segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Plantas Enteógenas. O que são?

Fonte: Blog Atividade da Mente: http://www.atividadedamente.blogspot.com/

A melhor definição que encontramos para o termo foi essa: "A palavra enteógeno significa literalmente: "manifestação interior do divino", deriva de uma palavra grega obsoleta, que se refere à comunhão religiosa com drogas visionárias, ataques de profecia, e paixão erótica, e está relacionada com a palavra entusiasmo pela mesma raiz.".

Portanto fica fácil observar que o intuito aqui não é levantar bandeiras do uso de drogas, mas simplesmente perceber que o uso de determinadas plantas são mais do que naturais, não só aos homens, mas também a alguns animais. É o que diz o estudo feito por Rafael G dos Santos, da UNICEUB:

"O uso intencional de substâncias psicoativas com o objetivo de se criar estados
alterados de consciência é uma prática que existe há milhares de anos. Vários grupos de animais (desde os mais primitivos) usam substâncias psicoativas com a intenção de ficarem “intoxicados”. Ex: Manduca quinquemaculata (mariposas) que se “alimentam” das flores de Datura meteloides (planta rica em potentes alcalóides com propriedades psicoativas como a atropina) (Samorini, 2002), javalis e primatas que cavam a terra em busca das raízes do poderoso arbusto eboka (Tabernanthe iboga), planta utilizada nas cerimônias das religiões Bwiti, presentes no Congo e no Gabão (África) (Samorini, 2002; Labate, 2003), etc.

[...] O uso de enteógenos por seres humanos existe há, pelo menos, 50 mil anos
(Labate, 2003). Em praticamente todos os cantos da Terra existe ou existiu alguma cultura que usa ou usou estes seres vivos com características especiais para as mais diversas finalidades. Dentre alguns destes podemos citar:

(a) Soma (Amanita muscaria), cogumelo paleo-siberiano utilizado por caçadores
coletores das tribos Tungue e Koriak na Eurásia (Schultes & Hofmann 1992; Furst,
1994; Spinella, 2001);

(b) Peiote (Lophophora sp.), cacto cultuado pelos Astecas e atualmente pelos índios huicholes do México (Schultes & Hofmann, 1992; Furst, 1994), possuí mais de 55 alcalóides diferentes (Spinella, 2001);

(c) Teonanacatl (Psilocybe sp.), cogumelos utilizados ritualmente pelos Maias, Mazatecas e outros grupos indpigenas na região de Oaxaca, México (Schultes & Hofmann 1992; Furst, 1994; Arthur, 2000);

(d) Ololiuqui (Rivea corymbosa, Ipomoea violacea), a trepadeira mágica dos
Astecas e Mazatecas, ainda hoje seus descendentes a utilizam com finalidades
divinatórias, terapêuticas e mágicas (Schultes & Hofmann 1992; Furst, 1994);

(e) Bangue (Cannabis sativa, C. indica, C. ruderalis), planta que se encontra
cultivada em praticamente todo o planeta, seu uso como medicamento, sacramento ou para fins recreativos permeia a história de povos na Índia (os sadhus, ou homens santos), na África (principalmente Etiópia e Serra Leoa), Ásia (usada para fins meditativos no Budismo Tântrico, por exemplo), Américas (tribos indígenas como os Cuna no Panamá, os Cora, Tepehua, e os Tepecanos no México a chamam de Santa Rosa, Rosa Maria, etc, e algumas tribos brasileiras também a utilizam, por exemplo, para fazer roçado, como os Tenetehara do Maranhão) (Henman, 1986; Schultes & Hofmann 1992; MacRae, 1992, 1998; Furst, 1994; Robinson, 1999;); embora o principal psicoativo presente na Cannabis sp. seja o já amplamente conhecido Δ9 - tetrahidrocanabinol, em um recente simpósio (I Simpósio Cannabis sativa L e Substâncias Canabinóides em Medicina, São Paulo, 15 e 16 de abril de 2004 - CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, Dep. De Psicobiologia da UNIFESP/EPM e SENAD Secretaria Nacional Antidrogas) foram relatadas mais de 66 substâncias diferentes presentes na maconha;

(f) Paricá, epená, cohoba, yopo, vilca, cébil (Anadenanthera peregrina, A. colubrina, Virola sp.), utilizada por grupos indígenas, por exemplo, na fronteira entre Brasil e Venezuela - os Yanomami - como um pó para inalação (rapé) (Schultes & Hofmann 1992; Furst, 1994; Ott, 1994);

