domingo, 25 de setembro de 2011

Cortina de Fumaça


Cortina de Fumaça é um projeto independente, realizado pelo grupo COLETIVO Projects, movido pela vontade de colaborar na construção de uma sociedade mais equilibrada e alinhada com os princípios de liberdade, diversidade e tolerância. O documentário de 88 minutos, traz informação fundamentada para o grande público através de depoimentos nacionais e internacionais.


Além do Brasil, o diretor Rodrigo Mac Niven gravou na Inglaterra, Espanha, Holanda, Suíça, Argentina e Estados Unidos; visitou feiras e congressos internacionais, hospitais, prisões e instituições para conversar com médicos, neurocientistas, psiquiatras, policiais, advogados, juízes de direito, pesquisadores e representantes de movimentos civis. Dentre os 34 entrevistados, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o Ministro da Suprema Corte da Argentina, Raúl Zaffaroni; o ensaista e filósofo espanhol autor do tratado “Historia General de Las Drogas”, Antonio Escohotado, o ex-Chefe do Estado Geral Maior do Rio de Janeiro, Jorge da Silva e o criminalista Nilo Batista.


Cortina de Fumaça coloca em questão a política de drogas vigente no mundo, dando atenção às suas conseqüências político-sociais em países como o Brasil e em particular na cidade do Rio de Janeiro. Através de entrevistas nacionais e internacionais com médicos, pesquisadores, advogados, líderes, policiais e representantes de movimentos civis, o jornalista Rodrigo Mac Niven traz a nova visão do início do século 21 que rompe o silêncio e questiona o discurso proibicionista. O filme foi produzido, escrito e dirigido pelo jornalista Rodrigo Mac Niven, numa co-produção entre a J.R. Mac Niven Produções e a TVa2 Produções.


Exibido pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema do Rio 2010, o filme participou de vários festivais no Brasil e no exterior. Além disso, dezenas de exibições seguidas de deabates foram e continuam sendo feitas pelo Brasil. Acompanhe a história do filme pelo site cortinadefumaca.com


Ficha Técnica:


Roteiro e direção: Rodrigo Mac Niven
Produção: Rodrigo Mac Niven e Paula Xexéo
Realização: COLETIVO Projects
Co-produção: TVa2 Produções e J.R.Mac Niven
País: Brasil
Ano: 2010
Duração: 88 minutos


Exibição no Vimeo autorizada pelo diretor.


Postada no site do NEIP (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos) neip.info

Cortina de Fumaça from Missawa on Vimeo.

sábado, 24 de setembro de 2011

Alex Grey e a Arte Psiquedélica

Minha animação é enorme com dois livros inacreditáveis para ler. Um deles que ganhei de minha esposa de aniversário e natal antecipados, rs, se deve ao Livro Vermelho (The Red Book) de Carl Gustav Jung, que foi um livro não lançado durante sua vida e que trata de sua fase derradeira para a criação de sua psicologia e seu processo de individuação, e o outro é o The Mission of Art, de Alex Grey (que sempre trabalhou com enorme influência do xamanismo e fez vários trabalho sobre suas visões através do uso de enteógenos). Este último pretendo fazer um resumo em post ou com o video aqui para o blog ou para o Portas da Percepção no Hempadão.

 Para quem quer conhecer um pouco da "arte visionária", vale o post introdutório no blog de Rick Jacobi

Conselho Federal de Psicologia debate tema: "Drogas e Cidadania"

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem agido de forma muito correta ao abordar o tema “drogas”. O CFP se colocou no centro das discussões atuais sobre as políticas de tratamento a usuários de substâncias psicoativas, especialmente do, assim chamado, “crack”. É opinião manifesta, por muitos grupos conservadores, a defesa da internação compulsória de usuários de crack. A defesa aberta destes grupos, com significativa influencia política, atenta não só contra a democracia e o direito de ir e vir, mas certamente fere os alicerces da Reforma Psiquiátrica brasileira, conquistada com muito suor por ativistas, usuários e seus familiares que combateram veementemente os malefícios e violações dos direitos humanos perpetrados pelas longas e compulsórias internações manicomiais. Através de longa série de debates, tornou-se cada vez mais regulamentada a internação no Brasil, e procurou-se abolir as injustificadas longas internações. Desta forma, criaram-se programas e ações visando a tratamentos em liberdades dos usuários dos serviços de saúde mental, sendo grandes exemplos os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Residências Terapêuticas (RT´s), inclusive um dispositivo para tratamento para o uso indevido de substâncias psicoativas, o CAPS ad – além das equipes de redução de danos.

