sábado, 29 de janeiro de 2011

Comandante vira caçador de drogas no Paraná


policia-crime1
por Marco Hollanda (diretamente do Hempadão)

Mais do que provocar uma violência que poderia ser evitada, a guerra às drogas também é responsável por alimentar o ódio e a intolerância contra usuários. Os extremos desta linha de ação foram expostos com feridas macabras como um história que chegou de Curitiba (PR). O ex-comandante dos bombeiros Jorge Luiz Thais Martins é suspeito de matar nove usuários de drogas como forma de vingança pelo assassinato do seu filho em outubro de 2009.

As investigações da polícia do Paraná apontaram os usuários de drogas como suspeitos do assassinato do filho do comandante durante uma tentativa de assalto. Na época, dois homens foram detidos mas foram liberados por falta de provas.


A partir deste momento começou a vingança do homem que decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Mas as nove vítimas fatais da vingança de Jorge Martins não tinham nenhuma relação com crime que resultou na morte do seu filho. Chama atenção o fato de todos serem usuários de drogas e estarem no mesmo bairro onde ocorreu o crime que resultou na morte do filho.

Um jovem que sobreviveu a ação do comandante - e reconheceu o autor do crime por meio de fotos - revelou em depoimento a polícia que ele andava armando pelas ruas a caça de usuários de drogas. Jorge Martins, que ainda não é considerado foragido da justiça, é aguardado na Delegacia de Homicídios da cidade.

A história com enredo típico de um filme de serial killer revela o que infelizmente uma grande parte da população brasileira pensa sobre usuários de drogas. É provável que muitos pais de família levantem a voz para defender a atitude do comandante por diminuir o número de drogados no mundo.

A negligência da guarda, que também é de grande parte da sociedade, é talvez o pior sentimento deste tipo de preconceito: o total desprezo pela vida de alguém que é usuário de drogas. Comportamentos como este são semelhantes aos que foram proclamados pelas ideologias mais macabras que já existiram no Planeta.

O próprio sentido popular do rótulo "usuário de drogas" carrega o peso da incoerência da política repressiva. O senso comum que classifica como drogado apenas o consumidor de drogas ilícitas esquece do amigo alcoólatra e as vezes até do próprio Rivotril que toma antes de dormir.

Se a legalização da maconha parece ser uma realidade cada vez mais próxima, o rótulo de "drogado", e todo sentido negativo que este vocábulo carrega, parece algo bem mais complexo de ser solucionado.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Documentário sobre a maconha

Excelente documentário:

sábado, 22 de janeiro de 2011

Saida de Abramovay: dez pés atrás!

A matéria abaixo é da Folha.com. Infelizmente Pedro Abramovay sai do Senad (secretaria nacional sobre política sobre drogas), onde iniciou com pé direito, pensando sobre novas estratégias para superar os fracassos e insucessos da guerra as drogas. 

Forças poderosas, que fortaleceram ao longo do último século um forte "narcotráfico" armado e perigoso, aparentemente continuam com muita força no governo. Neste sentido podemos citar a declaração do ministro da justiça, dentro de nossas (in)justas políticas de droga, que disse que os planos do governos eram opostos aos de Abramovay, isto é, que o (des)governo brasileiro pretende endurecer as penas para quem participasse de organizações criminosas.


Matéria abaixo:

Pedro Abramovay, que irritou o governo ao defender o fim da prisão para pequenos traficantes, deixou a Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas). É a primeira baixa importante do governo Dilma.

Visto como um jovem "prodígio" dentro do governo Lula, Abramovay ocupou a Secretaria Nacional de Justiça. Assumiu a Senad no início do ano, quando ela passou para o Ministério da Justiça.

Luciana Whitaker-05.jun.2009/Folhapress
Em entrevista há cerca de 10 dias ao jornal "O Globo", Abramovay se mostrou favorável que o governo enviasse ao Congresso um projeto para tornar padrão um entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) que respalda o uso de penas alternativas para a lei de drogas.

Os juízes poderiam, dessa forma, aplicar penas alternativas a quem se encontra na situação intermediária entre usuário e traficante, desde que fosse réu primário.

A afirmação irritou o Planalto. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, descartou que o governo estivesse analisando a proposta e disse que se tratava de uma declaração de cunho "pessoal" de Abramovay.

