quarta-feira, 31 de março de 2010

Humphy Osmond


Continuando nossa discussão sobre terminologias é a vez de adentramos melhor sobre o termo psicodélico. O termo foi cunhado por Humphy Osmond numa carta a Aldous Huxley, tendo sido o próprio Osmond a apresentar o peiote a Huxley em experiências que resultaram no livro Portas da Percepção.

Numa passagem, em 1957, Osmond diz:

Tentei achar nome apropriado para os agentes (psicomiméticos) em discussão: um nome que incluísse os conceitos de enriquecimento da mente e alargamento da visão. Algumas das possibilidades são: psicofórico, transformador da mente; psico-hórmico, excitante da mente; e psicoplástico, moldador da mente. Psicozínico, fermentador da mente, com efeito é apropriado. Psico-réxico, explosor do espírito, apesar de difícil, é memorável. Psicolítico, libertador da mente, é satisatório. Minha escolha recai sobre psicodélico, manifestador da mente, pois o termo é claro, eufônico e não contaminado por outras associações. (citação colhida em LSD de John Cashman)

Para mais sobre Humphy Osmond, tem um ótimo resumo sobre sua obra no Erowid.

O barato da sálvia

O barato da sálvia

Fonte: http://www.bialabate.net/news/o-barato-da-salvia

Reportagem publicada na Folha de São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008.

Consumo da erva como alucinógeno por jovens pode prejudicar as pesquisas para uso medicinal
KEVIN SACK
BRENT MCDONALD
DO “NEW YORK TIMES”

Enquanto um amigo gravava em vídeo, Christopher Lenzini, 27, de Dallas, tomou uma dose de Salvia divinorum, considerada a mais poderosa erva alucinógena do mundo, e começou a imaginar que estava em um barco com pequenos homens verdes. E não demorou a cair, às gargalhadas. Quando ele postou o vídeo no YouTube, algumas semanas atrás, foi visto várias vezes.

Há uma década, o uso de sálvia estava limitado a pessoas que buscavam revelações com xamãs em Oaxaca, no México.

Hoje, esse membro alucinógeno da família da hortelã está legalmente disponível, nos EUA, pela internet e em lojas de produtos naturais, e se tornou uma espécie de fenômeno entre os jovens. Mais de 5.000 vídeos no YouTube documentam as jornadas dos usuários à incoerência e à perda da coordenação motora. Alguns já foram vistos 500 mil vezes.

No entanto, as imagens que ajudaram a popularizar a sálvia podem acelerar a proibição de sua venda legal e solapar pesquisas promissoras sobre seus potenciais usos medicinais.

Os farmacologistas que acreditam que a sálvia poderia abrir novas fronteiras no tratamento de vícios, depressão e dor temem que, caso seu uso seja criminalizado, obter e armazenar a planta se tornaria difícil, assim como conseguir permissão para testá-la em humanos.

Em vários Estados, os vídeos se tornaram a principal prova para a regulamentação da sálvia. A Flórida, por exemplo, tornou crime passível de até 15 anos de prisão a posse ou venda da erva. Na Califórnia, a venda a menores virou um delito.

Segundo dados do governo federal norte-americano, cerca de 1,8 milhão de pessoas já experimentaram a sálvia -sendo que 750 mil delas provaram a erva nos últimos 12 meses. Entre os homens de 18 a 25 anos, o consumo foi relatado por 3%, o que a torna duas vezes mais utilizada que o LSD e quase tão popular quanto o ectsasy.


segunda-feira, 29 de março de 2010

Uso Medicinal da Maconha

O uso medicinal da maconha

Fonte: Pesquisa FAPESP Online

Saoi na FAPESP, e também no discovery hemp do site Hempadão. Agora veio parar nos meus olhos e nada mais justo que nos olhos dos leitores do Enteogenico. A entrevista é com o médico Elisaldo Carlini, talvez o maior pesquisador brasileiro do uso medicinal da cannabis. O forum que acontecerá em São Paulo pode ser fundamental para a criação da Agencia Brasileira da Cannabis Medicinal, que é necessária pelas convenções da ONU para a regulamentação do uso da cannabis medicinal. Sem mais delongas, vamos a entrevista de Carlini.