Entendeu-se que esta classe de internações era daninha para os usuários que acabavam ficando “mofando” nos hospícios, sendo destratados por um mecanismo de “limpeza” da cidade e de suas diferenças internas, ou seja, o que incomodava, era descartado num canto distante da visão para que as ruas “limpas”, “higienizadas” e cheirosas pudessem dar votos a canalhas políticos e promover o “turismo”. O mecanismo de exclusão funcionava também como forma de controle de atitudes desviantes, política ou moralmente, sendo assim, muitos militantes de esquerda foram trancafiados nas masmorras “terapêuticas”.

Os sistemas fechados, instituições totais, de tratamentos são incapazes de simular a realidade cotidiana e criam lógicas de estar e viver distintas das necessidades da vida na cidade, sendo assim, não promovem a reabilitação psicossocial, mas, ao contrário, comumente fortalecem a distância e a associabilidade, como foi bem tratado por Gofmann em seu ilustre livro: ‘Manicômios, Prisões e Conventos”

            É preciso dar um basta a intolerância e combater os estigmas, fortalecendo maneiras de tratamento baseadas nos direitos humanos, na redução de danos, e na liberdade, potencializando sempre a autonomia dos sujeitos para escolhas claras e conscientes, ao invés de impor modos de conduta duvidosos. Hoje, não há mais dúvidas de que o usuário de substâncias psicoativas tornadas ilícitas é a pedra de escândalo, exposto as mais diversas formas de atropelamento dos direitos democráticos, pois é “menos-gente”.

            Tendo este entendimento, é com alegria que vemos a abertura do site “Psicologia – Drogas – Cidadania” do Conselho Federal de Psicologia (http://drogasecidadania.cfp.org.br/) e acreditamos que um dia este mesmo Conselho possa dar ainda um passo ainda adiante, assim como nosso common sense, em direção a clareza da intensificação dos potenciais positivos na psicoterapia que podem ser catalizados pelo uso de psicoativos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Terence Mckenna e a Imaginação - Parte I

Fonte: Hempadão - Portas da Percepção
por Fernando Beserra
Terence Mckenna é mundialmente conhecido dentro dos estudos dos psiquedélicos, assim como seu irmão Dennis Mckenna. Formulou a hipótese de que a evolução humana esteve intimamente relacionada ao consumo dos “cogumelos mágicos”, de modo mais especifico, das espécies do gênero psilocibe (especialmente o psilocibe cubensis). O psilocybe cubensis é um cogumelo pandêmico, ou seja, ocorre em todas as regiões tropicais, pelo menos onde existe o gado de tipo zebu (bos indicus). Estes cogumelos contêm como princípio ativo a psilocibina, mas também a psilocina. São considerados “alucinógenos indólicos” por possuírem um grupo pentextil associado a um anel benzeno; dentre as quatro famílias de compostos indóis, os psilocybe cubensis podem ser enquadrados na categoria “alucinógenos triptamínicos”, embora para os leitores do Portas da Percepção seja evidente o equivoco de chamar estes fungos de “alucinógenos”, sendo mais adequados os termos psiquedélicos, enteógenos ou mesmo enteodélicos.

Mckenna é, sem dúvidas, um dos grandes críticos a cultura ocidental e, dentro do universo do estudo dos psiquedélicos, chegou a ser considerado um percussor de Timothy Leary, pela sua força contracutural e crítica feroz. O próprio Leary chegou a introduzi-lo como um dos cinco ou seis homens mais importantes do planeta. O biólogo é um dos grandes críticos ao termo “Enteógeno”, criado por Jonathan Ott, Robert Gordon Wasson, etc., pois considerou o termo carregado de teologismo, já que, em seu significado etimológico, enteógeno quer dizer: “geração do divino interior”.
 
