Fonte: Hempadão - Portas da Percepção
por Fernando Beserra
Terence Mckenna é mundialmente conhecido dentro dos estudos dos psiquedélicos, assim como seu irmão Dennis Mckenna. Formulou a hipótese de que a evolução humana esteve intimamente relacionada ao consumo dos “cogumelos mágicos”, de modo mais especifico, das espécies do gênero psilocibe (especialmente o psilocibe cubensis). O psilocybe cubensis é um cogumelo pandêmico, ou seja, ocorre em todas as regiões tropicais, pelo menos onde existe o gado de tipo zebu (bos indicus). Estes cogumelos contêm como princípio ativo a psilocibina, mas também a psilocina. São considerados “alucinógenos indólicos” por possuírem um grupo pentextil associado a um anel benzeno; dentre as quatro famílias de compostos indóis, os psilocybe cubensis podem ser enquadrados na categoria “alucinógenos triptamínicos”, embora para os leitores do Portas da Percepção seja evidente o equivoco de chamar estes fungos de “alucinógenos”, sendo mais adequados os termos psiquedélicos, enteógenos ou mesmo enteodélicos.
Mckenna é, sem dúvidas, um dos grandes críticos a cultura ocidental e, dentro do universo do estudo dos psiquedélicos, chegou a ser considerado um percussor de Timothy Leary, pela sua força contracutural e crítica feroz. O próprio Leary chegou a introduzi-lo como um dos cinco ou seis homens mais importantes do planeta. O biólogo é um dos grandes críticos ao termo “Enteógeno”, criado por Jonathan Ott, Robert Gordon Wasson, etc., pois considerou o termo carregado de teologismo, já que, em seu significado etimológico, enteógeno quer dizer: “geração do divino interior”.
Terence foi responsável, dentre outros, por ampla discussão sobre a importância cultural do uso de psiquedélicos, discussões sobre óvnis, e, finalmente, a importância evolucionária destas substâncias. Antes de Terence, Gordon Wasson já causava arrepios na consciência coletiva ao postular, a partir de minuciosos estudos etnobotânicos, os enteógenos como ferramentas essenciais da criação da religião ou da atitude religiosa. Nas suas palavras:
“Enquanto o homem emergia de seu passado bruto, há milhares de anos, houve um estágio na evolução de sua consciência em que a descoberta do cogumelo (ou teria sido uma planta superior?) com propriedades miraculosas representou para ele uma revelação, um verdadeiro detonador de sua alma, despertando sentimentos de espanto e reverência, de gentileza e amor, até o nível mais elevado de que a humanidade é capaz; todos esses sentimentos e virtudes que desde então a humanidade vê como o maior atributo de sua espécie. [...] Algumas pessoas ficam chocadas ao pensar que a chave até mesmo até mesmo para a religião possa ser reduzida a uma simples droga. Por outro lado, a droga é tão misteriosa quanto sempre foi: “como o vento que chega, não sabemos quando nem por quê”. De uma simples droga surge o inefável, surge o êxtase. Não é a única situação da história humana da onde do inferior nasceu o superior”.
Terence Mckenna abandonou o referencial psicológico e mesmo científico em prol do xamanismo, o que, de certo modo, acabou valendo-lhe críticas pela falta de rigor com o qual expunha seus argumentos. Jonathan Ott, o mago científico, em Pharmacotheon, faz varias críticas a erros e confusões de Mckenna, entendendo alguns de seus livros como confusos.
Esta é nossa primeira introdução a este importante e controverso filósofo, biólogo, ambientalista, escritor, etc. Fiquem agora com o vídeo sobre Mckenna falando sobre imaginação e, na próxima semana, nossa discussão sobre o vídeo. Até a próxima!
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