Cardozo chegou a dizer que a proposta do governo era oposta, com endurecimento da pena para quem participasse de organizações criminosas.

Abramovay será substituído pela secretária adjunta da Senad, Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Discussões Multidisciplinares sobre uso, abuso e dependência de drogas

Organizado pela ABRAMD – Associação Brasileira Multidisciplinar Estudo Sobre Drogas, o ciclo de debates tratará com profissionais e público geral sobre a visão multidisciplinar do uso abuso e dependência de drogas.
Onde: Unidade de Dependência de Drogas-UDED: rua Napoleão de Barros, 1038,
Vila Clementino, São Paulo – SP
Quando: fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro 2011, confira a programação abaixo.
Quanto: gratuito
Programação:

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pondo fim a inútil Guerra as Drogas - por FHC

Análise anterior também do Coletivo DAR

O seguinte texto de Fernando Henrique Cardoso foi publicado em inglês no jornal australiano “The Age” no dia 27 de dezembro do 2010 e pode ser conferido na sua versão original em http://www.theage.com.au/opinion/politics/ending-the-futile-war-on-drugs-20101226-197v8.html.

O FHC é uma figura que deve ser encarada com ressalvas no cenário dos debates anti-proibicionistas. Se trata de uma figura pública com grande potencial de influência, especialmente nos meios mais tradicionalmente conservadores. No entanto, seu discurso é bem limitado e de moderação franca, apontando a descriminalização da maconha como horizonte. Por um lado reivindica a questão das drogas como caso de saúde pública, ponto pacífico até para quem não defende o anti-proibicionismo. No entanto, nada é dito a respeito da criminalização da pobreza ou da necessidade de se legalizar o mercado das drogas ilícitas como forma de inviabilizar os enormes lucros do crime organizado.

Há de se criticar o discurso “centrista” que vê a descriminalização como objetivo, mas há também o que se comemorar: não é algo que passa batido uma figura pública do porte do FHC defendendo idéias anti-proibicionistas que há 10 anos seriam totalmente rechaçadas pela mídia e pela opinião pública.

Enquanto isso, esperamos que artigos como este voltem a ser escritos para jornais brasileiros, e não só no exterior.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Miley Cyrus e a Salvia Divinorum

 - Diretamente do Hempadão - por Fernando Beserra


Recentemente Miley Cyrus, atriz que protagonizou o seriado Hannah Montana, foi filmada em seu aniversário fumando um bong. A noticia repercutiu como se a famosa jovem tivesse fumado cannabis, isto é, maconha, entretanto, ela mesma informou que teria fumado Salvia divinorum. Muitas notícias sensacionalistas vieram desta informação, já que a Salvia divinorum, embora tenha sido cada vez mais utilizada nos EUA, ainda não é muito conhecida mesmo por muitos “especialistas” em substâncias psicoativas.
De modo geral, tem-se dito apenas que a Salvia divinorum é perigosa por ser um “alucinógeno” podendo causar toda série de alucinações, desrealização, delírios, em suma, desorientações da senso-percepção, do pensamento e dos afetos, facilitando atitudes auto-destrutivas como um caso narrado de suicídio após um uso semanal da substância. Desta forma, cresce o número de pessoas pedindo sua proibição, já que a Ska pastora – nome original da planta - não possui legislação específica na maior parte do mundo, não sendo legalizada, pois sequer chegou a ser proibida nestes locais.

Com efeito, pouco tem sido teorizado, provado, ou refletido a luz de uma análise menos comprometida com preconceitos, estereotipias e pré-julgamentos, baseados no proibicionismo enquanto política de drogas do common sense (construído no último século, diga-se de passagem). A partir de tais notícias, são forçadas causalidades suspeitas, com o intuito de levar o espectador a crer que uma substância teria o potencial de produzir, isoladamente, um comportamento. Trata-se de um reducionismo que elimina da análise toda a existência anterior do sujeito, todas suas outras vivências, expectativas, desejos, etc., reduzindo toda sua complexa vida a um fator, doravante sombrio: “O uso de uma substância”.