 
Terence foi responsável, dentre outros, por ampla discussão sobre a importância cultural do uso de psiquedélicos, discussões sobre óvnis, e, finalmente, a importância evolucionária destas substâncias. Antes de Terence, Gordon Wasson já causava arrepios na consciência coletiva ao postular, a partir de minuciosos estudos etnobotânicos, os enteógenos como ferramentas essenciais da criação da religião ou da atitude religiosa. Nas suas palavras:
 
 
“Enquanto o homem emergia de seu passado bruto, há milhares de anos, houve um estágio na evolução de sua consciência em que a descoberta do cogumelo (ou teria sido uma planta superior?) com propriedades miraculosas representou para ele uma revelação, um verdadeiro detonador de sua alma, despertando sentimentos de espanto e reverência, de gentileza e amor, até o nível mais elevado de que a humanidade é capaz; todos esses sentimentos e virtudes que desde então a humanidade vê como o maior atributo de sua espécie. [...] Algumas pessoas ficam chocadas ao pensar que a chave até mesmo até mesmo para a religião possa ser reduzida a uma simples droga. Por outro lado, a droga é tão misteriosa quanto sempre foi: “como o vento que chega, não sabemos quando nem por quê”. De uma simples droga surge o inefável, surge o êxtase. Não é a única situação da história humana da onde do inferior nasceu o superior”.
 
 
Terence Mckenna abandonou o referencial psicológico e mesmo científico em prol do xamanismo, o que, de certo modo, acabou valendo-lhe críticas pela falta de rigor com o qual expunha seus argumentos. Jonathan Ott, o mago científico, em Pharmacotheon, faz varias críticas a erros e confusões de Mckenna, entendendo alguns de seus livros como confusos.
 
 
Esta é nossa primeira introdução a este importante e controverso filósofo, biólogo, ambientalista, escritor, etc. Fiquem agora com o vídeo sobre Mckenna falando sobre imaginação e, na próxima semana, nossa discussão sobre o vídeo. Até a próxima!
 
 

domingo, 11 de setembro de 2011

Senador quer Drogados na Cadeia e Vietnã Resolve o Problema com Tortura e Escravidão de Usuários!

Fonte: Hempadão
por Marco Hollanda


Na contramão de tudo que vem sendo apresentado para melhorar a política de drogas brasileira o Senador Demóstenes Torres (DEM-GO) segue em frente com seu projeto de lei 111/10. Com ele o nobre parlamentar pretende reestabelecer a pena prisão para usuários de drogas ilícitas (de 6 meses a 1 ano), com a possibilidade de substituição da reclusão na cadeia por um tratamento especializado em regime de internação.

Inspirado no bom exemplo da política de drogas mexicana - que contabiliza 45 mil mortos em 5 anos - o projeto de Demóstenes ainda determina a participação das Forças Armadas no "combate ao tráfico ilícito de entorpecentes, fechando as fronteiras do Brasil a esse monstruoso perigo externo."


Nesta quinta-feira (15) a proposta estará em debate na Comissão de Assuntos Sociais do Senado com participação de "especialistas" muito bem selecionados pelo próprio Demóstenes. Depois ela segue para Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde pode ser aprovado sem a necessidade de uma votação no plenário do Senado. Feito isso, o projeto de lei segue para o debate na Câmara dos Deputados.


Ao nosso favor está o fato do projeto em questão caminhar no sentido oposto ao defendido pelo próprio governo do PT, que em 2006 aprovou a Lei 11.343 acabando - pelo ou menos no papel - com a pena de prisão para usuários de drogas. Cabe a nós protestar e fazer barulho contra este retrocesso!


