Fonte: Tribuna do Norte
Diferentemente do que ocorreu em outras capitais brasileiras, como São Paulo, por exemplo, a Marcha da Maconha de Natal saiu. E saiu escoltada pela Polícia Militar. Para viabilizá-la, os organizadores tiveram de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que entre várias ações, proibia o consumo e a venda de qualquer tipo de substância ilícita.
O advogado da marcha, Pedro Siqueira, comemorou a decisão e explicou que o objeto da TAC também era controlar possíveis abusos dos dois lados: manifestantes e Polícia. “Ao liberar a marcha, eles reconheceram
um direito que é legítimo, que é o de contestar a legislação atual”, afirmou Pedro.
Um dos membros do Coletivo Marcha da Maconha Brasil, grupo que mantém o site www.marchadamaconha.org.br e apóia as manifestações realizadas em todo o País, porém, não aprovou as medidas, e chegou a postar um texto no fórum do site no último dia 21, classificando as normas impostas como ‘cerceadoras do movimento’.
"Na reunião que durou em torno de 2h30min, foram colocados inúmeros termos como condição para realização da marcha da maconha em Natal. A maioria deles, ao nosso ver, cercearam muito a organização do movimento como, por exemplo, a determinação para a marcha terminar às 17h, com tolerância de 30min., lista para cadastro dos organizadores, lista de quem estará permitido a falar no microfone, nome e cadastro dos músicos que irão tocar na marcha, camisas com a sinalização de organização do evento. Vemos que isso é uma permissão tímida para ocorrer a manifestação”, postou o manifestante.
Apesar disso, Isabela Bentes, uma das organizadoras da marcha, afirmou que a organização conseguiu “entrar em comum acordo com a Polícia” e garantir a realização da marcha, sem necessidade de alterar o nome, como foi imposto em outras capitais. “Muitas capitais tiveram suas marchas proibidas. Isso mostra que estamos muito atrasados em relação e que antes de lutar pela legalização da maconha, é preciso lutar pela legalização do debate”, lamentou Isabela.
Com tempo de duração controlado pelo TAC, a marcha partiu da rua Erivan França, na Praia de Ponta Negra, e seguiu até o Praia Shopping. Cerca de mil pessoas participaram da manifestação. Esta é a segunda vez que a marcha ocorre em Natal, e a primeira vez em que ocorre fora dos muros da universidade, quando reuniu mais de 500 manifestantes.
Muitos aproveitaram a oportunidade para divulgar as vantagens da legalização da maconha. Para o professor e mestre em História, Enoque Vieira, defensor da legalização da maconha, “está mais do que
comprovado que o grande problema do Brasil não é a maconha”. Ele ressaltou o poder destruidor de drogas mais fortes como crack e o oxi e afirmou que a maconha ainda é vista com muito preconceito pela sociedade. “Ainda há muito preconceito em torno do nome”, afirma. Adepto da erva, Enoque defende o plantio de mudas nos quintais das casas, o que é proibido no Brasil.
A marcha reuniu manifestantes de todas as classes sociais e profissões, desde estudantes a cientistas renomados, como o neurocientista Sidarta Ribeiro.
Post
No post, o manifestante relembra que não seria permitido o consumo e a venda de qualquer substância ilícita na marcha, orientação que foi repetida diversas vezes durante a manifestação. “A manifestação é em prol de tornar legal algo que ainda é proibido. Portanto, esclarecemos que toda e qualquer conduta criminosa que ocorra durante a marcha da maconha será tomadas as medidas cabíveis em caso de flagrante. Cada indivíduo responde por si só, não cabendo ao advogado ou a qualquer um que seja identificado como organizador da marcha da maconha ter responsabilidade sobre o outro”.
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