elementar das Drogas ou Drogas de las origenes a la prohibition). Também o blog Istikhara.
Portanto, urge que tiremos da prisão pessoas que não são violentas, que não estão armadas, mesmo que façam o mercado de substâncias ainda ilícitas. O DMT não é novidade! Não é “droga nova”. O DMT é um princípio ativo, sintetizado, e que foi proibido junto com outros princípios ativos pelas convenções irmãs da ONU na década de 70, visando perseguir os grupos contestadores da época. Tais proibições destruiram pesquisas que poderiam melhorar a vida de muita gente. Isso acabou com os estudos animadores de psicoterapia com enteógenos, que, finalmente, tem sido retomados.
Em todas as sociedades conhecidas o uso de substâncias psicoativas é onipresente, e a própria ONU já reconheceu o quanto é falacioso seu próprio comentário da “Sociedade livre das drogas”, que tinha até data prometida. A data da "sociedade livre das drogas" passou e, bem, as "drogas" não. Precisamos de educação, não de prisões. Precisamos de políticas de redução de danos, diretriz atual do Ministério da Saúde para atuarmos da melhor forma no uso de substâncias psicoativas, mesmo as tornadas ilícitas. Especialmente no uso indevido destas substancias.
Devemos pensar, portanto, nas especificidades do DMT ao invés de procurar simplesmente argumentos inverossímeis e sensacionalistas do tipo “Psicóloga presa com droga 7x mais forte que LSD”. Isso soa ridículo! Onde estão as pesquisas?
O projeto de lei do deputado do PT Paulo Teixeira, visa descriminalizar o usuário e permitir penas alternativas para o pequeno traficante (pego desarmado e com quantidades definidas de cada substância). A própria descriminalização deve ter quantidades definidas de cada substância que é possível portar para diferenciar o usuário do traficante, como foi feito recentemente na República Tcheca. Para saber mais sobre a idéia de Teixeira: VEJA AQUI.
Continuamos discutindo.
Abraços Antiproibicionistas.
2 comentários:
Pais Da Hipocrisia é Foda Bicho!
Rs
O problema é aqui, ali, no vizinho, na gente mesmo... e vamos tentando fazer o que está ao nosso alcance, se não uma revolução, ao menos reduzir os danos!
Abç
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