A Salvia divinorum é uma planta da família das Labiatae, da família da Menta, que contêm o diterpenóide salvinorina A e B, sendo a primeira o principal princípio ativo da Sally-D, como ficou conhecida nos EUA. Esta planta, singular entre os enteógenos, portanto, de difícil comparação com outros enteógenos, era consumida no México por povos tradicionais da região. Ela era utilizada em ritos e, assim como outros enteógenos usados na região, visava a produção de um contato com a realidade sobre humana que, com um risco de erro, podemos chamar de “numinosa” ou extra-ordinária. Assim, no contato com tal realidade os curandeiros poderiam chegar a diagnósticos de doenças, curas ou mesmo levar o doente a resignação diante de doenças intratáveis. De acordo com Maria Sabina (sábia dos cogumelos, como ficou conhecida) a Salvia D. era utilizada na ausência dos cogumelos psilocíbicos, estes sim bem mais populares entre os povos indígenas mazatecas.

Considerados por alguns como um enteógeno menor, por outros como o enteógeno par excellence (Bigwood), a Salvia D. permanece como uma substância misteriosa. Foi chamada também, por Diaz, junto as Cannabis e a Calea zacatechichi de Onirógena, ou seja, produtora de sonhos. A dificuldade do uso tradicional, que se dava mastigando as folhas, se dá pelo péssimo gosto. Embora não-índios já utilizem a Salvia d. fumando-a desde o início da década de 1970, é mais recente a popularização de “extratos” da Maria Pastora para o fumo. Tais extratos visam, pela combinação de folhas e potencialização do princípio ativo, um uso facilitado e mais forte, levando o uso da Salvia divinorum a outros patamares. Tais usos são inéditos e chegamos a usos, portanto, preocupantes se não tivermos estudos que nos levem a visualizá-lo sem o prisma do preconceito e da misantropia. Usos com riscos, pois se o uso tradicional da Salvia d. possui uma segurança atestada pela longa história de seu uso por povos tradicionais, por outro lado, tais extratos chegam a potencializar o uso da Sally-D em 5, 10, 20 ou mesmo 50 vezes.

Não há dúvidas de que ao lado de usos não problemáticos da Salvia divinorum, usos com conhecimento de causa, com intenções elaboradas e em contextos apropriados, usos indevidos tem sido realizados, sem o menor cuidado com “quantidades” do uso, elaboração de finalidades, preparação de cenário, etc., levando a situações que colocam em risco os usuários. Notícias sensacionalistas como ocorreram tantas vezes no “caso” de Miley são preocupantes, pois podem induzir ou potencializar usos inadivertidos, já que o assunto não foi discutido, apenas o uso da atriz demonizado. Tal uso demonizado contribui, além do nosso já escasso conhecimento da Salvia divinorum, para a invenção de estereótipos sombrios entre os usuários da Sally D. o que já ocorreu tantas vezes na história do uso de substâncias psicoativas tornadas ilícitas.
É preocupante, muito mais do que com o uso da Salvia D. por psiconautas, o uso desta planta por jovens que visam utilizá-la apenas ludicamente, mas, sem o processo de busca ativa de informações sérias que levem a estratégias de uso mais sadias. Sem tal busca por um uso mais responsável, corremos o risco, devido à estrutura de efeito da planta, especialmente em extratos bastante fortes, de produzir bad trips em grande quantidade nestes novos usuários, que nem sempre estão preparados – ou possuem um círculo protetor – para que tais peias venham a se tornar alimento para transformações positivas em suas vidas.

Outro risco que deve ser combatido seria a proibição da planta, como toda proibição, vulgar, pois oculta e impede estudos que visariam produzir outras qualidades de uso, sejam medicinais, visando transformações pessoais ou mesmo usos lúdicos. Trata-se de possibilitar diferentes usos, ao invés de um combate contra pragmático, re-vendo, re-imaginando, e caminhando sempre para a diminuição de riscos e danos, levando em consideração que o uso não cessará pela via da proibição, mas a proibição apenas poderá tornar mais nebuloso tal cenário, por exemplo, com a criação de “novos produtos” do mercado ilegal com misturas nocivas para a saúde dos usuários, além da contribuição de mais um produto para traficantes violentos – frutos da proibição - venderem sem qualquer regulamentação, para pessoas de qualquer idade ou saúde mental.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ronaldo Laranjeira: Especialista em drogas?

