Os motivos que levam um mito a perdurar mesmo depois de ser desqualificado cientificamente podem ser complexos e difíceis de entender. No caso da maconha, o movimento proibicionista do início do século 20 foi responsável por rechear o imaginário popular com mitos sobre seus efeitos. Infelizmente, muitos deles ainda são disseminados por respeitáveis veículos de comunicação e personalidades da área médica e política.
Uma importante fonte de informações para disseminação dos verdadeiros problemas relativos a maconha ganhou sua edição em português. O livro "Maconha: Mitos e Fatos" (Marijuana Myths Marijuana Facts) reúne 20 mitos relativos ao consumo de maconha seguidos de uma desmitificação baseados em constatações científicas modernas. A edição brasileira, que foi traduzida pela Psicotropicus, foi lançada na última terça-feira em evento no Rio Janeiro.
O debate sobre o tema contou com a presença de ativistas do movimento pela legalização da maconha e uma mesa formada pelo diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas ,Elisaldo Carlini, pelo Perito Criminal do ICCE-RJ Bruno Sabino e pelo Químico e ativista canábico do Growroom Francesco Ribeiro. A mesa foi mediada pela Gerente de Projetos da Psicotropicus Maíra Fernandes.
A obra que foi lançada em 1997 pelo Psicofarmacologista John Morgan e pela socióloga Lynn Zimme continua sendo atual e bem fundamentada na opinião do professor Carlini. Ele citou as mais de 70 páginas de referências de estudos científicos usados na elaboração do livro e que comprovam os equívocos dos mais famosos mitos relativos à maconha.
Carlini também destacou o reconhecido potencial medicinal da maconha, que ainda é alvo de grande preconceito dentro da classe médica. "As maiores incertezas que ainda temos relativos a maconha são os problemas de temática social" disse Carlini, lembrando que mitos da área médica já foram contestados com criteriosos trabalhos científicos.
Os impactos negativos causados por essas lendas que ainda perduram no século 21 foram lembrados Francesco Ribeiro. "Em muitos casos a disseminação deste mitos é feita por indivíduos com interesses pessoais na manutenção do proibicionismo". Ele também destacou os danos a saúde dos usuários por conta da maconha de péssima qualidade que é comercializada no mercado negro das bocas de fumo.
O perito criminal Bruno Sabino alimentou o debate com sua experiência no Instituto de Criminalística Carlos Éboli, no Rio de Janeiro, na análise de drogas apreendias. Bruno, que também defende o fim do proibicionismo, também falou dos problemas causados pela baixa qualidade das drogas ofertadas pelas quadrilhas que controlam este negócio. "A maconha que chega no laboratório pode conter metais e praguicidas nocivos a saúde dos usuários".
Bruno condenou a prática de alguns tipos de testes de detecção de drogas realizados empresas e órgãos públicos. "O texto com amostras de fios de cabelo abre espaço acusações preconceituosas, já que o resultado positivo pode ser relativo a um consumo feito há cerca de três meses", explicou.
Sobre o Livro:
O livro "Maconha: Mitos e Fatos" será oferecido para quem realizar uma doação mínima de 25 reais para a Psicotropicus (com a taxa de envio inclusa). Clique aquie saiba como doar.
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