(g) Jurema (Mimosa hostilis), uma leguminosa que foi utilizada para caçar e
guerrear entre os índios do nordeste brasileiros e atualmente é usada, entre outras finalidades, para fins mágicos entre raizeiros e indígenas (Schultes & Hofmann, 1992; Mota & Albuquerque, 2002);

(h) Ayahuasca (Banisteriopsis sp. e combinações), seu uso foi relatado entre,
pelo menos, 72 grupos indígenas diferentes que habitam, na maioria dos casos, a
Amazônia Ocidental (Luna, 1986);"

E aí, alguém já experimento algum desses sem ser o Bangue? Além disso, você tem encontrado deus dentro de você a cada baseado? Seu uso condiz com a realidade enteógena da erva, ou é só pra chapar a cabeça mesmo? Sigamos prensando... com fé e sabedoria, pra não falhar!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Status Legal da Cannabis na Rússia - Série Política de droga

Esse é o primeiro texto de uma série, que pretende falar sobre a política de droga em vários países do mundo. Fui um pouco influenciado para tal “série” no “” do Hempadão acerca do status da cannabis, no entanto, não trarei o estilo particular que eles tem de falar sobre a situação da cannabis nos países pesquisados. Nosso enfoque será especialmente da situação das substâncias psicoativas (SPA) de modo geral, apenas, em alguns casos, devida a um menor rigor organizativo, falaremos da situação de alguma SPA específica


O texto abaixo é uma tradução resumida. O próximo será de Portugal ou Austria, no caso de Portugal estou preparando um texto mais elaborado, já que há um grande relatório já abordando os resultados da política de descriminalização portuguesa. Se alguem tiver alguma idéia, sou todo ouvidos e vamos as pesquisas...

A idéia é criar um panorama amplo o bastante para pensarmos no caso brasileiro, que será igualmente analisado e avaliado.


Status Legal da Cannabis na Rússia


  1. 1. Consumo e Posse

Sem distinção entre uso recreacional e medicinal. Uso recreacional é regulado de acordo com o código administrativo – como qualquer outra droga.


  1. Cultivo

Qualquer quantidade conduz a instauração de processo criminal. A posse de 20 plantas ou mais é considerada como “grande quantidade”.


  1. Distribuição

Criminal.


  1. Provisão de sementes, ferramentas para produzir e consumir cannabis, etc.

Sem regulações, eles estão livremente acessíveis (sementes estão avaliáveis principalmente através da internet), mas produtos com símbolos da cannabis (camisas, telefones celulares, etc) são considerados como propaganda do uso de drogas (vários casos no tribunal começaram este ano) e conduz a sanções administrativas. Igualmente alguns livros descrevendo o uso da cannabis medicinal foram proibidos pela mesma razão.

Armazenar para consumo pessoal é punido administrativamente, em “larga quantidade” (haxixe a partir de 2 gramas, cannabis a partir de 6 gramas, óleo de haxixe a partir de 0,4 gramas). Cannabis é punida criminalmente quando é armazenada “especialmente em largas quantidades” (25 gramas ou mais de haxixe, 100 gramas ou mais de cannabis e 5 gramas ou mais de óleo de haxixe).


Avaliação (nossa, ou seja, aqui não se trata de tradução).


De modo geral a Russia mantém uma postura proibicionista, embora a sanção administrativa já seja um avanço em relação a penalização (no sentido de pena privativa de liberdade) no que se refere a democratização em relação a temática substâncias psicoativas (SPA).

A criminalização do auto-cultivo é erro grave e permanece muito aquém de recente mudança da República Checa. Interessante o fato não se criminalizar o comércio de sementes de cannabis, no entanto, torna-se extremamente hipócrita (e improdutivo) a criminalização de símbolo da cannabis (o que cheira a perseguição política e criminalização de possiveis movimentos sociais), assim como a infundada criminalização de livros descrevendo uso medicinal (censura das brabas).


Tradução do texto original no ENCOD:

http://www.encod.org/info/RUSSIA.html

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Panfleto de Redução de Danos permancerá sendo usado em Nova York


Sobre o caso do panfleto de Redução de Danos do consumo de Heroína
Panfleto continuará em circulação.