O Hempadão nos brindou com o sensacional vídeo sobre o Ronaldo Laranjeira. Quem não sabe, Ronaldo Laranjeira é hoje um dos maiores defensores da Guerra as Drogas, por conseguinte - pensamento lógico - do manutenção do tráfico de drogas e da morte de tantos usuários e não usuários, brancos e negros, que são obrigados a viver na ilicitude para manter a liberdade de alterar o seu próprio sistema nervoso. Diferente do que Laranjeira diz, Antonio Escohotado, com sua monumental Historia de las drogas, sempre demonstrou com ampla pesquisa que a Saúde Pública não é e nunca foi o motivo da proibição das drogas, assim como a legalização das drogas onde existiu não resulta num aumento do "problema das drogas".

Vamos ao vídeo para rir um pouquinho:

Dica de Site

Mais um dica de site entra linha. Um dos grandes pesquisadores brasileiros de enteógenos, em especial da ayahuasca, criou o site "Banisteria". Estamos falando de Rafael G. do Santos. Para ver o site referência para os psiconautas e pesquisadores de plantão, clica aqui!

domingo, 9 de janeiro de 2011

DMT: A Molécula do Espírito

Recentemente divulgamos uma notícia triste, a saber, a prisão de uma psicologa acusada de tráfico de dimetiltriptamina (DMT). De forma um pouco mais elaborada, criticamos a prisão e falamos um pouco sobre história das substâncias psicoativas no site Hempadão. O site O Mundo Mágico do Cogumelo divulgou uma tradução do documentário "DMT: a molécula do espírito" num momento ideal, isto é, quando se inicia a discussão sobre o DMT com uma série de preconceitos. Portanto, cabe um agradecimento especial a WeedRoots TV e aos que tiveram o trabalho de tradução do vídeo.


O pessoal do Mundo Mágico do Cogumelo ainda nos brindou com uma excelente introdução ao documentário, que reproduzimos abaixo:

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Portas da Percepção no Hempadão: Enteógenos - Aldous Huxley

Fonte: Hempadão

Para quem não sabe, as Portas da Percepção é um espaço de debate sério, por muita vezes de denso entendimento, proposto pelo nosso amigo e grande conhecedor dos enteógenos, Fernando Beserra. Hojes vale a pena contextualizar o nome dessa editoria a sua referência, oferecendo ao leitor do Hempadão um pouco da literatura de Aldous Huxley no livro "As Portas da Percepção":



 
Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós. Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados em uma única autotranscedência; debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão. Sensações, sentimentos, concepções, fantasias – tudo isso são coisas privadas e, a não ser por meio de símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares.

Muitos desses universos são suficientemente semelhantes, uns aos outros, para permitir entre eles uma compreensão por dedução, ou mesmo por mútua projeção de percepção. Assim, recordando nossos próprios infortúnios e humilhações podemos nos condoer de outras pessoas em circunstâncias análogas: somos até capazes de nos pormos em seu lugar (sempre, evidentemente, em sentido figurado). Mas em certos casos a ligação entre esses universos é incompleta, ou mesmo inexistente. A mente é o seu campo, porém os lugares ocupados pelo insano e poelo gênio são tão diferentes daqueles onde vivem o homem e a mulher comuns que há pouco ou nenhum ponto de contato na memória individual para servir de base à compreensão ou a ligações entre eles. Falam, mas não se entendem. As coisas e os fatos a que os símbolos se referem pertencem a reinos de experiências que se excluem mutuamente.

