sábado, 16 de abril de 2011

Entrevista com Chaos baby



Como muita gente já sabe, o “Portas da Percepção” é um espaço dedicado ao estudo, desmistificação, e ampliação do conhecimento geral sobre enteógenos e enteogenia. Para ampliar nossas Portas, vamos convidar uma ilustre convidada, que chamemos, em nosso aconchegante canto de reflexões, de Chaos Baby. Conhecedora das tradições ocultistas ocidentais e indígenas, Baby veio dar um toque feminino ao Portas. Comecemos com uma entrevista com a caoista.

Fernando Beserra: Baby, como foi que você conheceu os enteógenos?

Chaos Baby: Com um grupo de magistas do caos que eu fiz parte por muito tempo a alguns anos atrás.
Eu já tinha lido em alguns livros a respeito de conhecimentos espirituais adquiridos por meio do uso de psicoativos, mas meu interesse na verdade aumentou quando eu pude obter minha primeira experiência e viver algo que eu jamais poderia ter vivido, ou experimentar o mundo de uma forma que eu jamais experimentaria se não tivesse experimentado um enteógeno antes. E sincronicidade ou não, minha primeira experiência foi com a Ipomoea violacea, ou Morning Glory se preferir. Embora a leitura do assunto sempre fosse muito agradável (sempre gostei muito de Timothy Leary e Carlos Castañeda, entre outros) meu interesse aumentou verdadeiramente quando realmente passei a experimentar os enteógenos e viver por mim mesma a experiência. Depois de uma experiência profunda foi que retomei os velhos livros e compreendi mais profundamente o que os autores estavam querendo me passar, até então, eu simplesmente lia e entendia tudo num nível muito teórico, o que é insuficiente no campo do conhecimento, as palavras são muito debilitadas e embora tentamos descrever o que uma coisa é, somente quando experimentamos é que podemos mesmo entender o que tal coisa é. Um exemplo para o que eu quero dizer, é que eu posso tentar descrever o que é uma maçã, sua forma, sua cor, seu suco adocicado e dizer que é agradável demais comer uma maçã, mas alguém só saberá o que é a experiência de se comer uma maçã no dia em que comer uma, até então o máximo que pode ocorrer é que a pessoa saiba que existe algo como uma maçã e que proporciona um sabor adocicado ao paladar.

FB: Você acha que eles contribuem de alguma forma para sua vida? Como?

CB: Eu sempre fui uma pessoa que pensou haver “algo a mais” do que as velhas histórias já contadas e sempre fui uma pessoa ávida por saber o que há além dessa percepção corriqueira. Os enteógenos contribuem com milhares de coisas, alguns me deixam mais criativa, outros me fazem olhar para aquilo que eu sou ou para aquilo que acredito e categorizar os eventos sob uma percepção diferente, nova, além dos limites estabelecidos. Não vejo de maneira alguma que os enteógenos são o fim, mas instrumentos de autoconhecimento e servem dentre outras coisas como um modo de interpretar a vida ou a descrever de uma maneira diferente. Vejo-os contribuir para uma reestruturação, como um meio de conhecimento ou como uma nova maneira de ver as coisas. E assim eles contribuem para mim, dando um novo sentido a tudo e a vida, sob uma perspectiva totalmente diferente abrindo definitivamente as portas da percepção.

FB: Alguma mensagem para os leitores?

CB: Jamais permita que te neguem o direito de ser o que se é, de viver como se vive, de se acreditar no que se acredita. Cada um de nós é uma expressão da vida como um todo e somos perfeitos por isso. Dizer que estamos errados ou acreditar que somos inadequados, é dizer que o universo em sua perfeição errou em uma de suas obras.

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