Usuários de drogas são escravizados no Vietnã


Há quem diga que o modelo repressivo do nosso Senador tenha inspiração em um distante país asiático. Um relatório divulgado esta semana pela Human Rights Watch revela que milhares de usuários de drogas do Vietnã estão detidos sem nenhum tipo de processo, submetidos a tortura, violência física e a trabalhos forçados em benefício de empresas privadas.


O documento apresenta o depoimento de um ex-detento que foi punido por conta de uma tentativa de fuga. "Primeiro eles bateram nas minhas pernas para que eu não fugisse novamente. Depois eu levei choques com um bastão elétrico e fui trancado na solitária por um mês", revelou Quynh Luu. Também são relatadas as péssimas condições de higiene e o elevado índice de contaminação do vírus HIV, que em algumas prisões chega a 60% dos detidos

Entrevista com Neco Tabosa (Do Felipeta da Massa) sobre Drogas e Ativismo

domingo, 21 de agosto de 2011
Cumprindo a função de informar e trazer sempre novidades do mundo canábico, desta vez, o blog Maconha da Lata conversou com o jornalista Neco Tabosa, que também é diretor de curta-metragens e ativista antiproibicionista.
Tabosa contou um pouco, em um bate-pao bastante descontraído, como é ser ativista no Brasil e expôs suas ideias sobre o nosso tema principal: a MACONHA!