Um panfleto sobre a Redução de Danos do consumo de heroína causou polêmica em Nova York. Os proibicionistas de plantão reagiram ferozmente ao panfleto que dizia: “Se você vai usar drogas, faça-o direito, porque até mesmo os viciados em droga merecem ter suas vidas protegidas.”. O panfleto ensinava a maneira adequada do uso da heroína, visando a diminuição de mortes por overdose e os danos causados por aplicações erradas de heroína, tal como diminuição dos casos de transmissão de AIDS e hepatite. Dito de outra forma, o panfleto tentava transmitir formas de uso mais seguro da heroína.

Em reportagem do New York Times (disponível no Psicotrópicus e no Terra Online), afirmou-se que:

Representantes do serviço municipal de saúde dizem que o panfleto de 17 páginas, em circulação desde junho de 2007, reconhece que, em termos realistas, é impossível impedir que os viciados em drogas intravenosas as utilizem. O texto oferece "10 dicas para um uso mais seguro" de heroína, entre as quais injetar drogas em companhia de outro usuário, caso algo saia errado, e "injetar corretamente para evitar infecções e colapso de veias".

Logo vemos o referencial pragmático do texto em questão, que logo pareceu um absurdo para o vereador Peter Vallone Jr. e a promotora Bridget Brennan, ambos acreditavam que o panfleto poderia passar a idéia de que o uso é algo corriqueiro e apelaram para que o panfleto fosse recolhido. Vallone considerou que as informações transmitidas tratavam os usuários como crianças, dando dicas sobre como utilizar o algodão ou álcool no processo do consumo. O vereador considerou a heroína um “veneno” que, por não ter usos seguros, deveria ser simplesmente afastada dos olhos alheios.

Por outro lado, no New York Times (NYT) lemos: “Os funcionários da saúde municipal dizem que o panfleto tinha por objetivo tornar "mais seguro" e não "completamente seguro", o uso de drogas. Karpati aponta que a primeira página do texto insta os leitores a ¿pedir ajuda e conseguir assistência para deixar de usar drogas", e que o panfleto oferece números de linhas telefônicas de assistência 24 horas”.

O texto do NYT considerou também a situação de Nova York, onde mais de 600 pessoas morrem por overdose acidental a cada ano.

Num encontro do vereador Peter Vallone com o comissionário de saúde da cidade (city health commisioner) Thomas Farley, ambos concordaram em discordar, e após a conversa, concordaram que o panfleto saísse de circulação na internet, e continuasse a ser distribuído pela cidade de Nova York. De acordo com Peter Vallone:

Eu encontrei o comissionário Farley. O panfleto não ficará disponível na internet, mas continuará sendo distribuído para as pessoas, sendo liberado em Riker´s (e outras localidades). Nós concordamos em discordar.

Resta saber como se pretende indisponibilizar o panfleto da internet, já que o mesmo já está em circulação em vários sites (http://nyctheblog.blogspot.com/2010/01/nycdoh-pamphlet-on-safe-intravenous.html). A situação parece estar se repetindo, em 2007 um outro panfleto já havia sido criado pelo Departamento de Saúde de Nova York tentando minimizar os riscos da aplicação da heroína e de seu consumo, e este panfleto foi chamado pelo sectário Vallone de “doente”. Cabe a pergunta para Vallone: é doente procurar minimizar os danos do consumo de drogas ou é doente tentar evitar essa redução de riscos e danos?

De acordo com o texto do “Housing Works” : a atitude de Vallone gerou a ira de ativistas da Redução de danos e AIDS, já que Nova York tem sido um forte auxiliador da Redução de Danos e criou o programa de troca de seringas desde o início dos anos 90. A RD lá tem atuado e a prevalência de HIV em usuários de drogas injetáveis desde lá diminuiu mais de 75% e hepatite C diminuiu a 1/3. Além disso, casos de overdose não intencionais diminuiu 25% de 2006 a 2008 representando pelo menos 200 mortes a menos. Por outro lado, já devem ter avisado ao insistente Vallone, estudos demonstraram que o programa de troca de seringa não aumentou o consumo de heroína.

Robert Tolbert, redutor de danos e membro da Voices of Community Advocates and Leaders (VOCAL), defendeu que o panfleto como uma “ferramenta de aprendizado”. Tolbert contraiu tanto HIV quanto hepatite C do consumo de heroína e nos conta: “Troca de seringas e instruções de como injetar não estavam avaliáveis na época que eu realmente usava. Se estas ferramentas estivessem avaliáveis para mim, quem sabe?” E disse: “Eu não encorajo o uso de drogas, eu estou encorajando que pessoas que possuem estas práticas, as realizem da maneira mais segura possível”.