Contemplarmo-nos do mesmo modo pelo qual os outros nos vêem é uma das mais confortadoras dádivas. E não menos importante é o dom de vermos os outros tal como eles mesmo se encaram. Mas e se esses outros pertencerem a uma espécie diferente e habitarem um universo inteiramente estranho? Assim, como poderá o indivíduo, mentalmente são, sentir o que realmente sente o insano? Ou, na iminência de ser reencarnado na pessoa de um sonhador, um médium ou um gênio musical, como poderíamos algum dia visitar os mundos que para Blake, Swedenborg ou Johann Sebastian Bach eram seus lares? E como poderá alguém, que esteja nos limites extremos do ectomorfismo e da cerebrotonia, pôr-se no lugar de outrem que ocupa o limite oposto do endomorfismo e da viscerotonia ou (a na oser dentro de certas áreas restritas) compartilhar dos sentimentos de um terceiro que se situe no campo do mesomorfismo e da somatotonia? Para o behaviorista inflexível, tais proposições – suponho eu – são desprovidas de sentido. Mas para aqueles que aceitam, do ponto de vista teórico, aquilo que, na pratica, sabem ser verdade – isto é, que a experiência possui dois aspectos, um externo e outro interno -, os problemas apresentados são reais e tanto mais sérios por serem, alguns, inteiramente insolúveis, e outros só poderem ser resolvidos em circunstâncias excepcionais e por métodos que não se acham ao alcance de qualquer um. É, pois, quase certo que jamais poderei saber o que sentem sir John Falstaff ou Joe Louis. Por outro lado, sempre me pareceu possível que, por meio do hipnotismo, do auto-hipnotismo, da meditação sistemática, ou ainda pela ação de uma droga apropriada, eu pudesse modificar de tal forma minha percepção normal que fosse capaz de compreender, por mim mesmo, a linguagem do visionário, do médium e até do místico

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Instalação artística testa reação a consumo de alucinógenos por renas

Fonte: Folha.com e também no Blog da Bia Labate

Uma instalação de arte em uma estação abandonada de trens em Berlim, na Alemanha, vem testando a reação das pessoas à sugestão do consumo de cogumelos alucinógenos por um grupo de renas. 

A urina das renas, supostamente também alucinógena após o consumo dos cogumelos, é misturada à comida de canários, camundongos e moscas, para que eventuais mudanças de comportamentos nessas criaturas também possam ser observadas. 


David von Becker/Divulgação   
Instalação na Alemanha testa reação das pessoas à sugestão do consumo de drogas alucinógenas por renas
Instalação na Alemanha testa reação das pessoas à sugestão do consumo de drogas alucinógenas por renas  

Doze renas, 24 canários, oito camundongos e duas moscas são divididos em dois grupos iguais na exposição, permitindo aos visitantes observar o comportamento dos animais que supostamente ingeriram o alucinógeno e comparar com o comportamento dos outros que não o ingeriram. 

O consumo do cogumelo pelas renas é sugerido, mas não confirmado, o que torna a experiência ainda mais intrigante -- as eventuais diferenças de comportamento entre os dois grupos possivelmente observadas pelos visitantes são fruto de uma alteração química real ou produto da imaginação dos observadores? 

Para completar a experiência, uma cama de hotel foi montada no meio da instalação, sobre uma base que lembra a forma de um cogumelo, permitindo a duas pessoas pernoitar no local a cada dia, ao custo de mil euros (cerca de R$ 2.230). 

O pernoite dá direito a provar a urina das renas, armazenada em refrigeradores localizados nos dois lados da instalação -- um para as renas que supostamente consumiram os cogumelos e outro para as que não consumiram. 

Os visitantes não sabem qual grupo de renas consumiu os cogumelos --se é que consumiu mesmo--, o que torna a possibilidade de provar a urina para ficar sob o efeito da droga uma espécie de loteria. A pessoa pode acabar simplesmente tomando urina de rena sem efeito nenhum. 

ESCRITURAS SAGRADAS
 
A instalação Soma, que fica no museu Hamburger Bahnhof, em Berlim, até o início de fevereiro, é fruto da imaginação do artista alemão Carsten Höller, de 49 anos, engenheiro agrícola de formação. 

Ele se baseou no Rigveda, a primeira das escrituras sagradas do hinduísmo, escrita por volta de 1.500 antes de Cristo, que traz referências a uma bebida chamada Soma e que supostamente daria a imortalidade a quem a provasse. 

A substância, ingerida por humanos e também pelos deuses, traria iluminação e acesso à esfera divina, além de sorte, riqueza e vitórias. 

Em 1967, o banqueiro e pesquisador amador americano Robert Gordon Wasson publicou um estudo no qual afirmava que a substância à qual o Rigveda trazia referências era o cogumelo alucinógeno Amanita muscaria, consumido pelas renas em seu habitat natural na Sibéria. 

Höller partiu desse princípio para testar a relação entre a arte e as drogas e verificar as alterações de percepção promovidas por um e por outro. 