Qual será a proposta do simpósio internacional sobre maconha, que ocorrerá em maio em São Paulo?

Vamos propor que a maconha seja aceita para uso médico no Brasil. Meu avô se formou médico no fim do século XIX e naquela época já usava um livro de 1888, que guardo até hoje, com a receita da maconha para vários males. Era uma terapêutica corrente no mundo todo, inclusive no Brasil. O simpósio internacional terá o título “Uma agência brasileira da Cannabis medicinal?”. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que a maconha pode ser medicamento – apesar da proibição da Convenção Única de Entorpecentes, de 1961 – desde que os paí-ses oficializem uma agência especial para Cannabis e derivados nos seus ministérios da Saúde. Já há uns 10 países que fazem esse uso: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Espanha, Suíça, entre outros.

terça-feira, 23 de março de 2010

Respostas à desinformação da Veja


Blog de um jornalista acreano, respondendo à matéria sensacionalista (como a maioria) da revista elitista, conservadora e preconceituosa - VEJA, que alguns ainda insistem em levar à sério....

O ACRE NO ALTAR

MOISÉS DINIZ

A revista Veja acaba de publicar uma sensacionalista reportagem sobre o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e de seu filho Raoni, 25. Na reportagem, sem nenhuma base material, a revista acusa o criminoso Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, Cadu, de ter ingerido ayahuasca, levando-o a cometer o crime.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Um adeus ao mestre


Por Coletivo DAR

Glauco Villas-Boas, 53, foi assassinado dia 12 de maço, junto com seu filho Raoni, de 25 anos, em circunstâncias ainda não plenamente compreensíveis para todos nós. Ele deixa um enorme vácuo na produção de tirinhas e na produção de cultura neste país. Um vácuo ainda maior, incomensurável, fica dentro das pessoas que o conheciam de perto, seus familiares, amigos, colegas de profissão e a mulher e filhos, e também, mãe e irmãos de Raoni. A esses dedicamos todo nosso sentimento.

As dimensões da tragédia são grandes. É difícil encontrar justificativas físicas, metafísicas ou de qualquer ordem possível para mortes estúpidas, provocadas por armas de fogo de fácil acesso, e que só servem para aumentar nossa indignação e tristeza.

Muitos de nós, membros do DAR, aprendemos a gostar de quadrinhos lendo o Geraldinho na Folhinha, não aprendemos direito, mas bem, demos o salto de qualidade da Turma da Mônica e da Turma do Arrepio e de outras Turmas afins. Depois fomos (re)formados pela invejável geração que produziu os três amigos e nunca deixamos de acompanhar o que estes três amigos, Laerte, Angeli e Glauco, faziam diariamente na cabeça desta nação, com seu humor afiado, socialmente consciente, mas ainda assim irreverente, provocador.

domingo, 21 de março de 2010

Atualidades

Estamos lançando discussões gerais aqui no blog nos últimos tempos e, de certa forma, acabamos desprivilegiando assuntos importantes que tem acontecido no Brasil na temática substâncias psicoativas e enteogenos..

Uma está sendo bem trabalhada pelo Coletivo DAR, que é a questão do ayahuasca especialmente após a fatalidade ocorrida com Glauco e seu filho que gerou muita polêmica na mídia e muita desinformação também.

Outro tema é a recente incriminação de uma mulher de 39 anos, dona de casa, que tinha um único pé de cannabis em sua casa e foi considerada traficante... Este último absurdo que aconteceu está documentado no Hempadão.