Diante destes dados, diga lá leitor, qual sua posição sobre o panfleto de Nova York?

Referências e traduções de:

http://blog.drugpolicy.org/
http://www.housingworks.org/blogs/detail/nyc-harm-reduction-pamphlets-to-stay-in-circulation/
http://www.psicotropicus.org/noticia/5779

O panfleto completo:

http://www.flickr.com/photos/8258342@N08/sets/72157623153137244

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

TRIPTAMINA 00001

clique na imagem para amplia-la.

http://deoxy.org/gif/tryptamines.gif

Carta ao Brasil:


Carta ao Brasil:

Recordação de tuas dividas – 2010, ano de renovação!


Brasil, vim lembrar-te daquela tua dívida... Eu sei de tuas dificuldades, sei dos teus problemas, e por isso mesmo, meu querido, é preciso que vejamos isso urgentemente, pois que tua dívida, é também contigo mesmo.


Meu querido, acho que lembras aquela tua divida com os consumidores de algumas plantas e substâncias que foram tornadas ilícitas. A dívida, faço questão de lembrar-te, não é apenas com eles, mas com toda multidão que atravessa este imenso espaço de terra, de desejos, de amores, de sofrimentos, que damos teu nome, ele mesmo, vindo de uma droga[1]. A estes fica ainda a salivação, na espera de uma suculenta carne, um pedido de perdão, de todos aqueles que em nome de uma moral, mesmo que de um gesto de amor, fizeram sangrar tantos e tantas brasileiras, sob a bandeira hasteada da “Guerra as drogas”. É pelo nome de tal bandeira, hasteada por Richard Nixon nos EUA em 1971, na procura de seu segundo mandato presidencial, que tantas pessoas são perseguidas, mortas, criminalizadas. É pelo nome de tal bandeira, do orgulho higienista e não da saúde pública, que tantas mães choraram e choram ao verem seus filhos vitimas indiretas ou diretas da “Guerra as drogas”. É pelo nome de tal bandeira, hasteada por tantas razões econômicas, que pessoas que por razões médicas poderiam se privilegiar de determinadas substâncias, são relegadas a dores desnecessárias, vômitos e enjôos decorrentes de tratamentos dolorosos.


Pois que foi uma droga, por que não dizer, o café, que em teu território mobilizou economicamente todo um período de nossa história e, ainda, se não hoje até há pouco tempo, era tu o maior produtor do mundo de tabaco. Pois, foi nestas mesmas terras, neste teu mesmo chão, que foi proposta a criação do “Sanatório para toxicômanos” ainda em 1921, e mesmo naqueles tempos sem o “sinistro”, vários jovens foram encarcerados nos porões dos “Sanatórios para psicopatas” como eram chamados na época os locais onde se tacavam “para a morte” os ditos loucos, subversivos e, de modo geral, os desviantes. Dos porões dos submundos, estes que foram chamados desviantes, outrora jovens, mas também pais de família, trabalhadores, gritam e exigem seu direito a voz. É preciso lembrar tua divida.


É, meu querido Brasil, com lagrimas que me lembro ainda quando em 1938, para obedecer a insensibilidade internacional, dos doutores da Liga das Nações, que você criminalizou o consumo, comércio e auto-cultivo de substâncias que chamou erroneamente de “entorpecentes”. E desde então estas pessoas sofrem pelas mãos dos agentes da lei que as deveriam proteger. São presas, humilhadas, especialmente se forem pobres, negras e morarem em comunidades onde a ação policial faz-se mais truculenta. São ainda hoje chamadas de “Zé pretinhos” por essa gente, e o peso dessa injustiça pesa ainda mais sobre tuas costas, quando vemos que ainda fazem muitas barbáries sob as asas de tuas leis.


Teu solo rico de belezas fez-se vil. De um lado, fruto não de tuas árvores, mas desta proibição ingrata que nos afligiu, nasceram hordas de deserdados que passaram a comercializar produtos outrora inócuos para muitos, hoje, “drogas perigosas”, do outro lado uma imensa burocracia corrupta, que vive da bandeira da “guerra as drogas” e se mantém nos altos postos de comando, com seu whisky no copo, e a hipocrisia na boca, nas meias ou nas cuecas.


