sexta-feira, 30 de abril de 2010

Abrindo a conversa: pesquisadores de enteógenos devem utilizá-los?

Vou colocar um texto do Ott que traduzi, mas em breve posto um texto meu sobre o assunto.. enquanto isso fica para os leitores a pergunta: "pesquisadores de enteógenos deveriam utilizá-lo para terem maior conhecimento sobre o assunto?"


Jonathan Ott, Pharmacotheon 1996, p.147, nota 13


Este aspecto também é tema de debate entre acadêmicos. Aos cognoscenti resulta óbvio que os autoexperimentos são um pré-requisito necessário para a investigação no estudo dos enteógenos. Os efeitos dos enteógenos são de tal maneira um produto do ambiente e da disposição individual set e setting que o investigador naive corre o perigo de projetar sua própria parcialidade nas experiências do sujeito experimental. Como R.Gordon Wasson expressou tão eloquentemente: “se há acusado aos círculos profissionais dos psiquiatras, que haviam tomado os fungos e haviam conhecido a experiência em toda sua dimensão, de que já não poderiam ser ‘objetivos’. Disto concluímos que estamos divididos em dois grupos: os que temos tomado fungos e estamos desqualificados por nossa experiência subjetiva e, por outra parte, aqueles que não tem tomado fungos e estão incapacitados por sua total ignorância sobre o tema” (Wasson 1961). Ademais se deveria sublinhar que os três enteógenos mais importantes: mescalina, LSD e psilocibina, foram descobertos por psiconautas; por químicos enquanto evoluíam suas preparações químicas mediante auto-experimentos. Os químicos que, como Louis Lewin, que intentou isolar o princípio enteogênico do péyotl (ver capítulo 1), ou como James Moore, que intentou isolar o princípio enteogênico do teonanáctl (ver capítuo 5), baseando-se exclusivamente em experimentos com animais para determinar a atividade dos extratos, fracassaram inevitavelmente. Foi Arthur Heffter quem descobriu a mescalina, provando uma série de extratos de péyotl em si mesmo. Igualmente foram Albert Hofmann e seus colegadas os que, provando extratos de teonanáctl neles mesmos, descobriram a psilobicina e a psilocina (Heffter 1898; Hofmann et al 1958). Com base em provas com animais em 1938 os farmacólogos da casa Sandoz concluíram que o LSD era de escasso interesse farmacológico. Foi também o pressentimento de Albert Hofmann o que o levaria cinco anos mais tarde a sintetizar de novo o composto, abrindo assim o caminho a descoberta casual de seus efeitos em si mesmo (Hofmann 1980). A pesar de tudo isto, os investigadores tem utilizado grande variedade de animais, desde aranhas (Christiansen et al. 1962; Witt 1960), até gatos domésticos (Diaz 1975) ou elefantes (Cohen 1964), em uma vã busca de um esquivo modelo animal de “alucinose”. Ver também o capítulo 4, nota 6.

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