1- Qual a sua opinião sobre a atual lei antidroga do Brasil?
A lei brasileira é boa, moderna e extremamente avançada. Veja o cenário da Califórnia por exemplo: lá, uma emenda estadual apenas recomenda o afrouxamento da pena a quem facilitar o plantio e venda de Cannabis medicinal e os cidadãos já promoveram aquela revolução comportamental que gera um aumento incrível de renda com impostos e taxas. O PHD em THC, Sergio Vidal, costuma dizer que se a Califórnia tivesse uma lei como a brasileira, eles estariam exportando maconha medicinal pra todo o mundo.
Aqui a lei é bem clara: é possível plantar maconha legal para fins religiosos e de pesquisa. Basta ter a autorização da Anvisa. Só que essa autorização nunca foi dada a nenhuma organização, isto porque surgem os entraves legais: é preciso ser uma empresa cadastrada com CNPJ, com funcionários comprovadamente especializados em botânica, biologia e tal e tal…
Já ouviu um ditado que diz “No Brasil tem lei que pega e lei que não pega”? Pronto, é por aí. Em Salvador por exemplo, dirigir com o cinto de segurança afivelado é uma lei que não pegou; experimente pegar um taxi no Pelourinho. Plantar maconha legalizada é uma lei que ainda não pegou no Brasil, mas vai rolar, não tenho duvidas. A demanda é muito alta.
2- O que significa ser um ativista da Maconha no Brasil? Quais as dificuldades e recompensas?
Desconfio que ativismo de qualquer espécie é sempre trabalho pra caralho e nenhuma remuneração. Como trabalho com jornalismo, já sou meio acostumado com essa prática. Então vou tocando os projetos de blog, livros, camisetas e eventos à medida que posso. E fico feliz com os resultados. Isso paga a dedicação.
A recompensa vem dos resultados que vem aparecendo lentamente (como a mudança da lei da doação de sangue, feita pelo Ministério da Saúde em junho desse ano, quando passou a enxergar o usuário de maconha como parcela da sociedade a ser respeitada, e baixou a exigência de abstinência de 12 meses para 12 horas.)Além disso, vira e mexe o ativismo faz você ganhar algum presente :D !
3- Você realmente acredita que com a descriminalização da Maconha, o tráfico vá sofrer um grande golpe financeiro?
Acho que ninguém tem essa resposta exata. Essas redes criminosas trabalham com o transporte e venda de maconha, porém, também com a compra de Deputados antes das votações de emendas constitucionais, com licitações para servir merenda escolar podre; com superfaturamento de material na construção de estádios pra Copa; Além de serem pessoas extremamente inteligentes, que sabem aproveitar cada oportunidade de implementação de novos negócios.
4- Qual sua opinião sobre a cobertura do assunto Maconha dentro das mídias brasileiras, principalmente o que chamamos de grandes mídias, como os grandes veículos de comunicação?
Bem lembrado. Ia esquecendo de citar sistemas de comunicação como parte dos negócios ilícitos de grandes grupos empresariais no país. Em outros lugares existe regulamentação do Estado para o exercício da difusão de notícias e de coisas parecidas com notícias. Há limitações na atuação no setor de tevê se a empresa tiver um jornal for de circulação nacional, por exemplo:. Aqui quanto maior, melhor porque cada empresa imprime o que quiser, disfarçando apoio político como editorial, sendo obrigada, no máximo, a se justificar na justiça depois do estrago feito. Infringem leis, elegem culpados, julgam e executam na primeira página. Esses caras realmente pensam em tudo. Acaba virando um sistema judiciário paralelo, contudo só pros interesses deles.
A agenda da conversa no boteco é acertada por esses veículos, a tal opinião pública,que é usada como justificativa para a bizarrice do modelo Rupert Murdoch de eleger culpados e fazer investigações paralelas. Nesse sentido, a Veja e o News of the World são bem parecidos.
Com o assunto maconha é a mesma coisa. Preconceito, apuração mal feita, distorção do que foi dito! Se não for um dos sócios do esquema falando, nem um assunto sobre o qual eles possam lucrar em cima, é tudo mais ou menos feito com má vontade.
Uma vez ou outra um colega mais bem intencionado consegue furar o bloqueio e lançar um pouco de luz sobre o debate em um desses jornais, mas na grande maioria temos que contar com a informação segmentada, garimpada, humilhada, feita em livrinhos marginais ou em blogs como aqui no Maconha da Lata :D Alguma coisa sobre “a revolução não ser televisionada”, “tá ligado”?
Muito normal nos anos 70 nos Estados Unidos (quando Gil Scot Heron lançou a música “The Revolution will not be Televised” ) e ainda normal no Brasil em 2011.
5- Para você, o debate sobre a descriminalização da Maconha ainda esbarra muito nos preconceitos de um país que tem suas raízes ligadas fortemente ao catolicismo?
Acho que não. A limitação do pensamento é extremamente eficiente quando feita pela religião, mas acho que fatores como baixo índice de educação, falta de acesso às informações e espaços onde possamos praticar o debate e a crítica, são bem piores nesse sentido.
Área de reunião em quase todos os bairros do Brasil é salão de beleza, bar, lan house; ou em volta da televisão na hora da novela. Vai sair o que dessa hipnose?
6- Você concorda ou discorda que o momento atual, o que chamamos de era da informação e novas tecnologias, acaba por favorecer o tipo de discussão como a descriminalização da Maconha?
Concordo totalmente. Sem acesso ao flickr – pra ver como foi a Marcha da Maconha no Rio em 2007 – ou sem poder ler em sites sobre as marchas no Canadá e nos Estados Unidos, eu não tiraria o pé de casa pra ir à Marcha da Maconha. Esse sistema foi fundamental para conhecer outras pessoas que estavam formando grupos de organização do evento em suas cidades em 2008.
Hoje em dia, pra cada matéria na Trip, existem uns 20.000 posts. As mentiras de qualquer jornal podem ser debatidas no fórum do Growromm, pelo Twitter.
Nada disso seria assim tão rápido e transparente sem essas ferramentas.
7- Porque você acha que a Maconha ainda sim é proibida no Brasil?
Dizem que Einstein lançou essa um dia: “A humanidade precisa evoluir para a Pré-historia”. São 50 anos de proibição da Cannabis em escala global. Antes disso, foram séculos e séculos de boas relações da humanidade com essa planta.
Se espalhar várias mentiras sobre o assunto levou 50 anos para começar a ser contestado, com essa força atual, quanto tempo levaremos pra saber as verdades? Veremos…
8- Qual sua opinião sobre o cultivo caseiro de Marijuana em pequenas quantidades?
A mais perfeita tradução do lema “a revolução começa em sua casa”. Né não? Mas tem que saber fazer…
9- Você acredita que no futuro de fato podemos tem um sistema de combate ás drogas estilo o holandês ou o português, por exemplo?
Não acredito numa coisa que se chame política de combate às drogas. Ás vezes leio num jornal: “Crentes contras as drogas” ou “Governo contra as drogas”. Quem quiser que caia. Não existe erradicação possível das drogas. Existe sim uma educação possível para o consumo de substâncias. Psicoativas ou não.
De qualquer maneira, o sistema empregado para tratar organizadamente o assunto no Brasil, será único. Pelas condições geográficas e pelo nível de educação da população.
10- Deixe uma mensagem para os leitores do blog Maconha da Lata e também dicas para quem quiser se juntar à causa e se tornar um ativista
Leia muito. Aja. Pense. E desconfie de quem lança frases de estímulo como “Leia muito… Aja… ou Pense”. :D É isso!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Grécia despensalizará posse e consumo de "drogas"