O Cultivo Hidroponico

EL CULTIVO HIDROPÓNICO

El Cultivo Hidropónico
Antonio Escohotado(1997)
La cuestión del cáñamo, Barcelona, Ed. Anagrama, 1ª ed., 1997, pp.128-148

El fenómeno contemporáneo, en materia de marihuana, es el cultivo con luz artificial y automatización. Las extensiones plantadas a cielo abierto, en América, Asia, África y Polinesia, están dando paso a un agricultura de interiores, apoyada sobre motivos de seguridad (para el agricultor) y calidad (para el consumidor). Sin embargo, eso tiene poco de particular o relativo a la marihuana, porque marca un salto de la agricultura en general, comparable con el que va de la vieja máquina registradora al ordenador.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Contracultura Psicodélica

Na continuação do post do meu amigo Pedro, sobre a questão da contracultura psicodélica, segue o capítulo 3.3.1 da minha monografia já citada no post "Introdução à redução de danos".

3.3.1 – Contracultura Psicodélica

Uma forte contracultura estabeleceu-se, especialmente nos EUA, utilizando algumas SPA´s como forma de contestação de um sistema opressor, tal como de uma tentativa de evolução pessoal ou juvenilização[1]. Nesta contracultura as principais substâncias utilizadas eram as “drogas” que Antonio Escohotado chamou de “visionárias” e outros chamam de enteógenas, especialmente a cannabis e seus derivados e o LSD[2] (ácido lisérgico), este último tendo sido sintetizado pelo químico Albert Hofmann. Diversos artistas, cientistas, ativistas se engajaram para promover uma transformação social radical usando como meio uma contracultura muito particular, nunca vista antes. Nas palavras de William Burroughs (in Leary, 1999, p.9-10), um dos grandes nomes da literatura da geração beatnik, escritas em 1989 no prefácio da autobiografia de Timothy Leary:

É fascinante poder olhar para trás e perceber a cintilante rede de conexões sociais, científicas, artísticas e políticas que foram engajadas e ativadas com o início da fase de experimentos psicodélicos (e Tim Leary era a figura central dessa rede). No momento certo, Allen Ginsberg uniu-se a Timothy em 1960. Sua determinação em democratizar a experiência com drogas e compartilhá-la com todas as pessoas estava bem de acordo com o tipo de mente igualitária de Timothy, e pode ter sido decisiva para a carreira posterior como Johnny Acidseed.


terça-feira, 16 de março de 2010

The Electric Kool-Aid Acid Test

TOM WOLFE
"O Teste do Ácido de Refresco Elétrico"
(The Electric Kool-Aid Acid Test,trad Rubens Figueiredo, ed Rocco, RJ, 1993)

“Você não vê a coisa se aproximando?

Dez mil jovens das flores, do ácido e da maconha,
anfetamina, cabeleira, coração que sonha,
Dez mil hippies, beats, cabeludos, doidões, todo o bando,
descendo a Haight Street em festa, cantando,
Tilintando os sininhos, colares, mandalas, badalação,
botas de duendes, barafunda, prostrado no chão
Diante do Profeta que retornou para os seus adoradores.
Tudo ao som da ladainha psicodélfica, polifônica gemeção,
Da banda musical dos Festivos Gozadores!”

Manifesto contra a proibição da Marcha da Maconha 2010

Vamos assinar essa parada!


Defender a realização da Marcha da Maconha é defender a liberdade de expressão e de manifestação

“Não há crime de apologia quando o que se pretende é

discutir uma política pública, seja a de participação popular

no poder, seja a de saúde, seja a fundiária, etc. Não importa

muito o teor do pensamento, da argumentação que será

expressa no locus público. Para a Constituição, o que

importa é a liberdade de fazê-lo. O Judiciário, nem

qualquer outro Poder da República, pode se arrogar a função

de censor do que pode ou do que não pode ser discutido

numa manifestação social. Quem for contra o que será dito,

que faça outra manifestação para dizer que é contra e por

que. (…) O que não podem fazer é tentar impedi-la. Isso sim,

seria inconstitucional, atentatório à ordem pública e às

liberdades públicas.” (Processo nº 2009.001.090247-7,

decisão de 14/04/2009).

