Opinião Enteogênico:
É fundamental que autoridades políticas, acadêmicas, e outras, possam falar de seu uso de cannabis, entretanto, sabemos que é um risco, caso não existe um bom "escudo" no qual se amparar. Mais fundamental até do que falar do seu uso, ato privado e que só lhe diz respeito, é a defesa de outro modelo de organização para lidar com as substâncias psicoativas, seus usos, seu comércio e sua produção. É louvável que o vereador possa tocar no tema. Infelizmente, na sociedade em que vivemos, falar do uso pessoal, por vezes, ainda implica uma "desvalorização", esta completamente relacionada ao preconceito e ao estigma.
O que deve ser avalido, neste caso, não é o uso ou não de uma substância, mas o discurso e o trabalho da pessoa que fala. Na fala do dito vereador, é positiva, por mobilizar o debate para a regulamentação da cannabis, que vem tomando frente em todo Brasil.
Fonte: Último Segundo
Thiago Guimarães, iG Bahia
Um vereador do município baiano de Medeiros Neto (869 km de Salvador) assumiu ser usuário de maconha e defendeu a legalização da droga. Cristiano Alves da Silva (PMN) está no terceiro mandato como vereador de Medeiros Neto, cidade de 21 mil habitantes no extremo sul da Bahia.
O vereador revelou o hábito durante uma sessão da Câmara de Vereadores da cidade. “Tenho 37 anos e fumo há mais de 20”, disse, segundo relato de um jornal local. “Estou aqui para defender que o usuário não é criminoso e que o Estado poderia estar ganhando ao legalizar a maconha, que é muito menos prejudicial que outras drogas, inclusive o cigarro”, afirmou durante a sessão.
O delegado da cidade, Kléber Guimarães, afirmou à imprensa local que vai investigar a sessão da Câmara para verificar se houve apologia ao uso de drogas por parte do vereador.
Em entrevista a uma rádio de Salvador nesta sexta-feira (3), Silva reafirmou o hábito, mas negou que faça apologia à droga. O vereador, conhecido na cidade como “Pintão”, já presidiu o Legislativo municipal e é primeiro secretário da União de Vereadores da Bahia.

Foto: Reprodução Google Maps Ampliar
Medeiros Neto fica no sul da Bahia, a 869 quilômetros de Salvador
“Nunca ofereci um baseado a nenhum eleitor, nunca levantei a bandeira do uso da maconha pra fazer política, para fazer campanha. Fumo meu baseado porque gosto de me sentir bem e, na realidade, eu fumo um de manhã, meio-dia e à tardezinha, nos horários que quem fuma maconha gosta de usar, a verdade é essa”, disse o vereador.
O político confirmou que compra a droga de traficantes. ”A gente, na verdade, não tem dificuldade para ter posse dela, a realidade é essa. Devia poder comprar em cafés, de forma regulamentada, e que o governo tivesse controle disso. Com certeza meu dinheiro está indo parar em mãos que gostaria que não fosse parar.”
O tema da descriminalização do uso de drogas tem sido objeto de discussão recente em decorrência do episódio da repressão policial à “Marcha da Maconha”, em São Paulo, e por ocasião da estréia do documentário “Quebrando o Tabu”, de Fernando Grostein Andrade, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) defende a descriminalização.
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