A Medical Cannabis Cup 2011, edição São Francisco (EUA), aconteceu nos dias 25 e 26 de junho. O evento teve como principal objetivo disseminar a cultura canábica, bem como promover o debate consciente sobre o uso da maconha, principalmente no campo da medicina. Foram dois dias onde expositores e visitantes puderam debater e conhecer mais sobre plantio, comércio e indústria da maconha.
(Fotos: Mark Diaz)
Richard Cusick, Editor Associado da High Times (NY) e Ranieri Guimarães, Diretor da Brasil Norml
O diretor da Brasil Norml, Ranieri Guimarães, juntamente com Mark Diaz, do setor de comunicação, estiveram presentes. Os dois relataram para o site da Brasil Norml como foi a Medical Cannabis Cup de São Francisco. Confira a seguir, e saiba mais um pouco sobre como está o cenário da Cannabis nos Estados Unidos.
Foi um belo dia em São Francisco, Califórnia, para acontecer a segunda “High Times Medical Cannabis Cup”. O evento atraiu uma verdadeira multidão. A entrada custava 50 dólares e dava direito a participar dos dois dias. Isto representa muito dinheiro nestes tempos difíceis. Mesmo assim as pessoas vieram. A maioria delas muitas vezes gasta muito mais do que isso, comprando de fornecedores que possuem as últimas tecnologias e de produtores que vendem clones e sementes de suas melhores cannabis para cultivo. Foi um dia para a educação e conscientização, trabalhando em rede com outras empresas do setor da maconha, além de servir também como uma sadia diversão. A revista High Times produziu um evento bem estruturado. Participantes e distribuidores encheram ambos os salões do local para prestigiar o evento. Pacientes utilizaram todas as diferentes formas de cannabis lá. Muitas pessoas estavam visivelmente embriagadas, porém, não houveram incidentes como seria de esperar em um evento comparável onde é servido álcool. Todos estavam no melhor estado de espírito.
Veja a galeria de imagens do evento:
Muitas das apresentações abordaram questões sobre as leis de drogas. Informações importantes e amplas foram compartilhadas por advogados e investigadores. Os líderes da NORML disponibilizaram na internet a transmissão ao vivo de todo o evento, fazendo essas palestras disponíveis para todo o mundo. Existem leis que permitem o uso de cannabis de maneira medicinal, mas estas leis não protegem contra a acusação de cultivo e distribuição. Tem existido muitos casos de estabelecimentos que trabalham com maconha sendo invadidos pela polícia e agentes federais nos EUA. A lei federal ainda proíbe qualquer cultivo ou uso da maconha, independentemente da lei estadual. As cooperativas de cannabis medicinal têm de ter total atenção às leis estaduais. Elas são muitas vezes colocados sob a lente do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Aqueles clubes que se dedicam a fins lucrativos são frequentemente fechados, enquanto seus membros podem enfrentar um processo federal que prevê a punição para a produção e distribuição de drogas.
O evento foi dividido em duas partes. Por um lado foram dadas palestras em estandes de fornecedores que foram montados para apresentar os mais avançados sistemas de cultivo e produtos que promovem um uso saudável e seguro para este medicamento eficaz. Ao lado se encontravam as áreas onde a cannabis medicinal, concentrados e comestíveis foram disponibilizados aos pacientes certificados que pagaram para assistir ao evento. Na área reservada para julgar as plantas de maconha medicinal haviam vários fornecedores dando amostras grátis de seus produtos. Estes eram extremamente populares entre os participantes. Haviam muitas amostras grátis de cannabis em forma de alimentos tais como doces, bolos, biscoitos, mel, chocolate e bebidas diversas, como chás e refrigerantes. Por um breve tempo no primeiro dia houve um algodão doce azul que tinha um sabor distinto e foi um prazer provar esta iguaria.
Os alimentos a base de maconha deixam o uso da droga mais disponível para as pessoas que não fumam. Cannabis é um medicamento com uma grande variedade de poderes curativos. Dezenas de novas linhagens, híbridos e clones foram apresentados, cada um com seu único efeito sobre o paciente. O povo da Califórnia decidiu permitir o uso medicinal deste elemento curativo natural. Esta decisão teve um impacto no mundo inteiro.
O tema mais importante na Medical Cannnabis Cup é a mudança da percepção do uso da maconha: de recreativo para seu uso efetivo como um medicamento natural.