Dr. Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, Juiz do IV Juizado Especial Criminal da Comarca do Rio de Janeiro

Na contramão de dezenas de países e de diversos estados brasileiros, desde 2008 a Marcha da Maconha vem sendo proibida em São Paulo, com argumentos morais e políticos que se escondem sob a infundada acusação de apologia ao crime. A apologia ao crime caracteriza-se como defesa pública de ato criminoso ou de criminoso condenado pela Justiça. A Marcha da Maconha não defende nenhum comportamento ilícito: pelo contrário, existe como demanda de licitude para algo que hoje é proibido. Sua proibição viola os princípios constitucionais de livre manifestação do pensamento (Artigo 5º, IV da Constituição) e direito de reunião (Artigo 5º, XVI da Constituição, artigo XX, I, da Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Frase do dia

A frase do dia é do alquimista Paracelso e vem do século XVI:

"Todas as coisas tem veneno e não há nada não o tenha. Se uma coisa é veneno ou não, isso depende somente da dose"

segunda-feira, 15 de março de 2010

Henrique Carneiro e alternativas ao proibicionismo.

O historiador Henrique Carneiro, um dos maiores pesquisadores sobre substâncias psicoativas brasileiro, além de antiproibicionista, escreveu o artigo: “Legalização e controle estatal de todas as drogas para a constituição de um fundo social para a saúde pública” para o Coletivo DAR (Desentorpecendo A Razão).

O Artigo encontram-se aqui:

Ele segue abaixo também para os interessados.
Vale a pena.

Legalização e controle estatal de todas as drogas para a constituição de um fundo social para a saúde pública

Henrique Carneiro

Uma política sobre drogas deve abranger os três circuitos de circulação das drogas psicoativas existentes na sociedade contemporânea: o das substâncias ilícitas, o das lícitas de uso recreacional e o das lícitas de uso terapêutico.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Considerações sobre "Nascer não basta" de Luigi Zoja


Lugi Zoja em seu livro “Nascer não basta: iniciação e toxicodependência” vai abordar o fenômenos da farmacodependência por um viés junguiano(1) . Faz isso em meio a uma nebulosidade na psicologia complexa, já que o assunto é simplesmente ignorado pela maioria dos junguianos ou pós-junguianos.

Zoja vai considerar a “dependência de drogas”(2) como um resultado a tentativa de re-ritualização, de vivenciar aspectos arquetípicos (3) da iniciação(4) que foram reprimidos pela cultura ocidental moderna; uma tentativa que, antes de se dar, já falhou. Vai abordar tal temática observando de que forma os “modernos”, em diferença com os “primitivos”, ou povos originais, lidam com o consumo de substâncias psicoativas. Enquanto o consumo em sociedade originais é estruturado através de ritos(5) o consumo contemporâneo normalmente está ligado a um pseudo-rito moderno, isto é, o consumismo (e sua conseqüente dependência, a oniomania). Sua abordagem passa, portanto, por uma tentativa de integrar:

A - um viés arquetípico
B – um viés psicológico
C - um viés sociológico.

Embora sua abordagem seja muito interessante de um ponto de vista genérico, o autor apresenta uma série de equívocos e acaba levando uma abordagem inovadora para uma produção reacionária.

domingo, 7 de março de 2010

Para uma ciência do prazer farmacológico


Esse texto do Escohotado é sensacional. Dá até vontade de ler Jonathan Ott, mas achei impossível achar os livros dele em sebos ou livrarias.

Esse post merece inclusive comentários mais alongados, os quais não farei agora.. Mas fica o texto para os leitores deste estranho recinto. Escohotado, como sempre, permanece figurinha carimbada.

