sábado, 4 de junho de 2011

Vereador baiano assume fumar maconha e defende legalização

Opinião Enteogênico:

É fundamental que autoridades políticas, acadêmicas, e outras, possam falar de seu uso de cannabis, entretanto, sabemos que é um risco, caso não existe um bom "escudo" no qual se amparar. Mais fundamental até do que falar do seu uso, ato privado e que só lhe diz respeito, é a defesa de outro modelo de organização para lidar com as substâncias psicoativas, seus usos, seu comércio e sua produção. É louvável que o vereador possa tocar no tema. Infelizmente, na sociedade em que vivemos, falar do uso pessoal, por vezes, ainda implica uma "desvalorização", esta completamente relacionada ao preconceito e ao estigma.

O que deve ser avalido, neste caso, não é o uso ou não de uma substância, mas o discurso e o trabalho da pessoa que fala. Na fala do dito vereador, é positiva, por mobilizar o debate para a regulamentação da cannabis, que vem tomando frente em todo Brasil.



Thiago Guimarães, iG Bahia

Um vereador do município baiano de Medeiros Neto (869 km de Salvador) assumiu ser usuário de maconha e defendeu a legalização da droga. Cristiano Alves da Silva (PMN) está no terceiro mandato como vereador de Medeiros Neto, cidade de 21 mil habitantes no extremo sul da Bahia.
O vereador revelou o hábito durante uma sessão da Câmara de Vereadores da cidade. “Tenho 37 anos e fumo há mais de 20”, disse, segundo relato de um jornal local. “Estou aqui para defender que o usuário não é criminoso e que o Estado poderia estar ganhando ao legalizar a maconha, que é muito menos prejudicial que outras drogas, inclusive o cigarro”, afirmou durante a sessão.
O delegado da cidade, Kléber Guimarães, afirmou à imprensa local que vai investigar a sessão da Câmara para verificar se houve apologia ao uso de drogas por parte do vereador.
Em entrevista a uma rádio de Salvador nesta sexta-feira (3), Silva reafirmou o hábito, mas negou que faça apologia à droga. O vereador, conhecido na cidade como “Pintão”, já presidiu o Legislativo municipal e é primeiro secretário da União de Vereadores da Bahia.

Foto: Reprodução Google Maps Ampliar
Medeiros Neto fica no sul da Bahia, a 869 quilômetros de Salvador
“Nunca ofereci um baseado a nenhum eleitor, nunca levantei a bandeira do uso da maconha pra fazer política, para fazer campanha. Fumo meu baseado porque gosto de me sentir bem e, na realidade, eu fumo um de manhã, meio-dia e à tardezinha, nos horários que quem fuma maconha gosta de usar, a verdade é essa”, disse o vereador.
O político confirmou que compra a droga de traficantes. ”A gente, na verdade, não tem dificuldade para ter posse dela, a realidade é essa. Devia poder comprar em cafés, de forma regulamentada, e que o governo tivesse controle disso. Com certeza meu dinheiro está indo parar em mãos que gostaria que não fosse parar.”
O tema da descriminalização do uso de drogas tem sido objeto de discussão recente em decorrência do episódio da repressão policial à “Marcha da Maconha”, em São Paulo, e por ocasião da estréia do documentário “Quebrando o Tabu”, de Fernando Grostein Andrade, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) defende a descriminalização.

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