Encontramos o cientista Linker Wilson do Laboratório “Steep Hill” que está testando o poder da maconha para fins medicinais no esforço de promover a consistência do cultivo. O resultado será um medicamento que terá os mesmos efeitos em todos os pacientes, cada vez que usá-lo e ajudará a manter os pacientes seguros pela triagem das amostras de toxinas, fungos e outros contaminantes perigosos para o homem. Hoje há pouco deste tipo de teste acontecendo em laboratórios de maconha medicinal, mas isso vem mudando a partir do momento que mais e mais pessoas começam a entender a profundidade do assunto e compreender os benefícios para si próprios em usar este curativo natural em vez de usar a poderosa indústria farmacêutica com medicamentos que têm efeitos secundários graves e custam mais dinheiro do que a cannabis, de longe.
Existem pessoas que passaram anos tentando cultivar as plantas de maconha da melhor forma possível. Seus métodos de produção inventiva agora estão se tornando a tecnologia convencional na indústria de cultivo. Houveram apresentações de novas luzes estimulantes que não produzem o calor que a luz ultravioleta padrão tem. Estas luzes requerem menos energia para produzir as mesmas condições perfeitas de cultivo para o processo indoor. Haviam várias empresas vendendo unidades de tudo-em-um, que são caixas para fazer crescer seus pés de maconha que possuem todos os requisitos para plantar nas condições encontradas em ambientes fechados, longe do sol, solo e água. Estas unidades variam em tamanho formas de construção. Muitos incluem tecnologia hidropônica. Várias dessas unidades completas eram pequenas o suficiente para serem usadas em uma casa comum, tornando mais fácil para os pacientes produzir seu próprio remédio e manter seu dinheiro em vez de
pagar para aos traficantes.
O cultivo moderno de maconha tem produzido linhagens que tornam possível a categorização de acordo com o benefício específico dos elementos. Desta forma são capazes de fornecer o medicamento aos pacientes de acordo com suas reais necessidades. Existem algumas plantas com maiores percentagens de canabinóides que reduzem a inflamação, outras que produzem benefícios para o sistema músculo-esquelético, permitindo que a tensão no corpo diminua. Existe também um canabinóide especial conhecido como CBD, que foi originalmente descoberto em 1990, no Brasil. Este componente foi encontrado para oferecer uma variedade de efeitos calmantes nos pacientes. O CBD tem se mostrado útil no tratamento de esquizofrenia grave. Medicamentos produzidos por conglomerados farmacêuticos do mundo que são usados no tratamento da esquizofrenia são tão poderosos que, muitas vezes, são rejeitadas pelo organismo e, como tal, têm efeitos secundários graves. Isto pode acarretar em danos permanentes em órgãos internos em casos extremos, após longos períodos de uso. A Cannabis não apresenta este alto teor de perigo para o corpo humano quanto utilizada.
Haviam muitos advogados de defesa que representam pessoas acusadas de crimes relacionados com a cannabis. As palestras feitas por eles provaram ser as mais populares, atraindo centenas de pessoas para o fórum. Embora a lei no estado da Califórnia permita o uso medicinal da maconha, o regulamento dos dispensários ainda é deixado para as cidades decidirem, de maneira particular. Estas distinções complicam a vida de todos os envolvidos nesta indústria. O resultado final é que o uso da maconha, mesmo de maneira medicinal, é crime federal e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ainda quer as detenções e condenações para a produção e comercialização da cannabis. Quando falamos de nossos esforços para levar a NORML, a Organização Nacional pela Reforma das Leis da Maconha, para o Brasil, perguntas comuns são feitas para nós sobre as leis no Brasil e sobre a percepção da cannabis medicinal lá.
O resultado final da High Times Cannabis Cup 2011 Medical será a educação que cada participante levará para casa. Muito foi falado sobre o uso medicinal da droga. Ainda existem muitos que usam a maconha estritamente para o lazer e relaxamento. Mas não se pode ir embora deste evento sem ter aprendido muito sobre os benefícios para a sociedade que têm sido negados desde o início da guerra às drogas. O maior impacto desta “Medical Cannabis Cup” vai acontecer quando esse conhecimento continuar a crescer, de pessoa para pessoa em todas as sociedades do mundo.
Estamos ansiosos para fazer a nossa contribuição nessa luta.
Ranieri Guimarães
Diretor, Brasil NORML
Mark Diaz
Comunicações, Brasil NORML
04 de julho de 2011
Carmel, Califórnia
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