PARA UNA CIENCIA DEL PLACER FARMACOLÓGICO

En el mundo de la psiconáutica –una expresión acuñada por Ernst Jünger a mediados de siglo- el bagaje teórico/práctico de Jonathan Ott es incomparable. Su monumental Pharmacotheon: drogas enteogénicas, sus fuentes vegetales y su historia (Libros de la Liebre de Marzo, Barcelona, 2ª edición revisada 1996), dejó por eso atónitos a conocedores y curiosos. Aunque todavía no haya cumplido los cincuenta años, Ott lleva más de dos décadas siendo una figura muy destacada de la ilustración en este terreno, que organiza simposios internacionales, publica media docena de libros, funda revistas y editoriales, descubre e investiga como químico nuevas o viejas substancias psicoactivas y, en definitiva, contribuye a poner conocimiento y razonamiento donde otros siembran ignorancia y sofismas. Ahora ofrece al lector en castellano su último libro: Pharmacophilia, o los paraísos naturales (Phantastica, Barcelona, 1999), que vuelve a ser una fiesta.

sábado, 6 de março de 2010

The Soul-Searchers

Um trecho de In My Own Way: Uma Autobiografia, 1915-1965
© 1972 por Alan Watts. Pantheon Books

Diretamente do Mundo Mágico do Cogumelo

The Soul-Searchers

Retornando a América [em 1958] eu fui apresentado à aventuras psiquiátricas de um tipo muito diferente. Aldous Huxley tinha recentemente publicado “As portas da perceção” sobre seus experimentos com mescalina, e havia por essa época ido à exploração dos mistérios do LSD. Gerald Heard havia se juntado a ele nessas investigações, e em minhas conversas com eles eu percebi uma evidente mudança de atitude espiritual. Em síntese, eles haviam deixado de ser Maniqueístas. Sua visão de divino agora incluía a natureza, e eles se tornaram mais relaxados e humanos, então eu peguei falando a eles sobre minha própria persuasão. No entanto, pareceu-me altamente improvável que uma verdadeira experiência espiritual pudesse se dar pela ingestão de alguma química particular. Visões e êxtase, sim. Um pouquinho do sabor místico, como nadar com bóias nos braços, talvez. E talvez um novo despertar para alguém que tenha feito a jornada antes, ou um insight de uma pessoa experiente na Yoga ou o Zen.

No entanto, nesses “planos interiores” eu sou de uma natureza aventureira, e sou disposto a testar a maioria das coisas. Ambos, Aldous e meu ex-aluno na Academia, o matemático John Whittelsey, mantinham contato com Keith Ditman, psiquiatra encarregado da pesquisa do LSD no departamento de neuropsiquiatria da Universidade de Los Angeles. John estava trabalhando com ele como estatístico em um projeto elaborado para testar os efeitos da droga em dependentes do álcool e para mapear seus efeitos no organismo humano. Como muitos de seus tópicos relatavam estados de consciência que poderiam ser lidos como relatos de experiências místicas, eles estavam interessados em testar em “experts” do campo, apesar de um místico nunca ser realmente especialista da mesma forma que um neurologista ou um filólogo, por seu trabalho não ser uma catalogação de objetos. Mas eu me qualificava como um perito na medida em que eu também tinha um conhecimento considerável intelectual da psicologia e da filosofia da religião: um conhecimento que, posteriormente, me protegeu dos aspectos mais perigosos desta aventura, me garantindo um compasso e algo como um mapa neste território indomável. Ademais eu confiei em Keith Ditman. Ele não estava com medo, como muitos Jungianos, do inconsciente. Não foi imprudente, mas parecia frio, cauteloso, comedido nas opiniões, porém vivo, com olhos brilhantes e intensamente interessado em seu trabalho.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Psicomiméticos, perturbadores, alucinógenos ou enteógenos?



