quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escala de Shulgin

A tradução abaixo não é de minha autoria. Segue abaixo um importante texto para aqueles interessados nos efeitos psicoativos de substâncias psicodélicas ou enteogênicas, para químicos profissionais, amadores e, em suma, para psiconautas em geral. Em breve farei uma introdução a tradução, falando quem são estes pesquisadores fundamentais da psiconautica, os Shulgin.


A escala de Shulgin é uma escala simples que mede o efeito subjetivo oriundo do uso de substâncias ditas psicoativas, alucinógenas, psicodélicas ou enteógenas. O sistema foi desenvolvido com fins de pesquisa pelo bioquímico Alexander Shulgin e detalhado em seu livro intitulado PiHKAL(fenetilaminas que eu conheci e amei: uma história de amor química, em tradução livre do título do livro).
 
Segue abaixo excerto traduzido do livro, sobre os níveis da escala de Shulgin: 

MAIS / MENOS (+/-) O nível e efetividade de um elemento que indica a ação inicial de uma droga. Se uma dose alta produz uma resposta alta, então esta denominação é válida. Se no caso a dosagem elevada não surtir nenhum efeito, então trata-se de um falso positivo.

MAIS UM (+) A droga é certamente bem ativa. O tempo pode ser medido com certa acuidade, mas a natureza dos efeitos da droga ainda não são aparentes.

MAIS DOIS (++) Ambos o tempo e a natureza da ação de uma droga são sem dúvida aparentes. Mas você ainda possui escolha se irá aceitar a aventura, ou continuar com os seus planos diários normais. Os efeitos podem ter grande influência, ou podem ser reprimidos e tomar um papel secundário em relação a outras atividades escolhidas.

 MAIS TRÊS (+++) Não somente o tempo e a natureza da ação de uma droga são bem claras, e ignorar sua ação é impossível de se ignorar. O sujeito está totalmente comprometido na experiência, para o bem ou para o mal.

MAIS QUATRO (++++) Um estado transcendental raro e precioso, que é chamado de "pico da experiência", uma "experiência religiosa", "transformação divina", um "estado de Samādhi" e muitos outros nomes em outras culturas. Ele não tem relação com as medições anteriores da intensidade da droga. É um estado de conexão com o mundo interior e exterior, um estado místico e de graça, que provém da ingestão de uma substância psicodélica, sendo algo que pode não se repetir após a ingestão da mesma substância. Se uma droga (ou técnica ou processo) fosse descoberta e esta pudesse produzir de forma consistente uma experiência mais quatro em todos os seres humanos, é possível afirmar que este poderia assinalara evolução final, e talvez o fim do experimento humano.

— Alexander Shulgin, PiHKAL, 1991

 
Uso
 
A escala de Shulgin é comumente utilizada em conjunto com mais outros componentes, como: a identificação química da substância ingerida, a dosagem, uma descrição narrativa dos efeitos em termos de visões, sensações, e variações durante o decorrer da experiência de cunho emocional, sensorial, mental.

Exemplo de texto narrativo: (com 50ml) Uma intensa experiência. Levo uma hora para atingir um efeito mais três. Os sons das músicas xamânicas ganham uma profundidade e uma emotividade maiores, mandalas e visões do passado começam a aparecer. Ânsia de vômito após 2 horas. Após o fim dos efeitos, ficam alguns resquícios de vultos periféricos na visão.

 Referências

 Shulgin, Alexander (1991), PIHKAL: A Chemical Love Story, Berkeley,
 CA: Transform Press, ISBN 978-0-9630096-0-9

1 comentários:

Vinicios Costa disse...

interessantíssimo, um ótimo instrumento para medir trips psicodelicas!

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