domingo, 26 de setembro de 2010

Estudantes, Ativismo e Política


Já publicamos neste blog uma carta feita pelos ‘Estudantes por uma política de drogas sensata” (SSDP - Students for Sensible Drug Policy). É formidável pensar nos estudantes, especialmente aqueles do ensino médio, se organizando para alteraram a atual ineficiência da política de drogas orientada pela War on Drugs. Não apenas ineficiência, mas formulada a partir do desrespeito por direitos humanos básicos, o que nos leva apenas rumo ao totalitarismo. Ignora-se continuamente, na Guerra as drogas, direitos democráticos. Entre estes direitos humanos básicos, é mister lembrarmos da quinta liberdade, o direito de alteração do seu próprio sistema nervoso.
Pela consideração a democracia, mais uma vez vamos lembrar de estudantes célebres e inspirados, que procuram re-construir criativamente nossos atuais padrões de indiferença em relação ao sofrimento, a nossa apatia em relação a dominação, corrupção, crueldade que nos são expostas diariamente.
Com a declaração abaixo, apesar de não estarmos falando especificamente sobre substâncias psicoativas, ou política de drogas, nossa temática é extremamente entrelaçada a esta última. Trata-se de um manifesto de 1962, a famosa Declaração de Port Huron, assinada pelos Estudantes por uma Sociedade Democrática (Studants for a Democratic Society – SDS). Mais uma vez lembramos da importância dos estudantes na realização de políticas democráticas. Não é possível que os gremios estudantis, as organizações de estudantes, permaneçam no atual marasmo político e falta de criatividade.

Eis a declaração:

Nós somos pessoas desta geração, criados em conforto modesto, agora instalados nas universidades, olhando desconfortavelmente para o mundo que herdamos.
Quando éramos crianças os Estados Unidos (representavam) (...) liberdade e igualdade para cada indivíduo, governo de, pelo e para o povo – esses valores americanos nós considerávamos bons, princípios segundo os quais poderíamos viver como homens (...).
À medida que crescemos, porém, nosso conforto foi invadido por acontecimentos perturbadores demais para serem ignorados. Primeiramente, o fato disseminado e cruel da degradação humana, simbolizado pela luta do Sul contra a intolerância racial, levou a maioria de nós do silêncio para o ativismo. Depois, a Guerra Fria, simbolizada pela presença da Bomba, trouxe a consciência de que nós, e nossos amigos, e milhões de outros “abstratos” podemos morrer a qualquer momento (...).
Nós consideramos os homens infinitamente preciosos e dotados de capacidades não realizadas de razão, liberdade e amor. Ao afirmarmos esses princípios, estamos conscientes de sermos contrários às concepções dominantes do homem no século XX: de que ele é algo para ser manipulado, e que ele é inerentemente incapaz de conduzir seus próprios negócios. Nós nos opomos a despersonalização que reduz os seres humanos ao status de coisas.
Os homens tem um potencial não realizado para o aperfeiçoamento pessoal, para conduzir a si mesmos, para a compreensão pessoal e a criatividade. (...) O objetivo do homem e da sociedade deve ser a independência humana: uma preocupação não com a imagem ou com a popularidade, mas com encontrar um sentido na vida que seja pessoalmente autêntico, uma qualidade de mente não movida compulsivamente por uma sensação de impotência, não uma que irrefletidamente adote valores de status, não uma que reprima todas as ameaças a seus hábitos, mas uma que permita acesso pleno e espontâneo a experiências presentes e passadas, uma que facilmente junte os pedaços fragmentados da história pessoal, uma que enfrente abertamente problemas perturbadores e não-resolvidos; uma com uma consciência indutiva das possibilidades, uma curiosidade ativa, uma capacidade e um desejo de aprender.
(...) Solidão, estranhamento, isolamento descrevem a enorme distância que há hoje entre os homens. Essas tendências dominantes não podem ser superadas por uma melhor administração pessoal nem por aparelhos melhorados, mas apenas quando o amor do homem supere a adoração idólatra das coisas, pelo homem.
(...) Iremos substituir o poder baseado na posse, no privilégio ou na situação econômica pelo poder e pela singularidade baseados no amor, na reflexão, na razão e na criatividade.

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