Brasil, escute com atenção, é de um cidadão indignado, que ama estes que nasceram em tuas terras, que cresceram em teu solo, que parte o brado por mudanças. É dos que sofreram, dos que sofrem, dos que usam tais “drogas” e dos que não usam, é de todos que ainda acreditam que é possível pedir perdão, dos que ainda tem esperança. Vários países já começaram esta mudança, e já é tempo de começá-la aqui também!


O perdão, Brasil, que você tanto deve, deve mostrar-se em gesto em 2010. Um gesto de amor para contigo mesmo, para com os teus. É um gesto de amor com o mundo.


2010 é ano de mudança na lei 11.343 de 2006, ano de renovação.


2010 é ano de legalização!



[1] - O nome droga, do holandês droog (mercadoria seca) serviu para designar especiaria, de tecidos a substâncias psicoativas. ). De acordo com Carneiro (2005, p.11) a palavra droga serviu para designar, do século XVI ao XVIII, “um conjunto de substâncias naturais utilizadas, sobretudo, na alimentação e na medicina. Mas o termo também foi usado na tinturaria ou como substância que poderia ser consumida por mero prazer”.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Notícias do Front [Parrachiano]


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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Marcha da Maconha - RJ

Atenção leitores do Rio de Janeiro! Vai rolar HOJE uma reunião entre organizadores e militantes da Marcha da Maconha. O local de encontro é no DCE da UFRJ, campus da Praia Vermelha, às 19 horas!

A participação de todos é muito importante para que a Marcha deste ano alcance ainda maior representatividade e beleza. Apareçam, mobilizem-se! Até lá!

Fonte: Hempadão

Também em: Coletivo Marcha da Maconha.

Até as 19 horas!


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

AYAHUASCA: para além do bioquímico.




O consumo de substâncias psicoativas chamadas erroneamente de “alucinógenas” existe desde a aurora dos tempos (cf. Escohotado). Já que o consumo de tais substâncias não resulta propriamente em alucinações no sentido psicopatológico (como resulta, p.ex, do delirium tremens em alguns estados de abstinência após uso habitual e prolongado de álcool), faz-se importante a utilização de outro nome – e especialmente outro paradigma – para entender os estados resultantes de tais consumos. Dois nomes utilizados em algumas ocasiões, e sem dúvida mais interessantes, são “enteógenos” (derivado de entheos, significa aproximadamente “ser animado por transporte divino” ou “gerar um deus interior”, sugerido na década de 1960), e o outro é o termo utilizado por Antonio Escohotado, isto é, substâncias visionárias (já que poderiam possibilitar visões ou outros estados de consciência sem a perda de algumas noções de eu e de um túnel realidade mais ou menos consensual).

Existe um rol de substâncias e tipos de consumo que podem se enquadrar mais ou menos nestas categorias, desde substancias – ou princípios ativos – tornados ilícitos, como é o caso do LSD e do cacto peyote (que contém mescalina), até substâncias que, não sem certa tensão, permaneceram lícitas na maioria dos países do mundo, como é o caso da salvia divinorum. Antes da constituição do Brasil, do território que hoje damos tal nome, já existia o consumo de um chá que contém o cipó Bannesteriopsis caapi e a folha Psychotria viridis e foi chamada no Brasil do século XX de ayahuasca (entre outros nomes como daime, vegetal, hoasca, etc.). A ayahuasca contém DMT (N-dimetiltriptamina), que foi uma substância que a Comissão Única sobre Entorpecentes de 1961, comissão que finalmente internacionalizou o proibicionismo, inseriu na categoria I – substâncias sem fins terapêuticos, extremamente perigosas e que deveriam ser proibidas. No entanto, nem a ayahuasca nem nenhuma outra planta de material natural que contenham DMT foi proibida e está controlada pelo International Narcotics Control Bord das Nações Unidas.

Se a ayahuasca já era utilizada por tribos indígenas, é em 1930 que ela foi utilizada por Raimundo Irineu Serra (Mestre Irineu) para a criação da religião conhecida como Santo Daime, que teve como elemento central o Daime (ayahuasca) que promovia curas ou esclarecia ao curandeiro a forma como deveria ser realizada tal cura. Outros cultos ayahuasqueiros surgiram tanto no Acre (onde se originou o Santo Daime) como em outros locais (ex: a Barquinha e a União do Vegetal). Tais cultos foram perseguidos no Brasil e estigmatizados, inicialmente sob o pretexto de praticarem magia, feitiçaria ou estarem ligados a cultos afro-brasileiros. Lembremos que desde 1890, no Brasil, a pratica de feitiçaria era punida por legislação, com prisão celular, o que levou a criminalização de práticas realizadas por populações recém libertas da escravidão. As populações negras eram vistas com preocupação, em especial quando se organizavam, e é este o caso do Santo Daime, já que muitos dos seus praticantes adotavam um esquema de economia solidária, com práticas de mutirão, que facilitava a sobrevivência de seus adeptos em situações de miséria entre os seringueiros.