As substâncias que alteram radicalmente nossa percepção e sensibilidade já foram classificadas de diversas formas, dentre as quais as relacionadas com o efeito psíquico (p.ex, alucinógenos) como às que remetem a classificação ao efeito da substância no sistema nervoso central (p.ex, perturbadoras).

É fato que estas substâncias são, até certo ponto, incógnitas para uma série de pesquisadores que relacionam-se com elas de forma extremamente moralista. Afinal, se estas substâncias não exatamente estimulam o sistema nervoso central (como a cocaína, anfetaminas, etc) não deprimem o sistema nervoso central (como os ansiolíticos, opiáceos, etc.), então, afinal, de que modo agem? O termo “perturbadores” é infeliz; como assim perturbam? Tirando o caráter pejorativo poderíamos dizer então “alteradores”, não é verdade?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Boletim do ENCOD nº 61 Traduzido


BOLETIM ENCOD SOBRE POLITICAS DE DROGAS NA EUROPA
NR. 61 MARÇO DE 2010
ACERCANDO A VERDADE

De 8 a 12 de março, 2010, a Comissão de Entorpecentes da ONU celebrará sua reunião atual em Viena, a fim de avaliar os resultados da atual estratégia de controle de drogas. O objetivo declarado desta estratégia é reduzir a produção, o tráfico e a demanda de drogas ilegais. A verdade é que não existe nenhum resultado positivo desta estratégia em absoluto.
Em 23 de fevereiro de 2010, durante a Audiência Pública sobre a Política de Drogas da UE (União Européia) co-organizada pelo ENCOD no parlamento europeu, Carel Edwards, o chefe da unidade de Coordenação Anti-drogas da Comissão Européia declarou que: “A repressão não funciona. Agora sabemos o suficiente para chegar a esta conclusão”.



Desde março de 2009, a Comissão Européia tinha em sua posse um informe sobre o impacto das políticas de drogas sobre o Mercado Global das Drogas Ilícitas entre 1998 e 2007. Este informe chega a seguinte conclusão: as atuais políticas de drogas, baseadas na proibição, não conseguem diminuir a oferta e demanda de drogas e estão causando danos a indivíduos e a sociedade em geral.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Ululândia e Arnaldo Bloch


fonte: http://psicotropicus.org/psicoblog/opiniao/ululandia-reflexoes-algo-obvias-sobre-drogas-e-upps-em-resposta-a-email-de-um-leitor/

terça-feira, 2 de março de 2010

Cannabis pode realmente causar esquizofrenia?

Cannabis pode realmente causar esquizofrenia?


Dartiu Xavier da Silveira


Transcrito de: Xavier da Silveira, Dartiu. Moreira, Fernanda Gonçalves. Panorama Atual de Drogas e Dependências. São Paulo: Atheneu, 2006, pgs. 96-7.


Uma parcela significativa dos psiquiatras clínicos tem em sua casuística pelo menos alguns casos de psicose induzida ou desencadeada pelo uso de cannabis. Algumas vezes estas configuram situações de difícil manejo clínico e nos remetem a refletir mais profundamente sobre a associação entre psicose e o uso de substâncias psicoativas. Infelizmente os poucos estudos atualmente disponíveis na literatura sobre o tema ainda são controversos. É inegável que o uso de qualquer substância psicoativa sempre envolve algum nível de risco. Aliás, é a partir desta constatação que vem sendo desenvolvidas, nas últimas décadas, estratégias de redução de danos direcionadas sobretudo àquelas indivíduos que não conseguem se abster de consumir drogas. Cabe aqui ressaltarmos que os modelos de tratamentos disponíveis não conseguem tratar sequer a metade dos dependentes químicos que nos procuram. É sobretudo para esta maioria de dependentes químicos que não conseguimos tratar que se dirigem as intervenções de redução de danos. Nesse sentido, a proposta holandesa de tolerância com relação ao uso de cannabis de forma alguma decorre de algum tipo de simpatia especial deste povo com relação às drogas.