O material de promoção da exposição afirma que o artista "desenvolveu um cenário entre laboratório e visão, suposta objetividade e elevada subjetividade" utilizando todo o hall central da antiga estação de trem.
"Diante dos olhos dos observadores se desdobra uma 'pintura viva', um campo experimental simétrico, dividido em duas partes por uma linha central e que compara o mundo ordinário com o reino da Soma em uma experiência de imagem dupla", explica o texto. 

"Esta é uma experiência que encontra sua realização na imaginação do observador e cuja avaliação está sujeita ao seu poder de observação", conclui.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Salvia divinorum

Nós prometemos e eis ai, um texto de referência para conhecermos um pouco mais da Salvia divinorum. A leitura do Jonathan Ott não é das mais fáceis e seu conhecimento é exposto em profundidade, mas, para quem corre o risco de ficar sem compreender plenamente uma ou outra passagem, ganhará um enorme conhecimento sobre esta antiga e tradicional planta: Ska Pastora. Em breve ainda traremos um texto síntese tratando do caso da atriz de "Hanna Montana", Milley Cyrus, recentemente "flagrada" fumando Salvia divinorum.
        
  Pharmacotheon – Jonathan Ott (páginas 377-380)
  Tradução: Fernando Beserra
  Sub-capítulo: Salvinorina A e Ska Pastora



As salvinorinas são um grupo de diterpenóides não nitrogenados obtidos da pouco conhecida planta enteogenica mexicana Salvia divinorum, da família das Labiatae ou Lamiaceae, a família da menta. Diterpenóides similares como a salviarina e a splendidina foram isoladas da Salvia splendens e de outras espécies do gênero Salvia (Savona et al. 1978; Savona et al, 1979). Estes diterpenóides podem ser que constituam uma nova família de compostos psicoativos. A loliolida, um repelente de formigas, foi obtida recentemente da Salvia divinorum (Valdés 1986). Salvia occidentalis se utiliza por suas virtudes analgésicas entre os índios cuna do Panamá (Duka 1975). No passado se especulou que Salvia persepolitana poderia ser o antigo enteógeno iraniano haoma (veja capítulo 4; Doniger 1987 O´Flaherty 1968). Inclusive a salvia utilizada correntemente na cozinha Salvia officinalis pode produzir “intoxicação e vertigem” se se cheira por muito tempo (Duke 1987). A colforsina (conhecida habitualmente como forskolin e seu distereomero o coleonol) é um diterpenóide relacionado que procede de outra planta da família das Lamiaceae, Coleus barbatus, conhecida correntemente como C.forskohlii (Ammon e Muller 1985; Valdés et al. 1987b) havendo-se demonstrado que possui propriedades hipotensoras (Dubey et al. 1981). Duas espécies de Coleus não originárias do México, C.blumei e C.pumila são consideradas por alguns xamãs mazatecas como pertencentes a mesma “família” da Salvia divinorum, mas sua composição química e propriedades farmacológicas seguem sendo desconhecidas (Wasson 1962b). Coleus blumei se utiliza em medicina tradicional da Samoa como remédio para a elefantíase (Uhe 1974). Outra espécie do gênero Coleus se usava entre os nekematigi da Nova Guiné no tratamento das dores de cabeça (Johannes 1975). Uma espécie de menta amazônica, Ocimum micranthum, foi assinalada como aditiva das poções enteogências de ayahuasca (ver capítulo 4; Schultes e Hofmann 1979) e Mentha pulegium foi a sua vez um ingrediente da poção enteogênica kykeon dos Mistérios de Eleusianos (Wasson et al. 1978).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Secretaria Nacional sobre Drogas ficará a cargo do Ministério da Justiça, decide Dilma

Fonte: O Globo
BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff, decidiu nesta quarta-feira que a Secretaria Nacional sobre Drogas (Senad) será transferida do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para o Ministério da Justiça. A Senad, chefiada até então pelo general Paulo Roberto Uchoa, será comandada por um civil. A troca de endereço da Senad via sendo tentada, sem sucesso, desde a fase final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- A política de drogas tem que estar casada com a política geral de segurança pública - afirmou o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Segundo ele, o remanejamento deverá ocorrer após a posse do novo governo.