Fonte: AFP
Tradução: Coletivo Desentorpecendo a Razão

7 de setembro de 2011

Ministro da Justiça grego, Miltiades Papaioannou, afirma que “o abuso de drogas é uma doença e não um ato criminoso”

A Grécia irá descriminalizar a posse de “pequenas quantidades” de todos os tipos de drogas, indicou na quarta-feira o ministro da Justiça Miltiades Papaioannou após a aprovação de uma lei no Conselho de Ministros.

“A lei grega tem que estar de acordo com a legislação europeia, e as pessoas que estão com pequenas quantidades para uso pessoal não são consideradas criminosas”, apontou o ministro, complementando que “abuso de drogas é uma doença e não um ato criminal”.

Segundo a atual lei vigente na Grécia, a posse de drogas, mesmo em pequenas quantidades, é punível com multas de até cinco anos de prisão.

“Quase 4.500 dos 12.000 detentos das prisões gregas foram condenados por delitos relacionados com drogas “, disse Papaioannou, garantindo que no entanto, “o tráfico de drogas continuará sendo um crime punível com pena de reclusão de 10 a 20 anos. ”

O ministro também anunciou que a descriminalização é igualmente aplicável aos menores, citando uma lei que define que desde 2010 os menores não podem ser punidos com privação de liberdade prisões por crimes comuns, mas podem ser encarcerados por drogas.

Zona de trânsito para redes do narcotráfico

A droga segue sendo um tabu na Grécia, situada na fronteira do sudeste da Europa, e sendo freqüentemente usada por redes de trânsito do tráfico de drogas entre a Turquia, a Albânia e aa Europa Ocidental.

O primeiro-ministro socialista George Papandreou se mostrou várias vezes no passado a favor da legalização da cannabis, dizendo que este seria “um passo na direção certa.”

Papandreou é parte de uma “Comissão Mundial sobre as políticas anti-drogas” que reúne intelectuais, ex e atuais líderes da Europa e América do Sul, o ex-secretário-geral Kofi Annan, e personalidades como o ex-chefe do Federal Reserve dos  EUA Paul Volcker.

No início de junho, este “clube” com membros de grupos de pressão ao redor do mundo declarou em um relatório que a luta global contra as drogas “falhou” e que o único recurso agora é parar de criminalizar usuários de drogas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ayahuasca e o tratamento da dependência


Evento histórico. Recomendo mesmo. Infelizmente não poderei ir por conta do trabalho.

Divulguem.

sábado, 3 de setembro de 2011

Canadenses comem brownie com maconha por engano

Canadenses se intoxicam ao comer brownie com maconha por engano
"Brownie de chocolate"

Três empregados de uma empresa na cidade de Victoria, no Canadá, passaram mal após uma colega ter inadvertidamente dado a eles brownies de chocolate feitos com maconha.

A polícia local disse investigar um possível caso de 'intoxicação' após os três terem sido levados a um hospital tontos e desorientados.

A mulher que levou os brownies ao local de trabalho afirmou que simplesmente os havia encontrado na geladeira.

Porém seu filho posteriormente admitiu à polícia que havia assado os brownies com maconha havia um tempo, mas depois se esqueceu deles.

