por Marco Hollanda (diretamente do Hempadão)
Mais do que provocar uma violência que poderia ser evitada, a guerra às drogas também é responsável por alimentar o ódio e a intolerância contra usuários. Os extremos desta linha de ação foram expostos com feridas macabras como um história que chegou de Curitiba (PR). O ex-comandante dos bombeiros Jorge Luiz Thais Martins é suspeito de matar nove usuários de drogas como forma de vingança pelo assassinato do seu filho em outubro de 2009.
As investigações da polícia do Paraná apontaram os usuários de drogas como suspeitos do assassinato do filho do comandante durante uma tentativa de assalto. Na época, dois homens foram detidos mas foram liberados por falta de provas.
A partir deste momento começou a vingança do homem que decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Mas as nove vítimas fatais da vingança de Jorge Martins não tinham nenhuma relação com crime que resultou na morte do seu filho. Chama atenção o fato de todos serem usuários de drogas e estarem no mesmo bairro onde ocorreu o crime que resultou na morte do filho.
Um jovem que sobreviveu a ação do comandante - e reconheceu o autor do crime por meio de fotos - revelou em depoimento a polícia que ele andava armando pelas ruas a caça de usuários de drogas. Jorge Martins, que ainda não é considerado foragido da justiça, é aguardado na Delegacia de Homicídios da cidade.
A história com enredo típico de um filme de serial killer revela o que infelizmente uma grande parte da população brasileira pensa sobre usuários de drogas. É provável que muitos pais de família levantem a voz para defender a atitude do comandante por diminuir o número de drogados no mundo.
A negligência da guarda, que também é de grande parte da sociedade, é talvez o pior sentimento deste tipo de preconceito: o total desprezo pela vida de alguém que é usuário de drogas. Comportamentos como este são semelhantes aos que foram proclamados pelas ideologias mais macabras que já existiram no Planeta.
O próprio sentido popular do rótulo "usuário de drogas" carrega o peso da incoerência da política repressiva. O senso comum que classifica como drogado apenas o consumidor de drogas ilícitas esquece do amigo alcoólatra e as vezes até do próprio Rivotril que toma antes de dormir.
Se a legalização da maconha parece ser uma realidade cada vez mais próxima, o rótulo de "drogado", e todo sentido negativo que este vocábulo carrega, parece algo bem mais complexo de ser solucionado.
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