Este foi, pois, o primeiro estigma ao qual estas populações foram expostas em sua religiosidade, isto é, antes de terem sido estigmatizadas pelo consumo de um chá ou uma bebida psicoativa. O estigma deveio primeiramente pelas suas relações (menos explicitas no Santo Daime que no culto iniciado pelo mestre Daniel, que ficou conhecido como Barquinha) com os cultos afrobrasileiros, que eram considerados enganadores de seus fies e pela “prática curativa indevida” (práticas que deveriam ser de domínio puramente médico). Posteriormente esta conjuntura sofrerá uma grande reviravolta, sem entretanto alterar o estigma sofrido pelo grupos ayahuasqueiros. O novo estigma (e durante seis meses criminalização ) será produzido pelo consumo de sua bebida, sendo vista como tóxico, droga. Uma série de grupos foram criados para averiguar tal situação e observar se o ayahuasca era mesmo uma droga, entre estes, grupos que participaram do antigo CONFEN (Conselho Federal de Entorpecentes) e do atual CONAD (Conselho Nacional Antidrogas), órgão deliberativo do SENAD (Secretaria Nacional Antidrogas) . Merece menção o conselho criado em 1985, resultante de questionamentos levantados sobre a psicoatividade da ayahuasca no mesmo ano. Após uma série de pesquisas, em 1987 o grupo apresentou um amplo relatório concluindo que as espécies vegetais que integram a elaboração do ayahuasca ficassem excluídas da lista de substâncias proscritas pelo DIMED. O documento foi aprovado pelo CONFEN. Considerou-se que:

[...] as religiões ayahuasqueiras contribuíam para o reforço de valores considerados emblemáticos de sociedades ocidentais influenciadas pelo cristianismo, além de promover sentimentos de coesão social tais como a disciplina, a generosidade, o amor familial, o sentimento comunitarista e o respeito à natureza. Hoje, antropólogos também consideram esses cultos como “ritos de ordem” (Couto, 2004, p.385) e o uso religioso da ayahuasca um bom exemplo de redução de danos relacionados ao uso de psicoativos [...] (Mcrae, 2008, p.293)

Neste sentido, as discussões que resultaram na regulamentação e numa deontologia do consumo da ayahuasca são fundamentais para uma descriminalização de tais cultos religiosos que, ao contrário de qualquer tipo de desestruturação social, já provaram promover uma série de benesses para seus praticantes sendo a legalização e regulamentação de tal substância importantíssima para que tais benefícios possam ser potencializados, ao invés de indevidamente punidos.

Parece indevido, no entanto, considerarmos o consumo de ayahuasca como propriedade das religiões ayahuasqueiras, o que seria ignorar tanto os cultos neo-ayahuasqueiros como o uso de ayahuasca em práticas psicoterápicas (o que merece longa consideração). Logo, tornam-se essenciais estudos acerca do modo como se dão tais consumos nestes locais e também observar a emergência em contextos informais de regras e “ritos” de consumo, pensando de que modo é possível fortalecer, potencializar, tais usos devidos, jamais confundindo “devidos” com “normatizados” ou conservadores.

Algumas referências sobre o tema:

GOULART, Sandra Lúcia. Estigma de grupos ayahuasqueiros em LABATE, Beatriz Caiuby (et al) (orgs.) Drogas e Cultura: novas perspectivas – Salvador: EDUFBA, 2008. 440p.
MCRAE, Edward. A elaboração das políticas públicas brasileiras em relação ao uso religioso da ayahuasca em LABATE, Beatriz Caiuby (et al) (orgs.) Drogas e Cultura: novas perspectivas – Salvador: EDUFBA, 2008. 440p.

Também no livro Drogas e Cultura, org. pela Alba Zaluar tem um artigo de Mcrae “A importância dos fatores socioculturais na determinação da política oficial sobre o uso ritual da ayahuasca.

Imagem fonte: NEIP (Veja links)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Terrence Mckenna



# - Video visto primeiramente no hempadão.

Mckenna fala por si só, mais do que minha possibilidade de comentá-lo.