Relatos publicados na mídia canadense afirmam que a polícia decidiu não abrir um inquérito criminal sobre o caso porque não houve intenção de causar danos.

Mas segundo o jornal Vancouver Sun, o jovem responsável pelo brownie deverá ser condenado a prestar serviços comunitários.

Os três colegas de trabalho 'envenenados' pelos brownies foram liberados pelo hospital após algumas horas.

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Estudos sobre Ayahuasca

Fonte: Hempadão - Portas da Percepção

ayahuasca-wNas últimas décadas se produziu muito material no Brasil sobre o uso da ayahuasca, fenômeno em parte determinado pelo crescente número de membros das, assim chamadas, religiões ayahuasqueiras. Especialistas de diversas áreas se colocaram no fronte das discussões sobre a regulamentação do uso religioso da ayahuasca e, finalmente, houve um reconhecimento e regulação deste uso religioso no Brasil.


Para tanto, foram necessários vários estudos, dois deles muito conhecidos. O primeiro foi chamado de Hoasca Project, nascido através das primeiras conferências de saúde da União do Vegetal (UDV)¹ na década de 1990. Neste momento, foi realizado um convite para o famoso etnobotânico Dennis Mckenna, irmão de Terence Mckenna (escritor do clássico: “Alimentos dos Deuses”) para conduzir o projeto: “Hoasca Human Pharmacology Project”. Tendo aceito, a pesquisa contou com a colaboração de nove instituições de pesquisa, assim como nomes do porte de Charles Grob.


Os dados do Hoasca Project foram coletados num núcleo da UDV no Amazonas, sendo os sujeitos pesquisados participantes há mais de 10 anos das suas sessões. Os resultados da pesquisa não revelaram dano orgânico, nenhum dano agudo no sistema nervoso central, e ausência de distúrbios psiquiátricos, incluindo sintomas inclusos na dependência de drogas, tais como abstinência, tolerância, comportamento abusivo e enfraquecimento dos vínculos sociais (social impairment). Em comparação ao grupo de controle os membros da UDV se mostraram mais confiantes, otimistas, relaxados, despreocupados, desinibidos, alertas, energéticos, felizes e com temperamento mais calmo. O estudo mostrou, além disso, melhora em condições psiquiátricas pré-existentes (alguns estudos tem consideração pessoas com pré-condições para quadros psicóticos como exceção)².


ayahuasca4De acordo com Beatriz Labate o Huasca Project tem o mérito de ser a primeira investigação biomédica sistemática sobre a ayahuasca. Ainda são necessários mais estudos sobre a temática, tendo em vista que este estudo foi conduzido apenas com homens e não permitiu as considerações sobre os impactos da aderência a doutrina religiosa nos efeitos positivos observados.


Para mais estudos sobre ayahuasca e religiões ayahuasqueiras confiram o site do NEIP. No livro “Drogas e Cultura: novas perspectivas” ainda é possível encontrar um artigo sobre a regulamentação do uso religioso no Brasil e um breve histórico sobre as principais ramificações religiosas que hoje fazem uso ritual do “Daime”, “Vegetal” ou como chamem a ayahuasca. No livro Ayahuasca Religions de Beatriz Labate, Rafael Santos e Isabel Rose, o interessado no assunto ainda encontrará ampla referência bibliográfica para o assunto.


Outro uso também importante na contemporaneidade é o não ritual, ligado a psiconautas não filiados a religiões ayahuasqueiras, que tem produzido suas próprias plantas (não necessariamente a tradicional mistura do banisteriopsis caapi com a psychotria viridis), a exemplo do uso da anahuasca ou, mais difícil, da farmahuasca. De qualquer modo, isso é assunto para outro post...


1 - A União do Vegetal é uma das mais importantes religiões brasileiras onde existe o uso da ayahuasca (Vegetal), sendo internacionalmente conhecida.
2 - Sobre o uso terapêutico da ayahuasca para quadros de farmacodependência cf. o evento “Ayahuasca e o tratamento da dependência” (http://www.neip.info/index.php/content/view/2901.html)